Rodízio de pneus: a polêmica que parece não ter fim
Com o avanço da tecnologia, trocar os pneus de lugar para manter o desgaste por igual ainda é necessário? A única certeza é de que não há um consenso
Num universo com tanta variedade de pneus, é preciso se informar sobre a melhor estratégia para fazer o rodízio no seu carro. E a primeira decisão que o motorista deve tomar é sobre o estepe. Envolvê-lo ou não?
Veículos com pneus run flat ou com estepe de tamanho menor, cada vez mais comuns, já evitam esse dilema. Mas há vários outros sem consenso.
Para os técnicos mais puristas, caso de Gustavo Loeffler, da Yokohama, estepe foi feito para ser só estepe. “Ele fica em ambiente quente e fechado, como o porta-malas, ou sob o carro, perto do escapamento, sujeito a altas temperaturas. Nunca será um pneu em condições ideais. Por isso, não deve entrar no rodízio.”
Outros fabricantes não veem problema em incluí-lo no rodízio, sempre entrando pelo eixo dianteiro, de preferência do lado direito. Para eles, é uma garantia que o estepe não acabe estragando por falta de uso.
Como deve ser feito?
Aqui entra outra polêmica entre as marcas. O único consenso é que para pneus unidirecionais (antigos e cada vez mais raros), o rodízio deve ser em paralelo, ou seja, trocando o eixo (dianteiro pelo traseiro), mas nunca o lado.
Já para os pneus assimétricos (não importa se comuns, verdes, de uso misto ou run flat), há quem diga que deva ser sempre em paralelo (Pirelli), ou quem defenda sempre a troca em X (Goodyear), e ainda quem opte por uma solução mista, trocando de lado apenas os pneus do eixo sem tração (Bridgestone).
Nos veículos 4×4, também há divisão de opiniões, mas a maioria recomenda a troca em X. “É interessante para garantir o desgaste uniforme de todos os pneus”, explica Rafael Astolfi, da Continental.
Na dúvida, siga a recomendação da montadora no manual do proprietário. Nossa pesquisa indicou que apenas Renault e BMW não sugerem o rodízio. As outras dividem-se entre envolver ou não o estepe. Caso não haja recomendação no manual, guie-se pelo desgaste da banda de rodagem: se for mais acentuado nos pneus de um lado, é melhor fazer o cruzamento para melhorar o equilíbrio.
Nesse ponto não há polêmica entre fabricantes: se o dono optar por fazer o rodízio, deve ter disciplina para manter a regularidade das trocas nos prazos indicados. “A cada rodízio é preciso fazer alinhamento e balanceamento”, completa Fábio Magliano, da Pirelli.
E cada fabricante sugere um prazo para fazer esse serviço. A Michelin indica aos 7.000 km, mas a maioria aponta 8.000 mil km, com tolerância até 10.0000 km. Se for para incluir o estepe, a Goodyear fala em 5.000 km. Para completar o cuidado, faça a calibragem toda semana.
E se dois pneus novos entrarem na dança? Não é o ideal, segundo os fabricantes, até porque isso vai contra a ideia do rodízio geral. Mas se for essa a opção do cliente, os novos devem ir para o eixo traseiro – isso pensando na grande maioria dos carros vendidos no país, com tração dianteira.