Sedãs médios
Mais modernos e equipados, os sedãs recém-lançados desafiam os tradicionais líderes do mercado
Do Fiat Linea de 53 100 reais, básico, ao novo Ford Focus de 89 990 reais, completo, o segmento de sedãs médios tem pelo menos uma dezena de modelos, apresentados em diferentes versões de acabamento, equipamento e motor, que multiplicam as opções por três ou quatro. Conseguir um lugar ao sol na preferência do consumidor não é fácil. Nos últimos tempos, os japoneses Honda Civic e Toyota Corolla têm levado vantagem. Mas a renovação da oferta é constante e a disputa, cada vez mais apertada. Neste comparativo, reunimos dois campeões de vendas, Civic e Chevrolet Cruze, e dois lançamentos, Focus e Ci troën C4 Lounge, nas versões top. A primeira constatação foi a impressionante velocidade com que os sedãs evoluem. O Corolla ficou de fora porque, apesar de continuar vendendo bem, já, já chega em nova geração (o lançamento será em março de 2014). Pouco depois da realização desse comparativo, veio o Nissan Sentra, cujo teste você verá por aqui muito em breve.
4º- Chevrolet Cruze
Em terceiro lugar no ranking de vendas, o Cruze entrou neste comparativo com status de único modelo que consegue se aproximar dos tradicionais líderes do segmento. Para ajudar, na linha 2014, ele chega com um aperfeiçoamento que a fábrica anuncia como algo muito desejado pelo mercado, que é a inclusão da central multimídia MyLink como item de série, que no caso dele ainda vem com GPS incorporado. Apesar dessas melhorias e do bom retrospecto nas lojas, o Cruze deixou a desejar diante dos rivais deste comparativo.
A desvantagem mais evidente surgiu na nossa pista de testes. Dono do motor mais fraco – 144 cv contra 155 (Civic), 165 (C4) e 178 (Focus), sempre com etanol -, o Cruze ficou para trás nas provas de desempenho, sem a contrapartida de um rendimento melhor nas medições de consumo (veja os resultados no final do comparativo). No que diz respeito ao comportamento, o Chevrolet não desagradou. Pelo contrário, ele se mostrou um carro gostoso de dirigir. Mas, nas provas de frenagem, novamente ele ficou aquém dos rivais. Vindo a 80 km/h, precisou de 28,8 metros para frear, enquanto o C4 Lounge parou em 25,9 metros.
Fora da pista, o Cruze perdeu terreno em detalhes que somados fizeram diferença. Ele é o único que não tem piscas nos retrovisores e ainda utiliza as velhas palhetas de limpador do para-brisa articuladas. Ao acessar o motor, a trava que libera o capô é de metal (enquanto nos outros há proteções de plástico ou borracha, para evitar que o motorista queime os dedos com o calor que irradia naquela região). E há ainda os aspectos ruins que não são exclusivos seus, como a suspensão com eixo de torção na traseira, que também equipa o Citroën, e o ar-condicionado convencional, igual ao do Honda. Por fim, pesa contra ele a expectativa de mudanças visuais. Lançado em 2008, o Cruze será reestilizado na linha 2014, nos mercados estrangeiros, mudança que deve chegar aqui no ano que vem.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Direção ligeiramente mais pesada e firme que a dos rivais. Precisou de mais espaço para frear. Suspensão (eixo de torção na traseira) é bem apoiada.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O motor 1.8 ainda tem tanque auxiliar de partida a frio e obteve piores médias no consumo do comparativo. Câmbio de seis marchas foi mais lento nas trocas.
★★★
CARROCERIA
Reestilização feita no modelo europeu ainda não chegou por aqui. Na versão LTZ, o acabamento é superior.
★★★☆
VIDA A BORDO
Ganhou central multimídia MyLink, o ar digital tem nariz eletrônico (fecha a entrada de ar em caso de alto índice de CO2), mas não é dual-zone. Espaço é compatível com a categoria.
