Teste: Peugeot e-2008 GT é SUV elétrico fantasiado de esportivo
Sempre elétrica, a segunda geração europeia do Peugeot 2008 chega ao Brasil focando em visual, tecnologia e preço que o destaca no segmento
A segunda geração do Peugeot 2008 vendida na Europa chega ao mercado brasileiro na configuração elétrica (as equipadas com motor a combustão seguem com carroceria antiga, até a chegada da sucessora, prevista para 2024). Assim, o posicionamento da nova geração fica um degrau acima, embora seu preço ainda seja atraente.
Por R$ 259.990, o e-2008 GT concorre com hatches elétricos, como o Fiat 500e (R$ 255.990) e o Mini Cooper S E (R$ 252.900), consideravelmente menores. Existe outro SUV elétrico abaixo dos R$ 300.000, o JAC E-JS4 (R$ 249.900). Porém, este fica um degrau abaixo do francês importado da Espanha, principalmente no quesito tecnologia.
Como em todo Peugeot, o design é um dos pontos altos do e-2008, que oferece, além das clássicas cores preto, cinza e branco, as chamativas azul e laranja. A dianteira repete as soluções do 208, como os faróis full-led com três riscos e uma barra que corta o para-choque. Como no hatch elétrico, a grade tem tracejados na cor da carroceria. A diferença fica para a presença dos faróis de neblina no SUV.
As laterais têm belos e marcantes vincos triangulares que ajudam a dar volume e, por consequência, uma impressão de robustez ao carro. As rodas são de 18”, com pneus 215/55. A traseira tem clara inspiração no “irmão” maior 3008, com lanternas altas e esguias, totalmente de led.
O interior é praticamente o mesmo do e-208, com desenho moderno e bom nível de acabamento. Há materiais emborrachados e costuras aparentes em um chamativo tom de verde. O pequeno volante e o quadro de instrumentos digital 3D também estão lá, assim como o novo seletor de marchas, por teclas, que estreia na linha 2023 do e-208.
A central multimídia é a mesma, com 10”: Android Auto e Apple CarPlay só funcionam com fio e não tomam a tela toda. A qualidade de imagem deixa a desejar. As críticas ganham força com o 208 a combustão mais barato, de aproximados R$ 80.000, que tem um sistema com melhor qualidade de imagem e aplicativos que tomam toda a tela.
As diferenças do e-2008 no interior ficam para os bancos, menos esportivos e mais confortáveis, e para o teto panorâmico com abertura elétrica, enquanto o do hatch não abre. No mais, estão presentes itens como frenagem automática, leitura de placas de velocidade, piloto automático adaptativo, freio de estacionamento eletrônico, farol alto automático e carregador de celulares por indução.
Para fechar a parte interna, o e-2008 tem bom espaço para levar até quatro pessoas (já que o túnel central traseiro é alto) – embora as laterais do teto sejam baixas. Faltam saídas de ar-condicionado na traseira. Há apenas portas USB para quem vai atrás. E no porta-malas cabem 434 litros.
O conjunto propulsor é o mesmo do e-208 GT, ou seja, um motor elétrico dianteiro com 136 cv e 26,5 kgfm, alimentado por uma bateria de 50 kWh. É uma motorização suficiente ao e-2008, mas que reduz significativamente seu desempenho diante do hatch. Culpa dos 104 kg de peso a mais do SUV, que chega aos 1.630 kg (contra 1.526 kg). Uma das provas é que, em nossos testes, o e-2008 foi de 0 a 100 km/h em 10 segundos – contra os 8,5 conseguidos pelo hatch. A velocidade é limitada em 150 km/h.
Na prática, o SUV vai bem no dia a dia e tem boas acelerações, mesmo que elas não sejam abruptas com o torque máximo 100% entregue de forma instantânea. No e-2008 as saídas e retomadas são progressivas, uma vantagem em conforto (e segurança) para uso urbano – embora não representem a sigla “GT” estampada na traseira. Esse comportamento, porém, pode mudar de acordo com o modo de condução escolhido: Normal, Eco ou Sport, autoexplicativos.
Em movimento, o modelo produz um futurista (e obrigatório aos padrões europeus) ruído de alerta aos pedestres, mas não simula o ronco de motor na cabine, ao contrário de outros elétricos do mercado.
A suspensão garante conforto aos ocupantes, com boa dose de maciez mesmo em pisos mais acidentados, ao contrário do hatch. Mesmo assim, mantém boa estabilidade em curvas, por mais fechadas que sejam. Só gera um pequeno incômodo o acerto ainda mais macio da traseira, que produz um balanço desnecessário principalmente em ondulações de rodovias. Essa é uma característica presente também no 208 a combustão vendido por aqui.
A direção é típica de um Peugeot, com acerto direto, embora voltado ao conforto. Por fim, todo o conjunto do 2008 elétrico é claramente focado em uso urbano, e isso se confirma com sua autonomia projetada: limitados 345 km, pouco para um elétrico nos dias atuais.
Veredicto Quatro Rodas – Apesar da autonomia limitada e do desempenho acanhado, o e-2008 é um elétrico interessante na faixa de preços
Teste – Peugeot e-2008
Aceleração
0 a 100 km/h: 10 s
0 a 1.000 m: 32,1 s – 150,1
Velocidade máxima : 150 k/h (limitado eletronicamente)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 3,9 s
D 60 a 100 km/h: 5,3 s
D 80 a 120 km/h: 7,3 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,5/24,6/55,7 m
Consumo
Urbano: 6,8 km/kWh
Rodoviário: 5,7 km/kWh
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: –
80/120 km/h: 58,2/67,2 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: –
Volante: 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 259.990
Garantia: 3 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 29,5 °C; umid. relat., 54%; press., 1.011,5 kPa
Ficha Técnica – Peugeot e-2008
Motor: elétrico diant., 136 cv, 26,5 kgfm
Bateria: íon-lítio; capacidade, 50 kWh; autonomia, 345 km
Recarga: 30 min a 100 kW, 53 min a 50 kW, 6h02 a 22 kW, 24h56 a 1,8 kW (tomada doméstica) Câmbio: 1 marcha + ré, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: a disco nas quatro rodas
Pneus: 215/55 R18
Dimensões: comprimento, 430 cm; largura, 198,7 cm; altura, 155 cm; entre-eixos, 260,5 cm; peso, 1.630 kg; porta-malas, 434 litros