Vídeo: o novo Renault Kwid 2023 realmente melhorou?
Sem estourar o orçamento, o Kwid recebeu retoques no visual e novas tecnologias, que contribuíram para que ele ficasse mais confortável, seguro e eficiente
Entre o lançamento do Renault Kwid no Brasil, em 2017, e a chegada de sua versão reestilizada, agora com o lançamento da linha 2023, muita coisa mudou. Nestes quase cinco anos em que o preço dos carros disparou, a proposta do subcompacto mudou, assim como sua dianteira e painel.
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Se antes a ideia era ser um carro barato e, por isso, simples, sem firulas estéticas, agora o Kwid parece mais concentrado em se mostrar atrativo para quem nunca imaginou que, por R$ 59.890, esse seria o carro zero-km mais barato do Brasil.
Renault Kwid Zen 2023 (R$ 59.890): inclui ar-condicionado, quadro de instrumentos em led, vidros dianteiros elétricos, rádio com dois alto-falantes, start-stop, DRLs em led, controle de estabilidade e HSA.
Renault Kwid Intense 2023 (R$ 64.190): acrescenta itens como central multimídia de 8”, câmera de ré, calotas que imitam rodas de liga leve, lanternas com assinatura em led e opção de teto em cor diferente da carroceria.
Renault Kwid Outsider 2023 (R$ 67.690): acrescenta rodas de liga leve de 14”, rack de teto, skid plates, molduras de proteção lateral, novo estofamento dos bancos e adesivos com estética aventureira.
Sua grande mudança é na frente, onde faróis e grade ganharam profundo rearranjo, no qual as luzes de rodagem (DRLs) ficaram separadas dos faróis, que passaram para baixo. Esse estilo foi consagrado pela Citroën, mas em nosso país o exemplo mais famoso é a Fiat Toro.
Como temos acesso aos dados de audiência de diferentes notícias, costumamos saber quais são os itens mais desejados pelos clientes. Não compartilhamos essas informações com as fábricas, mas as marcas conduzem pesquisas que, normalmente, chegam aos mesmos resultados.
A impressão que dá é de que a Renault seguiu tudo que mais gera engajamento não apenas no fãs de carro, mas também em quem busca um veículo por pura necessidade e valoriza se dentro do orçamento for possível torná-lo bonito.
Isso é notável no uso de leds nas DRLs e lanternas traseiras, que mudaram discretamente, mas com ausência de leds nos faróis principais (os quais realmente se beneficiam com a tecnologia). A versão intermediária Intense traz calotas bicolores que imitam mal rodas de liga leve e a opção de teto em cor diferente da carroceria (sem nenhum truque, claro), fecha a cota de artifícios que agradaram vários leitores de nosso site quando a primeira imagem do novo Kwid foi revelada.
Garganta seca
Com os SUVs vivendo seu melhor momento, é óbvio que o Kwid tenta surfar nessa onda, mas não se engane: ele continua um legítimo subcompacto, e isso facelift nenhum muda.
Com mesmo entre-eixos, o espaço interno também não sofreu alterações e o vão livre, que está 0,5 cm maior (18,5 cm), agora empata com o do Renault Stepway, que também não o coloca próximo dos utilitários.
O público do Kwid (e de muito modelo mais caro) simplesmente não pode ignorar o aumento dos combustíveis e, para que a inflação não sabotasse a proposta do carro, a Renault foi corajosa ao inserir o sistema start-stop (que atende as leis de redução de emissões).
Ele desliga o carro automaticamente em semáforos ou paradas prolongadas, prometendo 5% de economia. O problema é que, em dias mais quentes, ele não funciona enquanto o carro não estiver refrigerado por completo. E como o ar-condicionado não é suficientemente robusto, mesmo em um dia de verão paulistano, longe dos 30°C, o mecanismo se mostra indisponível várias vezes. Mas o veredicto do consumidor virá na hora de trocar a bateria do carro, bem mais cara quando se tem o start-stop embarcado.
Outro recurso de economia é colaborativo: o novo quadro de instrumentos digital avisa quando os pneus estão murchos, convidando o motorista a calibrá-los (já que pneus murchos prejudicam o rendimento do carro). Graças a esses dispositivos e à recalibração, o motor ficou ligeiramente mais forte e, ainda assim, mais econômico.
O Kwid brasileiro mantém o motor 1.0 SCe com duplo comando de válvulas sem variação, agora com 1 cv a mais (71 cv no total), mas a mesma lentidão de respostas de sempre. Além de trocas de marchas que poderiam ser menos ásperas.
Seguindo bem a cartilha da moda, a Renault não cometeria erro grave de manter a velha central multimídia do Kwid, que agora é de série e roda Android Auto e Apple CarPlay, conta com uma tela bem honesta, com respostas mais ágeis e cores mais vivas.
O quadro digital também pareceu uma ideia bem interessante, que tende a agradar quem, pela primeira vez, abandonará os ponteiros. Mas a taxa de atualização do mostrador é baixa e poderia haver uma tela de proteção para evitar que os dedos do motorista tocassem diretamente os mostradores.
Tática de guerra
Por mais que a suspensão transmita a mesma sensação de fragilidade e não exiba melhorias na rodagem em relação ao antigo Kwid, o conforto a bordo do carro melhorou por conta das tecnologias, que cada vez mais fazem parte da experiência do motorista.
Elogiável para o segmento, o Kwid coroa uma preocupação respeitosa com seus compradores ao ofertar controle de estabilidade, quatro airbags e aviso de cintos desafivelados de série. O assistente de partida em rampas também vem em todas as versões, facilitando partidas em subidas e preservando a embreagem.
Como toda fábrica faz, a Renault calculou meticulosamente cada equipamento do Kwid de olho no cliente e na concorrência, incluindo aí não só o Fiat Mobi, mas os hatches de entrada que se aposentaram, como o Uno, ou estão em vias disso, como o VW Gol.
O Kwid é apertado e não lida bem com cinco ocupantes adultos, mas muitos de seus compradores são mais jovens ou não tão jovens assim, mas de perfis que podem abrir mão de espaço para ter um carro para chamar de seu no dia a dia.
Nesse cenário, um subcompacto bem equipado pode fazer mais sentido que um compacto pé de boi, e a Renault parece apostar nisso.
Ficha técnica do novo Renault Kwid 2023:
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cil., 12V, 999 cm³, 68/71 cv a 5.500 rpm, 10,0/9,4 kgfm a 4.250 rpm
- Câmbio: manual, cinco marchas, tração dianteira
- Direção: elétrica, 10 m (diâmetro de giro)
- Suspensão: McPherson (dianteira), eixo rígido (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira), tambor (traseira), ABS
- Pneus: 165/70 R14, rodas de liga leve na versão Outsider
- Peso: 820 kg
- Dimensões: comprimento, 368,0 cm; largura, 157,9 cm; altura, 147,9 cm; entre-eixos, 242,3 cm; porta-malas, 290 l, tanque, 38 l