Assine QUATRO RODAS por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Emis Art era carrinho urbano nacional com preço do Escort XR3

Na era dos fora de série, o carro urbano destacava seu dono no trânsito pela originalidade do projeto

Por Felipe Bitu
13 ago 2023, 12h00
Emis Art
Com 31,0 m, ele é 40 cm maior que o Smart, mas 79 cm menor que o Gol (Acervo/Quatro Rodas)

A proibição das importações entre 1976 e 1990 fez com que nosso mercado ficasse limitado a tudo o que era produzido pelas “quatro grandes”: Fiat, Ford, GM e Volkswagen. Foi o momento oportuno para a aparição de construtores independentes de veículos fora de série, destinados a satisfazer uma seleta parcela de consumidores de alto poder aquisitivo, ávidos por exclusividade.

O Emis Art é um dos exemplos dessa fase. É um veículo urbano de apenas dois lugares desenvolvido por Alfredo Soares Veiga e produzido por Eduardo de Miranda Santos, famoso pela qualidade de seus bugues. A originalidade do projeto rendeu uma aparição no horário nobre da TV, com o Art virando astro de novela Cambalacho, de 1986, ao lado de Edson Celulari e Débora Bloch.

Emis Art
Com carroceria de fibra, tem lanterna de Fiat Panorama, vidros laterais de Chevette e vigia de Marajó (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Baseado num chassi próprio do tipo espinha dorsal, ele reunia componentes de diferentes fabricantes em apenas 3,10 metros: para-brisa, portas e vidros laterais eram cedidos pelo Chevette e o vidro traseiro vinha da Marajó. As lanternas eram da Fiat Panorama e todo o resto era Volks: faróis e freios do Fusca, painel do Gol, volante do Passat, motor e câmbio da Brasilia e diferencial do SP2.

Continua após a publicidade

Como nos bugues, sua carroceria era construída de fibra de vidro, imune à corrosão. De linhas simples e agradáveis, era antes de tudo um veículo carismático, que fazia sucesso em qualquer lugar. Era tão bem resolvido que a fusão de peças de diversos fabricantes em nada prejudicava a harmonia do desenho: tudo parecia ter sido criado para ele.

Emis Art

Ratificando a máxima de que um carro vai muito além da somatória de suas peças, ele não decepcionou na pista: pesando só 730 kg, fazia de 0 a 100 km/h em 13,93 segundos, apenas 0,5 mais lento que o Escort XR3. O consumo era de 10,09 km/l na cidade e 13,17 na estrada, marcas excelentes para a época. Sua estabilidade era incomum para um automóvel artesanal: o comportamento era neutro, com rolagem mínima da carroceria e tendência a um leve sobresterço só em curvas de alta velocidade. Contribuía para isso a dureza da suspensão, ainda que ela não chegasse a comprometer o conforto.

Emis Art

Continua após a publicidade

Apesar de tantas virtudes, o Art tinha suas limitações: não havia porta-malas, pois o espaço sob o capô dianteiro acondicionava apenas a bateria e o estepe. A solução para levar alguma bagagem (ainda que pouca) era apelar para o espaço livre atrás dos bancos, onde ficava o motor. Porém o mais indicado era evitar viagens longas para preservar os ouvidos: mesmo utilizando a longa relação final do SP2, o nível de ruído interno do Art era muito alto, fato agravado pelo som de aspiração dos dois carburadores e pelo sistema de escapamento, o mesmo utilizado nos bugues da marca.

Emis Art

O exemplar das fotos fazia parte do acervo da loja Private Collections, de São Paulo, e pertencia ao colecionador João Carlos Sancini, que exalta suas qualidades: “O Art é perfeito para as grandes cidades, pois é leve, fácil de dirigir e cabe quase em qualquer vaga. Outro ponto positivo é sua agilidade. Um carrinho muito esperto e que acelera rápido”.

Emis Art

Apesar da proposta urbana, o Art não se popularizou devido ao alto preço. A seriedade do projeto tomava ares de brincadeira quando o comprador percebia que ele concorria com carros maiores e mais confortáveis, como Escort XR3, Monza SL/E e Passat GTS Pointer. Mantendo o clima de exclusividade, a produção do Art foi finalizada em 1987, com apenas 153 unidades produzidas.

Continua após a publicidade
Teste Quatro Rodas – julho de 1986
Aceleração de 0 a 100 km/h 13,93 s
Velocidade máxima 137,404 km/h
Frenagem de 80 km/h a 0 28,4 m
Consumo urbano 10,09 km/l
Consumo rodoviário 13,17 km/l
Preço (maio de 1986) Cr$ 110.000
Preço (atualizado IGP-DI/FVG) R$ 99.369
Ficha Técnica – Emis Art 1986
Motor longitudinal, 4 cilindros opostos, duas válvulas por cilindro, dupla carburação
Cilindrada 1584 cm3
Diâmetro x curso 85,5 x 69mm
Taxa de compressão 7,5:1
Potência 52 cv a 4.200rpm
Torque 11,2 mkgf a 2.600rpm
Câmbio manual de 4 marchas, tração traseira
Dimensões comprimento, 310 cm; largura, 165 cm; entre-eixos, 197 cm
Peso 730 kg
Suspensão dianteira barras de torção
Suspensão traseira tensores em v e molas helicoidais
Freios disco na dianteira e tambor na traseira
Pneus 155 R13
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.