Seres 5 elétrico é bom, mas ainda tem muito a aprender com BYD e GWM

O sucesso das chinesas BYD e GWM no Brasil tem incentivado a chegada de mais marcas asiáticas. Entre elas está a Seres (cuja pronúncia é “Séres”), que ensaia sua estreia no mercado brasileiro desde 2021, quando passou a apresentar o SF5 – na época, mesmo sem vendas oficiais, foi testado por QUATRO RODAS.

Em meados de 2023, a marca lançou seus modelos comerciais e, no final do mesmo ano, iniciou as vendas dos SUVs 3 e 5. Aqui, apresentaremos o Seres 5 BEV, SUV elétrico intermediário em sua versão de entrada, com bateria de 80 kWh, custa R$ 394.990. A mais cara, de R$ 419.990, tem bateria maior, de 90 kWh.

O 5 BEV é basicamente a versão elétrica do SF5, que também chega oficialmente ao Brasil, agora chamado de 5 EVR e ainda sem preço revelado. A diferença é que no EVR há um motor a combustão que trabalha como gerador para os motores elétricos. O 5 BEV é totalmente elétrico.

Em ambas as versões do BEV, são dois motores elétricos, instalados um em cada eixo, caracterizando tração integral. Eles somam impressionantes 585 cv de potência e 95,9 kgfm de torque, mais do que suficientes para acelerações rápidas (com direito às típicas pancadas dos elétricos mais potentes), seja a partir da inércia ou em retomadas – para ir de 40 a 80 km/h, ele leva menos de 2 segundos, de acordo com nossas medições.

Também em nossos testes, o SUV de 2.390 kg levou 4,8 s para ir de 0 a 100 km/h. Foi mais rápido que o Chevrolet Camaro V8, por exemplo, que faz a mesma prova em 5,3 s.

A pretensão esportiva do elétrico, porém, não vai além das acelerações e dos pneus Pirelli P Zero. Nas saídas, o 5 BEV destraciona sem cerimônias. A suspensão também tem muito a evoluir, já que mantém o ajuste original chinês, voltado ao conforto, e tido como muito macio para o gosto brasileiro. É boa para absorver impactos e imperfeições do solo, mas faz o carro balançar muito.

Além disso, não combina com o desempenho do SUV, acaba por transmitir certa instabilidade, e acelerações mais fortes requerem maior cuidado com curvas ou mudanças de relevo. A direção tem
o mesmo foco em conforto.

Outro ponto que necessita de ajuste fino é o pedal do freio, que poderia ser mais sensível. Ele é borrachudo e a frenagem só aparece, de fato, no fundo do pedal. Isso demanda aprendizado por
parte do motorista, que, até lá, pode levar alguns sustos.

O 5 BEV mais barato tem uma bateria de 80 kWh, tamanho mediano para o mercado, mas pequena para um carro tão potente. Nos nossos testes, a autonomia média foi de 412 km. Outro entrave é a capacidade de recarga, já que o modelo só aceita até 11 kW em cargas lentas e, nas rápidas, até 70 kW. São números baixos. No mercado já existem modelos com baterias menores e capacidades maiores. Isso influencia diretamente nos tempos de recarga do 5 BEV.

Além da potência, outro ponto alto do Seres 5 é o acabamento e o pacote de equipamentos. Sobre o primeiro, há materiais de boa qualidade, plásticos emborrachados, imitações de couro e madeira, e boa montagem.

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Sobre o segundo, a lista vai de assistentes de condução, como piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, alerta de tráfego cruzado traseiro, monitoramento de pontos cegos e frenagem automática de emergência a itens como câmeras 360° com visualização 3D, câmera de bordo para filmar ou fotografar o tráfego, dois carregadores de celulares por indução com ventilação, faróis full-led com facho alto automático e porta-malas com abertura e fechamento elétricos.

Os bancos dianteiros têm ajustes elétricos, além de massagem e ventilação. O aquecimento está disponível para os dianteiros, além dos traseiros laterais – o central fica sem.

A multimídia tem uma tela de exageradas 15,6”, Android Auto via cabo e Apple CarPlay com ou sem cabo. Sem cabo, porém, a conexão mostrou-se bastante instável. Ainda na central multimídia, o nível de tradução precisa de melhorias, já que usa termos errados ou estranhos.

O quadro de instrumentos é digital, mas simples demais na apresentação de dados. Já as saídas de ar não têm comandos físicos: o direcionamento é feito pela multimídia. Legal para mostrar para o amigo, mas nada prático para o dia a dia.

O que rouba a atenção no interior do modelo é o imenso teto panorâmico, que dá ótimas amplitude e iluminação para a cabine, mas, por ser grande demais, não tem cortina para bloquear sol e calor. Sem tecnologias como Porsche e BMW, que deixam o vidro opaco, a saída da Seres foi criar uma cortina móvel, que se coloca e tira manualmente. O tecido é dobrado e guardado em uma capa própria, quando não estiver em uso.

O espaço traseiro do Seres 5 pode decepcionar quem notar seus grandes 2,88 metros de entre-eixos. Para as pernas, o espaço é apenas suficiente. O ponto positivo é que um terceiro ocupante pode viajar sem ser incomodado por um túnel central, inexistente no modelo. Há também saídas de ar traseiras e duas portas USB.

No porta-malas, a mesma decepção: são apenas 367 litros, próximo de um BYD Dolphin Plus, modelo bem menor. Para compensar, o porta-malas dianteiro tem mais 67 litros para pequenos usos, mas não é tão prático.

Ficha Técnica – Seres 5 BEV 80 kWh

Motor: elétrico (dois), 585 cv, 95,9 kgfm
Bateria: íon-lítio; 80 kWh; autonomia, 412 km (medição QUATRO RODAS)
Recarga: capacidade, até 70 kW; 20 a 90% em 36 minutos, a 70 kW; 20 a 90% em 7 horas, a 11 kW
Câmbio: automático, 1 marcha + ré; tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: discos ventilados
Pneus: 255/45 R20
Dimensões: comprimento, 471 cm; largura, 193 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 287,5 cm; peso, 2.390 kg; porta-malas, 367 litros

Teste Quatro Rodas – Seres 5 BEV 80 kWh

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