Volkswagen Design Vision GTI
Com ele será posto a prova o design que a VW quer usar na série especial dos 40 anos do Golf GTI
Todos os anos uma legião de fãs migra num fim de semana para Worthersee, no norte dos Alpes austríacos, para um evento de adoração a um dos carros mais populares do mundo: o Golf GTI. Em 2013, o encontro teve um destaque: a estreia mundial do Design Vision GTI, que depois foi apresentado no Salão de Los Angeles. Mais que uma versão tunada destinada a mostrar os dotes artísticos do departamento de design da Volks, o Vision vai testar com o público os elementos visuais que estarão na edição comemorativa de 40 anos do Golf GTI, que será lançada em 2014, e talvez até numa futura geração do hatch. A equipe do chefe de estilo da VW, Klaus Bischoff, esforçou-se para trazer à flor da pele a essência invocada do esportivo de série, com o rebaixamento e alargamento da carroceria, acompanhado de um trabalho de endurecimento do chassi e da troca do motor 2.0 turbo de 220 cv de linha por um V6 3.0 biturbo de 503 cv. É interessante notar como as colunas traseiras e as soleiras das portas se tornaram salientes, quase como elementos independentes do resto da carroceria, ao mesmo tempo criando espaço para ter bitolas mais largas e rodas de 20 polegadas, criadas especialmente para este conceito.
Em comparação com o GTI de série, ele é 1,5 cm menor (graças à traseira mais curta), mas a maior alteração foi em outra direção. São 5,7 cm menos na altura, devido ao teto mais baixo e à suspensão rebaixada, enquanto ele cresceu 8,8 cm na largura. O resultado são proporções que criam a ideia de que o carro está colado ao chão. Dentro do seu conceito, o Vision (que tem estrutura de aço, mas carroceria de plástico) deixa espaço para a tradição, como é visível nas cores: a tríade negro-branco-vermelho domina o design, caso do filete horizontal em toda a frente.
A traseira tem todos os elementos que definem um Golf GTI, mas ganhou duas lâminas horizontais sob cada lanterna, que ajudam a harmonizar os diferentes adereços e ainda integram as extensões dos painéis laterais projetados para fora. A mesma fusão da filosofia esportiva com respeito ao passado está no interior – lembrando que este é um show car idealizado para se divertir numa pista de corrida. No painel, vemos agrupados os botões de partida, do extintor de incêndio e do controle de estabilidade, enquanto a parte inferior do console central é dominada pela alavanca do câmbio automatizado de dupla embreagem DSG, também operado pelas borboletas atrás do volante, que traz na frente as teclas dos três modos de condução: Street, Sport e Track.
O painel, ao contrário do quadro de instrumentos, até lembra o do GTI normal, mas é todo voltado para o piloto, além de ter superfícies duras e uma parte revestida de Alcantara negro, assim como os bancos, volante e teto, com apliques imitando carbono. À direita dos instrumentos, há uma tela que mostra o trajeto percorrido e os tempos por volta.
Se o Golf GTI atual já empolga com seus 220 cv, imagine este super-GTI, com seuV6 3.0 com injeção direta e dois turbos, com potência de 503 cv e torque de 57,1 mkgf de 4000 a 6000 rpm, sendo 51 mkgf já a 2 000 rpm. O excelente DSG de seis marchas ajuda a distribuir tamanha força pelo sistema de tração nas quatro rodas. Essa combinação gera uma máxima de 300 km/h e só 3,9 segundos no 0 a 100 km/h. São números que justificam os discos de cerâmica de 380 mm na frente e 356 mm atrás. O desenho aerodinâmico das rodas não só tem impacto visual como contribui para refrigerar os freios.
Chegou, enfim, a hora de apertar o botão Start no volante deste GTI, cuja criação levou só seis meses. Não sem antes sermos avisados de que se trata de um exemplar único no mundo, o que nos obrigou a fazer um test-drive mais comedido. O palco também não ajudava: um estacionamento gigante no exterior de um estádio de futebol americano, perto de Los Angeles. Mesmo com o curso do acelerador limitado a dois terços, conforme exigência da VW, o protótipo sai disparado como uma bala, entrando num território digno de superesportivos como Ferrari e Lamborghini. O turbo assobia forte, o escape pipoca lembrando carros de corrida, e assim o Vision voa quase colado ao asfalto, transmitindo ao motorista praticamente tudo o que as rodas vão sentindo no piso, uma consequência também do enrijecimento do chassi.
Não há muitas curvas por aqui, só no retorno que fazemos ao fim de cada reta, mas logo vem outra aceleração feroz, sempre ajudada pelo rápido câmbio de dupla embreagem. Como não foi retrabalhada para as barbaridades que o conjunto motor/suspensão é capaz de fazer, a direção parece leve e imprecisa demais para um esportivo desse calibre. Mas não faz mal. O Vision GTI não foi feito para brilhar nas pistas, mas sim sob os holofotes dos salões do mundo – e isso ele faz muito bem.
VEREDICTO
Não despreze esse visual tuning: ele pode estar no seu Golf no futuro.