★★★☆
SEGURANÇA
Vem com quatro airbags, EBD, BAS, ASR, ESP e câmera de ré, mas não tem repetidores nos retrovisores.
★★★☆
SEU BOLSO
O seguro é o mais carro do comparativo. Tem a força da marca e a ampla rede de concessionários a favor.
★★★☆
3º- Ford Focus
Do terceiro lugar em diante, houve grande equilíbrio de forças entre os sedãs. De início, o recém-lançado Ford causou impacto por suas características técnicas, que incluem o motor 2.0 flex com injeção direta de combustível e o câmbio automatizado de dupla embreagem. Na pista de testes, porém, ele não confirmou a superioridade técnica porque o Citroën, com seu motor turbo, foi o mais rápido e o Honda (com sistema de gestão de ECON) ficou com o título de mais econômico.
O Focus também chamou atenção pela lista de equipamentos, mas para ter tudo o que a fábrica oferece seu preço fica salgado. Considerando os itens de série de cada carro, nas versões topo de linha analisadas, descobre-se que os mais bemequipados são Focus e C4, com certo equilíbrio de conteúdo entre eles. Mas, comparando o preço dos sedãs, o C4 oferece a melhor relação custo-benefício. Por 77 990 reais, o C4 Lounge conta com central multimídia, ar-condicionado dual-zone, piloto automático, leds, seis airbags, ESP, sistema de alerta de pontos cegos e sensores de luz e estacionamento (dianteiro e traseiro). E, ao preço de 81 990 reais, o Focus traz ar-condicionado dual-zone, piloto automático com limitador de velocidade, seis airbags, ESP, sistema auxiliar de partidas em rampa e sensores de chuva, de luz e de estacionamento (traseiro). Completo, com teto solar e faróis bixenônio direcionais, que são seus únicos opcionais, o C4 custa 81 290 reais. E o Focus, que inclui teto solar, faróis de xenônio, leds, sistema auxiliar de manobras de estacionamento, central multimídia Sync com sistema de som Sony, sensor de estacionamento (dianteiro) e banco do motorista com ajustes elétricos, vai a 89 990 reais.
O maior pecado da Ford, todavia, foi a qualidade do acabamento do carro, com o encaixe impreciso de peças da carroceria e a seleção de materiais – como o de revestimento do porta-malas e o da haste que sustenta os apoios de cabeça dos bancos.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção corrige pequenos desvios involuntários, em razão de vento lateral ou irregularidades do piso. Os freios são eficientes e a suspensão (multilink na traseira) privilegia o conforto, mas garante a boa dirigibilidade.
★★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O motor flex, que dispensa sistemas auxiliares de partida e tem injeção direta de combustível, é o mais potente do comparativo. Ao câmbio automatizado faltou a opção das trocas no volante.
★★★★☆
CARROCERIA
O modelo europeu está à beira de uma reestilização e a Ford peca na montagem.
★★★
VIDA A BORDO
É o dono do menor espaço para as pernas, no banco de trás. Tem ar-condicionado dual-zone, duas tomadas USB, entrada para SD Card e para cabo RCA.
★★★☆
SEGURANÇA
Seis airbags, EBD, ASR, ESP, câmera de ré e piloto automático com limitador de velocidade.
★★★★☆
SEU BOLSO
Seu seguro de fábrica é barato. Os itens que tornam a vida a bordo mais confortável e divertida são opcionais.
★★★☆
2º- Honda Civic
Contemporâneo do Cruze, o Civic chegou no fim de 2011 e hoje sofre de envelhecimento precoce diante dos lançamentos mais equipados e cheios de tecnologia. O Honda é o único dos sedãs alinhados aqui que não tem botão de partida da ignição, saída de ar-condicionado para o banco traseiro e câmbio de seis marchas. Assim como o Cruze, ele tem somente quatro airbags (contra seis dos demais) e chave tipo canivete (os outros contam com chaves com sensores de presença).
