Guia de Usados: Chevrolet Sonic
Esquecido pelo mercado, o hatch coreano é barato e bem equipado
O Sonic é um raro caso de bom automóvel que foi abandonado pelo fabricante e esquecido pelo mercado: ele chegou em 2012 com pouca divulgação, para encerrar a carreira do Agile e bater de frente com Honda Fit e Ford New Fiesta.
Importado da Coreia do Sul (e posteriormente do México), ele não se beneficiou da isenção do imposto de importação, o que acabou afetando seu custo-benefício.
O estilo controverso é típico dos coreanos, mas ele bebe na mesma fonte do Cruze, ou seja, reúne atributos técnicos que o tornam confiável e fácil de manter.
Derivado da mesma plataforma Gamma II do Cobalt, ele é impulsionado pelo moderno Ecotec 1.6 16V flex de 120/116 cv, com variação nos comandos de válvulas e no coletor de admissão. Seu ronco encorpado e respostas rápidas não contribuem para o consumo, mas instigam uma tocada esportiva.
Sua dirigibilidade é favorecida pelo acerto equilibrado da suspensão, que transmite segurança sem comprometer o conforto. A direção leve e precisa tem assistência hidráulica (menos eficiente que a elétrica) e por trás dela figura um painel inspirado em motos, com conta-giros analógico e demais instrumentos digitais.
Espaçoso e bem-acabado, o Sonic deixa a desejar no porta-malas: seus 265 litros são apenas suficientes. Outra deficiência é a ausência de encosto de cabeça e cinto de três pontos para o terceiro passageiro no banco de trás nos primeiros modelos importados.
Ele se destacou por oferecer airbag duplo e ABS desde a versão de entrada LT, que trazia também ar, direção, trio elétrico e rodas de liga aro 15.
A LTZ adicionava sensor de ré, faróis de neblina, comando do som no volante, aro 16 e bancos de couro. O câmbio automático sequencial de seis marchas foi oferecido como opcional.
No comparativo com seu principal rival, o Ford Fiesta, ele oferecia mais equipamentos, mas ficou para trás em consumo e dirigibilidade.
Como o Cruze, o Sonic é um carro bem resolvido, sem problemas crônicos. A desconfiança do mercado fez com que os preços do usado despencassem, fazendo dele uma excelente opção para quem procura um hatch premium pelo valor de um popular zero-quilômetro.
A VOZ DO DONO
Nome: João Pedro Py
Idade: 35 anos
Profissão: gerente de operações
Cidade: São Paulo (SP)
O QUE EU ADORO – “Pequeno por fora e grande por dentro, com visual agressivo e ótimo acabamento. O conforto é garantido pelo farto nível de itens de série, equipamentos e pela boa dirigibilidade do motor Ecotec.”
O QUE EU ODEIO – “A frente baixa raspa em qualquer desnível e o ar-condicionado não é digital. O consumo urbano é elevado (eu faço 6 km/l na gasolina e menos de 5 km/l com etanol) e o câmbio automático não é dos melhores.”
ONDE O BICHO PEGA
Câmbio – Robusta e confiável, a transmissão automática de seis marchas não está livre de problemas envolvendo o correto engate das marchas após a seleção na alavanca. O reparo não sai por menos de R$ 5.000.
Ar-condicionado – O problema mais comum envolve falha no sensor de temperatura do ar externo, que deve ser substituído. Compressor e condensador também estão sujeitos a falhas, provocadas por acúmulo de detritos ou danos causados por pedras.
Suspensão – É bom verificar o estado dos batentes dos amortecedores: a calibragem firme causa batidas secas em buracos maiores, podendo causar vazamento dos amortecedores.
Sonda Lambda – Oscilação na marcha lenta e ruídos anormais no escapamento são sintomas de que a sonda original foi trocada por uma mais simples. Em alguns casos, o gerenciamento da injeção eletrônica pode até impedir o funcionamento do motor.
Recall – Uma falha no anel de vedação da bomba de combustível pode provocar vazamento de combustível e princípio de incêndio, em casos extremos. O problema afetou os modelos fabricados entre janeiro de 2012 a março de 2014.
NÓS DISSEMOS…
Maio de 2013 – “O painel de instrumentos é pequeno, mas completo. (…) No acabamento, o Sonic é superior ao HB20. Seu painel tem boa aparência, é agradável ao toque e conta com apliques metálicos no console. Os bancos são de couro. E, entre os equipamentos, o Sonic traz câmbio automático de seis marchas.”
2012 | 2013 | 2014 | |
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LT 1.6 16V manual | R$ 30.816 | R$ 32.395 | R$ 33.731 |
LT 1.6 16V automático | – | R$ 33.882 | R$ 35.108 |
LTZ 1.6 16V manual | R$ 31.707 | R$ 33.894 | – |
LTZ 1.6 16V automático | R$ 32.632 | R$ 35.647 | R$ 37.007 |
Original | Paralelo | |
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Para-choque (dianteiro) | R$ 1.974 | R$ 2.800 |
Farol (cada um) | R$ 1.381 | R$ 650 |
Retrovisor (cada um) | R$ 960 | R$ 330 |
Discos de freio (par) | R$ 630 | R$ 260 |
Pastilhas de freio (jogo) | R$ 330 | R$ 300 |
Kit de embreagem | R$ 1.604 | R$ 650 |
Amortecedores (os quatro) | R$ 4.346 | R$ 1.100 |
PENSE TAMBÉM EM UM…
Honda Fit – Sua versatilidade e praticidade conquistam quem busca um hatch: apesar de medidas similares, oferece maior espaço interno e porta-malas de 363 litros, quase 100 a mais que o Sonic. É mais caro, traz menos itens de série e não oferece o mesmo prazer de dirigir, mas compensa pela maior confiabilidade.