MG Cyberster é roadster elétrico de 510 cv que a Tesla não conseguiu fazer e imita V8
Conversível é mais rápido que esportivos tradicionais, mas inveja o ronco dos motores que eles ainda têm e já está esgotado
Se existe um carro atual da MG fiel aos preceitos da marca inglesa (desde 2007 sob o guarda-chuva da chinesa SAIC), ele é o MG Cyberster. Mas só por ser um roadster com teto de lona retrátil. O simples fato de dois adultos encontrarem espaço suficiente para se acomodarem na cabine mesmo com o teto fechado já o distancia de modelos clássicos, como os MG TD e MG A de 70 anos atrás.
Custando R$ 499.800, o Cyberster também passa longe de ser um esportivo barato (proposta de seus antepassados) para os dias atuais. Mesmo assim, as 50 unidades importadas no primeiro lote foram vendidas em duas semanas.
O Cyberster é tão potente quanto um bom carro V8, mas seus 510 cv nascem em dois motores elétricos, um para cada eixo. O aproveitamento dessa potência é impressionante: precisou de meros 3,5 s para chegar aos 100 km/h em nosso teste, quando um BMW M3 com a mesma potência (e, claro, uma carroceria maior) precisou de 3,9 s para cumprir o mesmo ensaio, sendo 270 kg mais leve – o roadster da MG, apesar de esbelto, pesa 2 toneladas (outra característica que Colin Chapman e cia. reprovariam).
O ronco envolvente e as trocas de marcha de um esportivo a combustão no mesmo patamar de potência fazem muita falta, mas o sistema de som Bose conseguiu me distrair por um tempo. O Cyberster pode forjar o ruído de um carro elétrico, mas também pode emular o ronco de um motor a combustão – um rugido grave, que faz as pernas tremerem.
Junte a isso uma resposta de acelerador que parece ter sido calibrada para imitar, de certa forma, o acoplamento de um câmbio de dupla embreagem. As sensações são, no mínimo, familiares àquelas de carros a combustão.
Poderia ser ainda melhor se os 510 cv e 73,9 kgfm máximos fossem despejados apenas nas rodas traseiras. Mas tudo bem: até dá para forçar umas escapadas porque o motor mais potente é o traseiro, mas em compensação o dianteiro ajuda a equilibrar a tocada e ainda contribui para aumentar a velocidade nas saídas de curva.
Como em todo carro elétrico, a bateria montada no assoalho (que não é pequena, tem 77 kWh de capacidade) contribui para abaixar o centro de gravidade do Cyberster. Seu grande feito, porém, é ter o peso total distribuído por igual entre os eixos, como nos melhores roadsters da história. Aí, sim.
O roadster da MG flerta com uma dinâmica esportiva, com a direção rápida (que poderia ser mais comunicativa, porém) e pouca movimentação lateral – mas mais próxima do conforto dos Grand Tourers, conversíveis maiores pensados para longas viagens – com os cabelos ao vento.
Sinceramente? É melhor viajar com a capota de lona fechada. Acima dos 80 km/h, os vãos que se formam nas laterais do compartimento onde o teto se esconde provocam muito barulho com o vento, principalmente para os ouvidos dos passageiros. Não há defletor que evite isso e abrir ou fechar os vidros não muda a situação. É uma pena, porque os engenheiros da MG conseguiram um jeito de guardar o teto sem invadir o porta-malas de 249 litros, que tem seu espaço isolado. Não é grande, mas não é ruim.
O melhor que a MG fez para honrar seu histórico com roadsters foi garantir que o desenho do Cyberster fosse criado no Reino Unido. Se tivesse nascido sob a escola do design automotivo chinês, não seria tão expressivo. A dianteira é pontuda e moldada pelas tomadas de ar, enquanto a traseira tem barra de led iluminada de lado a lado, além de setas estilizadas: as pontas acendem em laranja quando o motorista aciona a seta. Previsível…
Particularmente, fui conquistado pelo vinco lateral descendente que surge sob os retrovisores e segue na direção da roda traseira. Um acabamento de plástico preto na parte superior das portas e que envolve a traseira reforça esse vinco, que remete ao rebaixo das portas de roadsters históricos. O Jaguar E-Type tinha esse vinco, o MG A e o Triumph Midget, todos ingleses, também exibiam essa marca no design.
