Teste: Audi RS e-tron GT tem alta carga de esportividade e personalidade
Mais rápido e potente do que o R8, o superesportivo elétrico nasceu para as pistas sem deixar luxo, tecnologia e personalidade de lado
Chegamos à era em que o superesportivo mais potente e rápido da Audi não é um R8 e tampouco é movido por grandes motores V8 ou V10, mas sim por um conjunto totalmente elétrico. Esse é o RS e-tron GT, modelo mais poderoso já produzido pela marca e que chega ao Brasil para disputar espaço com o também enérgico Porsche Taycan.
Apesar do posto, ele não é o mais caro da linha por aqui e sai por R$ 999.999 – mais de meio milhão de reais a menos do que um R8.
Assine Quatro Rodas a partir de R$ 12,90
O RS e-tron GT é o tipo de carro que todos os antielétricos deveriam ter a oportunidade de guiar em uma pista, isso porque o desempenho e a dirigibilidade do modelo despertam emoções que nos fazem esquecer do silêncio a bordo (quebrado apenas pelo barulho dos pneus e de um interessante ruído virtual).
Suas acelerações são vertiginosas e fazem os ocupantes grudarem no banco e arregalarem os olhos, especialmente pela entrega instantânea dos 84,6 kgfm de torque vindos dos dois motores, um para cada eixo. Junto dos 646 cv máximos com overboost, ele foi de 0 a 100 km/h em 3,3 segundos em nossos testes.
O tempo é maior do que os 2,9 segundos do Taycan Turbo S, que é mais potente, mas menor do que os 3,5 do R8, que leva um motor V10 5.2 de 610 cv. As rápidas retomadas de velocidade também refletem a “pancada” de se ter todo o torque despejado de uma só vez: ele leva apenas 1,3 segundo para ir de 40 a 80 km/h e 1,7 para passar dos 60 aos 100 km/h. Nesse quesito há um empate técnico com o Taycan.
Na pista, seu habitat natural, o superesportivo elétrico mostra uma dinâmica ainda mais afiada frente aos “irmãos” a combustão.
A direção é precisa, a suspensão a ar e adaptativa tem ajuste bastante firme (que pode incomodar nas ruas pela rigidez e altura em relação ao solo), o centro de gravidade é baixo pela acomodação das baterias no assoalho, o coeficiente aerodinâmico (0,24) é o melhor entre todos os esportivos da Audi, e o eixo traseiro dinâmico esterça em até 2,8 graus de acordo com a velocidade.
A tração integral tem funcionamento elétrico, prometendo ser até cinco vezes mais rápida, e foca em eficiência na tração dianteira. Tudo isso permite que o RS e-tron GT seja extremamente divertido, contornando as curvas com precisão e retomando as acelerações sem dar sinal algum de uma possível escapada.
Para boas acelerações também são necessários bons freios. Nesse caso, a disco com uma camada de carboneto de tungstênio, que promete melhor desempenho, durabilidade até 30% maior e nada de sujeira nas rodas de 21 polegadas. Tanto equilíbrio mecânico e tecnológico faz com que ele divirta sem assustar, mesmo sendo levado ao limite.
A bateria de 93,4 kWh do RS e-tron GT tem 396 células divididas em 33 módulos, pesa 630 kg e tem garantia de oito anos. Para uma recarga completa, segundo a Audi, são 8h30min em carregador CA de até 11 kW. Em CC, de até 270 kW, são cerca de 23 minutos para chegar aos 80%. A autonomia declarada é de 472 km.
Porém, além da esportividade, o modelo ainda faz muito bonito com altas cargas de tecnologia, luxo e exclusividade. A lista de itens de série do RS e-tron GT inclui faróis de LEDs matriciais com laser, sistema de som Bang&Olufsen 3D, piloto automático adaptativo, sistema de estacionamento semiautônomo, ar-condicionado de três zonas, bancos dianteiros com aquecimento e ventilação e quadro de instrumentos digital. São seis pacotes opcionais, que vão de itens visuais de fibra de carbono (R$ 77.000) ao sistema de visão noturna (R$ 21.000).