Mesmo assim, o Civic se saiu bem neste comparativo porque se sustenta em sua construção precisa e nos materiais que, com raras exceções, são de boa qualidade. Seus únicos deslizes nessa área estão no plástico que cobre a parte superior do painel e as laterais das portas e nas maçanetas externas, que são ocas. Além disso, o Civic tem outros trunfos, como a suspensão multilink na traseira, a direção elétrica com dispositivo de correção de trajetória e o sistema de gestão de energia ECON, que o ajudou a obter o melhor rendimento na pista de testes. O ECON não é somente um econômetro que orienta a condução do motorista com vistas à redução do consumo, como muita gente pensa. Além das barras coloridas no painel, que têm essa função, o sistema interfere no carro ajustando o tempo de resposta da borboleta do motor, o regime de trocas de marchas e também o funcionamento do ar-condicionado, que passa a acionar menos o compressor, para poupar energia.
Ao rodar, o Civic é um carro agradável. Sua suspensão macia privilegia o conforto e a direção leve é fácil de controlar. No visual, ele continua atraente, com destaque para o painel em dois níveis. Mas, assim como o Cruze, o Civic deve passar por uma reestilização em breve. As mudanças estão previstas para meados do ano que vem, para a linha 2015. Se quiser continuar na liderança do mercado, a Honda terá de se mexer, porque a concorrência está bem empenhada em tomar seu lugar.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Direção leve com assistência que ajuda nas correções de trajetória, para com segurança e a suspensão (multilink na traseira) é macia mas estável.
★★★★☆
MOTOR E CÂMBIO
Ficou com as melhores médias de consumo e compensou a ausência da sexta marcha, com a possibilidade de trocas no volante.
★★★★
CARROCERIA
Do ponto de vista da manufatura, o acabamento é perfeito. Mas não se pode dizer o mesmo da seleção dos materiais da cabine.
★★★★
VIDA A BORDO
Bom nível de ergonomia, central multimídia touch, mas o ar-condicionado é monocomando, na frente, e não tem saídas para o banco traseiro.
★★★☆
SEGURANÇA
Quatro airbags, EBD, ASR, ESP, direção MA-EPS, câmera de ré e vidros com sistema antiesmagamento.
★★★★
SEU BOLSO
Seguro caro. Fama de carro que não quebra e pós-venda campeão devem ser levados em conta.
★★★★☆
1º- Citroën C4 Lounge
Pesou contra o C4 Lounge o fato de ele não ser flex, na versão topo de linha 1.6 THP. O motivo são as conhecidas vantagens da tecnologia bicombustível, como a liberdade de escolha, a redução das emissões e a economia com os abastecimentos, em determinadas épocas do ano. Mas o Citroën soube se defender na pista de testes, com os melhores resultados nas provas de desempenho e boas médias de consumo, embora insuficientes para superar os rivais no custo do quilômetro rodado. Considerando os preços médios nacionais de 1,716 real/litro de etanol e 2,686 reais/litro de gasolina, pesquisados pela ANP, rodar com o C4, no mês passado, na cidade de São Paulo, custava 0,288 real/quilômetro, enquanto com o Civic, o mais econômico da turma, saía por 0,217 real.
A diferença de custos pode mudar em função da variação dos valores dos combustíveis, mas o C4 conseguiu dar a volta por cima e vencer o comparativo por seu conjunto. De saída, seu preço de tabela é o mais baixo. Por 77 990 reais, o comprador leva o sedã com todos os itens que aparecem na unidade mostrada nas fotos, menos o teto solar e os faróis bixenônio, que são seus únicos opcionais. Mas, mesmo com esses dois itens, o C4 vai a 81 290 reais e ainda custa menos que o Focus e o Civic. O C4 tem uma central multimídia mais simples, que não é touch, e eixo de torção na traseira (como o Cruze), mas é o mais bem-acabado, da grade dianteira ao interior do porta-malas, passando pela cabine. Os botões do vidro elétrico são emborrachados e o motorista pode escolher a cor da iluminação do painel, entre branco e variações de azul. Além disso, é o mais espaçoso no banco de trás e o único que tem um estepe em tamanho real (os demais têm rodas mais estreitas de uso provisório).