A ousadia moderna fica para as portas tesoura com abertura elétrica. Não são rápidas, mas funcionam e até têm radares para evitar colisões com colunas ou outros carros. Só é necessário aprender a operá-las por meio dos comandos no console central, uma posição incomum. Mas pense que também é possível abrir as portas remotamente por meio da chave, para chocar os desavisados.
Nós, que já enjoamos do interior tradicional dos carros chineses (se é que se pode falar em tradição, em relação a essa jovem indústria), respiramos aliviados ao encontrar algo diferente de telas penduradas em um painel genérico.
O MG Cyberster envolve o motorista com um cockpit que mais parece um centro de operações. Há três telas à frente do motorista: o quadro de instrumentos é maior e vai no meio, enquanto a tela à esquerda exibe navegador, Android Auto ou Apple CarPlay. A tela da direita fica à disposição para mostrar condições de carga ou controles de entretenimento do carro.
No console central, ao lado dos botões de marcha, há uma tela para operar o ar-condicionado e assistentes de condução. Certas funções, como controle de largada e modos de condução, têm botões individuais no volante. Pode parecer confuso, mas há uma lógica de funcionamento e a interface pareceu mais rápida que a usada nos MG4 e MGS5.
Na falta de espaço para ter porta-objetos no console, criaram um compartimento fechado na base das portas, onde é possível esconder um smartphone, por exemplo.
Goste ou não, o MG Cyberster é um carro único. A Porsche ainda não lançou o sucessor elétrico do 718 Boxster, o Tesla Roadster está atrasado há cinco anos e o Maserati GranTurismo Folgore configura outro patamar: é ainda maior, tem três motores e 761 cv. Conversível do futuro, entrega a experiência de se dirigir ouvindo o vento, mas sem o som do motor.
Veredicto Quatro Rodas
O MG Cyberster é um cartão de visitas para as lojas da marca chinesa. Mas, em vez de ter vindo a passeio, ele está disponível para quem quiser comprar.
Ficha Técnica – MG Cyberster
Motor: elétrico diant., 204 cv a 7.000 rpm, 25,5 kgfm entre 1.000 e 5.000 rpm; elétrico traseiro 340 cv a 6.000 rpm e 48,4 kgfm entre 1.000 e 3.000 rpm; total de 510 cv e 73,9 kgfm
Bateria: NCM, 77 kWh, recarga de 38 min (10 a 80% a 150 kW)
Recarga: 10 a 80% em 38 min, a 150 kW, potência de recarga máxima 150 kW
Câmbio: 1 marcha, tração integral
Suspensão: multibraço (dianteiro), multibraço (traseiro)
Freios: disco vent. (dianteiro), disco vent. (traseiro)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: aro 21, 275/35 R21
Dimensões: comprimento 4,535 m; largura 1,91 m; altura 1,33 m; entre-eixos 2,69 m; peso 1.329 kg; porta-malas 249 l
Teste Quatro Rodas
Aceleração
- 0 a 100 km/h: 3,5 s
- 0 a 1.000 m: 22,21 s / 215 km/h
- Velocidade máxima: 223 km/h
Retomadas
- 40 a 80 km/h: 1,4 s
- 60 a 100 km/h: 1,7 s
- 80 a 120 km/h: 2,2 s
Frenagens
- 60 km/h a 0: 12,9 m
- 80 km/h a 0: 22,8 m
- 120 km/h a 0: 51,4 m
Consumo
- Urbano: 6,1 km/kWh
- Rodoviário: 5,4 km/kWh
Ruído interno
- Neutro / RPM máx.: L.O./– dBA
- 80 km/h: 66,6 dBA
- 120 km/h: 72,4 dBA
Velocidade real a 100 km/h: 100 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: não aplicável
Volante: 2,5 voltas



























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