Teste: Renault Sandero ganha câmbio CVT e visual exclusivo para o Brasil
Dependendo do ângulo, não dá para perceber mudanças, mas ele melhorou no que precisava para manter os clientes – e lutar por novos
Esse é o novo Renault Sandero, que está de costas na primeira foto porque você dificilmente perceberia as novidades da dianteira – já falarei dela daqui a pouco.
Por R$ 46.990 já dá para levar o modelo na versão de entrada Life 1.0, mas para quem não é frotista, melhor já cogitar a partir da Zen (R$ 49.990). Confira aqui os preços de todas as versões, incluindo o sedã Logan e o aventureiro Stepway.
Já esse Intense 1.6 CVT que testamos custa R$ 65.490 e é a opção mais próxima que teremos do Megane por aqui.
Sim, a traseira das fotos é exclusiva do Brasil e foi criada por brasileiros. Essa foi a solução para dar sobrevida ao modelo durante alguns anos, lembrando que a nova geração segue em testes lá fora.
O projeto começou em 2015 e deveria chegar às concessionárias dois anos depois. Só que, pelas condições do nosso mercado, a marca decidiu atrasar a reestilização.
Se nas fotos as lanternas já parecem exageradas, espere só até você encontrar o primeiro carro pelas ruas.
Por uma questão de custos, os projetistas tiveram que manter os recortes originais da carroceria – e adaptar um puxadinho na nova tampa traseira.
E pensou que seria apenas um enfeite? Que nada! Realmente existe um filete de led funcional ali atrás.
Eu não falei da dianteira até agora porque não há muitas surpresas – ao menos para leitores da QUATRO RODAS. Isso porque nosso modelo finalmente recebeu a atualização que já existia em outros países desde 2016.
Quem for mais observador perceberá que os faróis têm formato invertido próximo à grade do motor e até luzes de condução diurna integradas.
Não conseguiu enxergar? Fique tranquilo: é só visitar uma concessionária Renault para comparar a novidade em relação ao Sandero RS, que manteve a mesma frente de antes para não enxugar as economias da empresa.
Além disso, toda a linha ganhou opção de câmbio automático CVT, que também inclui nova fantasia (quase) aventureira com altura elevada e alguns plásticos.
Se você está meio desconfiado com a promessa de aposentar o pedal da embreagem, posso garantir que agora a Renault acertou – afinal, é a terceira tentativa, após o automático de quatro marchas (em 2011) e o automatizado Easy’R (2015).
Nada daquela sensação de ligar um liquidificador, típica dos câmbios CVT: graças às seis marchas simuladas, o hatch é bem menos irritante.
Para quem procura conforto e vida mansa, pouco importam os 12,3s que o Sandero, sempre com o motor 1.6 16V de 118 cv e 16 mkgf, precisou para chegar aos 100 km/h na nossa pista de testes.
Mesmo assim, bem melhores que os 13,3 s do Toyota Etios 1.5, rival mais próximo em preço e proposta (com um defasado câmbio aposentada do Corolla).
Já o consumo, com médias de 10 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada, só é razoável.
Pena que os engenheiros da marca tenham se esquecido de atualizar algumas outras pendências do Sandero, como a direção com assistência eletro-hidráulica, pesada para manobras e imprecisa a velocidades mais altas.
Já a suspensão, emprestada do Stepway, deixa a carroceria rolar nas curvas e basta alguma ondulação no asfalto para balançar como barco.
Pensando nisso, talvez seja até bom que o motorista não consiga desligar o controle eletrônico de estabilidade, que será oferecido só nas configurações automáticas e na versão RS.
No começo até pensei que essa babá eletrônica fosse daquelas bem intrometidas, mas bastaram algumas voltas para notar que o hatch tem tendência a sair de frente e traseira razoavelmente solta em trechos sinuosos.
Talvez esses problemas passaram despercebidos porque a Renault estava preocupada em consertar outros defeitos: agora dá para acionar todos os vidros pela porta do motorista e a central multimídia tem Android Auto e Apple CarPlay.
Ótima notícia: todas as versões ganharam airbags laterais, cinto de três pontos e apoios de cabeça para quinto ocupante de série.
Não há muitas novidades no acabamento, que continua simples como antes, mas agora tem superfície macia onde os cotovelos ficam apoiados.
Além disso, o volante é igual ao utilizado pelo modelo reestilizado na Europa – e também pelo novo Duster que chegará ao nosso mercado em breve –, enquanto revestimento de colunas e teto são da cor preta.
Se você pensava em colocar um Sandero na garagem, agora terá motivos de sobra, já que ele manteve o bom espaço interno e ainda melhorou alguns pontos fracos.
Caso esteja com o dinheiro contado, não tenha dúvidas: compre o hatch e seja feliz. Claro que há opções mais modernas, como Toyota Yaris e VW Polo, só que elas são bem mais caras.
Veredicto
Com novos itens de segurança, o Sandero é uma das melhores opções para quem busca um automático
de entrada.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 12,3 s
0 a 1.000 m:
34,5 s – 147,1 km/h
Velocidade máxima
177 km/h (dado de fábrica)
Retomada
D 40 a 80 km/h: 5,3 s
D 60 a 100 km/h: 7,3 s
D 80 a 120 km/h: 9,8 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 15/24,6/55,1 m
Consumo
Urbano: 10 km/l
Rodoviário: 13,4 km/l
Ficha técnica
Preço: R$ 65.490
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil. em linha, 16V, 1.597 cm3; 118 cv a 5.500 rpm, 16 mkgf a 4.000 rpm
Câmbio: automático, CVT, 6 marchas simuladas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteiro) e tambor (traseiro)
Direção: eletro-hidráulica, 10,6 (diâmetro giro)
Rodas e pneus: liga leve, 205/55 R16
Dimensões: comprimento, 407 cm; altura, 157 cm; largura, 173 cm; entre–eixos, 259 cm; peso, 1.140 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 320 l