Ao volante, o C4 tem ímpeto esportivo graças às respostas da direção, da suspensão e, principalmente do motor turbo. E seu design é o único recém-chegado, sem data para mudar.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é precisa, freou melhor que os rivais e a suspensão (eixo de torção, na traseira) privilegia o conforto, mas é ruidosa.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O motor, que não é flex, apresentou ótimo rendimento. O câmbio aborrece com sua programação eletrônica que promove reduções frequentes no uso diário.
★★★★
CARROCERIA
Sedã assumido (com três volumes bem definidos), tem design moderno e, de modo geral, acabamento superior ao dos rivais.
★★★★★
VIDA A BORDO
Sua tela da central multimídia não é touch, mas ele tem os bancos mais confortáveis e oferece maior espaço na traseira.
★★★★
SEGURANÇA
Seis airbags, EBD, BAS, ASR, ESP, alerta de pontos cegos, camera de ré e sensor de estacionamento e vidros com sistema antiesmagamento.
★★★★★
SEU BOLSO
É o único que tem estepe de uso normal – os demais trazem pneus de uso provisório. Preço convidativo e custo de seguro interessante.
★★★★☆
TRÁFEGO CONGESTIONADO
O segmento dos sedãs é um dos mais agitados do mercado, com renovação e ingresso constante de novas opções. Além dos modelos do comparativo, há outros que fazem sucesso nas lojas ou que vão chegar em breve.
NISSAN SENTRA
A Nissan está entre as que ainda lutam para se firmar no segmento. A nova ofensiva da marca no mercado já está pronta. Trata-se do novo Sentra, na sétima geração, que será apresentado no mês que vem, mas a fábrica já aceita reservas de interessados, que podem conhecer alguns detalhes do carro e se cadastrar para receber informações, no website da marca.
TOYOTA COROLLA
Vice-líder do segmento, o Corolla segue vendendo bem, mesmo depois que sua nova geração foi apresentada, nos Estados Unidos e na Europa, em junho deste ano. A décima primeira geração do sedã será lançada no Brasil em março de 2014, mas nada indica que suas vendas irão despencar. Apesar de defasado técnica e visualmente, o Corolla se mantém graças à fama que construiu nos últimos anos, de carro que não quebra, aliada à boa imagem da marca, no pós-venda.
VW JETTA
Apresentado em duas versões, Comfortline e Highline, o Jetta também conquistou seu lugar ao sol. A Comfortline é a mais simples. Tem motor 2.0 flex convencional de 120 cv e conteúdo básico. A Highline tem motor 2.0 turbo com injeção direta (gasolina) de 200 cv e pacote completo de equipamentos, incluindo direção eletro-hidráulica e suspensão traseira multilink. A primeira briga nas faixas de entrada do mercado, a outra enfrenta o topo da pirâmide.
RENAULT FLUENCE
Lançado em 2010, o Fluence colocou a Renault no segmento, coisa que seu antecessor, Mégane, não conseguiu. O Fluence é o quarto sedã médio mais vendido. Ele reúne pacote de série bem-servido, rendimento superior, design original e bom espaço interno.
VEREDICTO
O C4 Lounge venceu esta comparação pelo conjunto. Ele tem boa relação custo-benefício, é espaçoso e bem-acabado. O Civic ainda conserva sua majestade, do ponto de vista construtivo e de tecnologia. O Focus evoluiu bastante, mas peca na qualidade construtiva e no custo dos opcionais. O Cruze é o menos equipado e teve o pior rendimento na pista.
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