Publicado originalmente em outubro de 2012
As fábricas falam da necessidade de um trabalho de conscientização dos consumidores a respeito dos turbocompressores que, na nova ordem ambiental, seriam poderosos aliados na busca da eficiência energética e não teriam mais o objetivo de conseguir alto desempenho, como no passado. Mas como resistir à tentação de alardear o lado negro da força quando se quer vender uma versão esportiva?
A Renault está apresentando a nova versão do sedã Fluence, batizada de GT, usando justamente esse apelo da alta performance proporcionada pelo turbocompressor. Segundo a fábrica, o Fluence GT é o primeiro Renault oferecido no Brasil desenvolvido pela divisão Renault Sport Technologies: “Expert em transferir tecnologia dos carros de competição para modelos de rua”.
Além do visual agressivo por fora, caracterizado por rodas exclusivas, saias laterais e aerofólio traseiro, e do acabamento do painel preto e dos bancos esportivos com costuras vermelhas, no interior, o Fluence GT traz como maior diferencial o 2.0 16V Turbo.
Esse motor é sobrealimentado por turbocompressor do tipo twin scroll (com coletores independentes para cada par de cilindros, o que favorece o funcionamento nas baixas rotações). Ele gera 180 cv de potência a 5 500 rpm e 30,6 mkgf a 2 250 rpm, sendo que 80% do torque chega a 1 500 rpm, de acordo com a fábrica.
Câmbio manual
Apesar do discurso da marca, porém, em nosso teste o Fluence GT não mostrou ferocidade à altura das credenciais. Nas provas de aceleração, ele fez de 0 a 100 km/h no tempo de 9,2 segundos, enquanto a versão comportada Privilège (143 cv), avaliada anteriormente, conseguiu o tempo de 10,4 segundos.
Nas retomadas de 60 a 100 km/h, o GT precisou de 6,3 segundos, contra os 5,5 segundos gastos pelo Privilège. A comparação entre as duas versões é um pouco heterodoxa, uma vez que a GT tem câmbio manual e a Privilège, automático. Mas, se a proposta do Fluence GT é ser esportivo, ele deveria superar o outro com mais propriedade.
Ao volante, no dia a dia, quem gosta de acelerações mais vigorosas não se decepciona com o comportamento do GT. Mas dirigir a versão esportiva não é tão prazeroso quanto a versão Privilège, mais mansa mas com câmbio automático, que casa melhor com o sedã.
A impressão é de que ele nasceu para ter câmbio automático e que a caixa manual torna sua condução mais trabalhosa. A ergonomia e a posição de dirigir, pontos elogiáveis no Privilège, ficam comprometidas no GT, pois a alavanca do câmbio está longe da mão do motorista.
O preço do GT é intermediário ao de rivais como o Peugeot 408 THP e o VW Jetta TSi. O primeiro tem motor mais moderno. O segundo, mais moderno e mais potente.
Veredicto
Se quer um sedã, fique com as versões mais bem-comportadas da linha. Se quer um sedã esportivo, pesquise outra opção no mercado.
Ficha técnica
- Motor: diant., trans., 4 cil. turbo, 1 997 cm3, 16V, 180 cv a 5 500 rpm, 30,6 mkgf a 2 250 rpm
- Câmbio: manual, 6 marchas, tração dianteira
- Dimensões: comprimento, 464 cm; largura, 181 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1 341 kg
- Principais itens de série: ar digital, controle de tração e estabilidade
Teste
- Desempenho
0-100 km/h (s) – 9,2
0-1 000 m (s) – 30,4 - Velocidade máxima (km/h) – 220*
- D 40 a 80 km/h (s) – 5,4
D 60 a 100 km/h (s) – 6,3
D 80 a 120 km/h (s) – 7,0 - 60 / 80 / 120 km/h a 0 (m) – 17,3 / 27,6 / 63,7
- Consumo cidade (km/l) – 8,1
- Consumo estrada (km/l) – 13,5
*dado de fábrica