Vendas para frotas escondem os carros que fazem sucesso nas lojas
Os números são soberanos, mas nem sempre o carro mais vendido é o que faz maior sucesso entre os compradores comuns
Os números de vendas de veículos divulgados pela Fenabrave (associação dos concessionários) são inquestionáveis. Porém, eles não refletem necessariamente a preferência do consumidor, já que mesclam os resultados de vendas diretas (feitas diretamente pelas montadoras) e as de varejo (feitas por lojistas). Assim, é preciso separar os números para entender o mercado de cada modelo.
O primeiro exemplo vem do topo do ranking, o Volkswagen Polo, que tem disputado mês a mês a liderança com a Fiat Strada. De janeiro a março, o hatch ocupava o posto de carro mais vendido do Brasil, com 27.263 unidades – contra 26.580 da picape. Porém, quase 70% dos Polo foram para vendas diretas, ou seja, compradas por empresas diversas, locadoras ou para PcD (pessoas com deficiência) – as montadoras não revelam os destinos.
Neste caso, a indicação dessa participação é dada pela comercialização do Polo Track, a versão de entrada que tem 65,8% das vendas com foco em frotas por sua simplicidade. O mesmo vale para a Strada, com 62,5% das vendas sem intermediários. É mais compreensível para uma picape. Nada disso tira o brilho deles, já que frotistas preferem modelos robustos e confiáveis.
Entre os SUVs, há vendas mais equilibradas, como é o caso do Nissan Kicks, com 6.024 emplacamentos por venda direta e 6.991 pelo varejo. Aqui, assim como para T-Cross e Nivus, as vendas diretas têm como maior volume o público PcD, que recebe isenções e/ou descontos de impostos.
Porém, esses modelos também fazem sucesso entre os consumidores comuns. Por outro lado, há quem venda mais no varejo, como os SUVs médios, entre eles o Compass e o Corolla Cross: 66,9% e 77,4%, respectivamente, foram comprados de forma convencional.
Até março, as vendas de varejo detinham 55,7% do mercado. Isso muda entre automóveis (60,5%) e comerciais leves (38,6%).