O teto padrão é panorâmico de vidro, mas também opcionalmente é possível ter um teto de carbono – mais rígido e leve. Para garantir que cada cliente possa ter um carro único, a Audi oferece mais de 1,4 milhão de combinações com possíveis variações entre cores da carroceria, da grade, dos retrovisores e das pinças de freios, modelos de rodas e acabamentos internos.
Por falar no interior do elétrico, tudo é impecável. Por onde se olha e se toca há materiais de excelente qualidade, com bons encaixes e texturas refinadas. Bancos, volante e portas podem ter revestimento de couro ou Alcantara, com costuras contrastantes.
Os bancos têm formato esportivo, com grandes abas de sustentação lateral e o volante oferece ótima empunhadura. Para deixar o habitáculo ainda mais atraente, um sistema de iluminação ambiente com filetes de LEDs oferecem até 30 opções diferentes de cores.
Quem vai atrás talvez sinta um pouco de claustrofobia, já que o banco traseiro é bem baixo para compensar a altura do teto e não deixar que a cabeça dos ocupantes fique raspando.
Além disso, o espaço para as pernas é apenas suficiente e só dois ocupantes terão conforto, já que há um túnel central e alto, o console com saídas de ar-condicionado é bem pronunciado e assento e encosto centrais são praticamente um convite para que ninguém se sente ali.
Para levar as bagagens, o Audi RS e-tron GT possui dois porta-malas: um dianteiro, com 85 litros, e um traseiro, com 350 litros de capacidade. São bons espaços para um carro que dificilmente será usado em longas viagens em solo brasileiro.
Se na condução e nos atributos técnicos e tecnológicos o RS já mostra a que veio, no desenho da carroceria ele deixa sua personalidade ainda mais evidente, principalmente porque foge das estranhezas e ousadias visuais ainda comuns aos carros elétricos.
A dianteira é baixa e marcada pelo aplique central que simula a grade e pelas aberturas laterais, que enviam ar para o resfriamento dos freios. Na traseira quem rouba a cena são as lanternas, que vão de um lado a outro e têm as extremidades mais volumosas. A iluminação de led é um show à parte, com uma “dança” de luzes quando é acesa ou apagada. Mesmo com tanta originalidade, no entanto, o RS e-tron GT não nega que é um legítimo Audi.
Veredicto
Além de provar que não é apenas “o Taycan da Audi”, o RS e-tron GT mostra até onde os elétricos podem chegar.
Ficha Técnica – Audi RS e-tron GT
Motor: dois (diant. e tras.) elétrico síncrono permanente, 646 cv (com overboost), 84,6 kgfm
Baterias: íons de lítio, 270 kW, 93 kWh, recarga de 8h30 horas (CA) e 29 minutos (CC)
Câmbio: automatizado, 2 marchas (no motor traseiro), 4×4
Direção: elétrica
Suspensão: duplo A (diant.), múltiplos braços (tras.)
Freios: disco ventilado com revestimento de carboneto de tungstênio
Pneus: 265/35 R21 (diant.), 305/30 R21 (tras.)
Dimensões: compr., 498,9 cm; larg., 215,8 cm; alt., 141,3 cm; entre-eixos, 289,8 cm; porta-malas, 85 l (diant.), 350 l (tras.)
Teste Audi RS E-Tron GT
Aceleração
0 a 100 km/h: 3,3 s
0 a 1.000 m: 20,5 – 249,6 km/h
Velocidade máxima: 250 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 1,3 s
D 60 a 100 km/h: 1,7 s
D 80 a 120 km/h: 2,1 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13/22,8/51,9 m
Consumo
Urbano: 4,3 km/kWh
Rodoviário: 4,1 km/kWh
Ruído interno
Neutro/rpm máx.: 41,9/-dBA
80/120 km/h: 61,9/65/9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: –
Volante: 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 999.990
Garantia: 4 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 36 °C; umid. relat., 28%; press., 1.013 kPa