Nissan Frontier SV Attack 4X4: a receita é antiga, mas boa
Próxima de ser substituída por uma geração totalmente nova, a veterana Frontier mostra que ainda pode ser uma opção frente às modernas S10 e Hilux
“Que ou o que exerceu durante muito tempo uma atividade, ofício, profissão”; “muito experiente”; do latim, “velho”. Assim define-se o termo “veterano” em uma rápida pesquisa na web. E a definição cabe muito bem à Nissan Frontier, veterana inquestionável do segmento das picapes médias no Brasil, cuja atual geração é datada de 2008. O modelo é produzido no Brasil desde 2002, sendo assim o primeiro Nissan fabricado na unidade de São José dos Pinhais (PR).
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A definição não é exatamente ruim, mas a história está para mudar: uma geração completamente nova do modelo chega ainda em 2016. Enquanto isso não acontece, a atual Frontier sobrevive quase sem novidades visuais, com a versão de apelo agressivo Attack e nova central multimídia. Em 2015, a picape fechou o ano em 6º lugar no segmento com 5.778 unidades emplacadas, enquanto as líderes Chevrolet S10 e Toyota Hilux venderam, respectivamente, 33.330 e 32.900 exemplares.
Atualmente, a Frontier é vendida em cinco configurações distintas. Parte de R$ 113.990 na S 4X4 manual, R$ 109.690 na SV Attack 4×2 manual (única de ano/modelo 15/15 e com tração 4×2), R$ 129.890 na SV Attack 4×4 automática, R$ 134.990 na SV Attack 4×4 automática (que compõe esta matéria) e R$ 151.890 na topo de linha SL 4×4 automática. Além disso, por não ser exatamente um sucesso e já ter substituição agendada, não é difícil encontrar preços até 6 mil reais mais baixos nas concessionárias. Como comparação, a Chevrolet S10 parte de R$ 147.290 na versão LTZ 4×2 com motor 2.8 turbodiesel, chegando a R$ 158.850 na LTZ 4×4 2.8 turbodiesel. A Toyota Hilux, enquanto isso, vai de R$ 130.960 na STD 4×4 com motor 2.8 turbodiesel a R$ 188.120 na SRX 4×4 2.8 turbodiesel.
De volta ao passado
O visual da Frontier é, talvez, o mais característico de uma picape entre as concorrentes. As linhas de cortes retos e volumes musculosos dão ar de robustez ao modelo, disfarçando seus quase dez anos de idade – aqui na redação, há quem prefira esse estilo mais trabalhador do que a nova Hilux, que ficou a cara do Corolla. A versão Attack investe em ainda mais artifícios visuais para isso, com rodas, racks de teto, retrovisores e maçanetas pintados em cinza, além dos faróis escurecidos. Ou seja, o modelo é voltado para quem dispensa as “perfumarias” das mais recentes S10 e Hilux, mas preserva o gosto por uma picape robusta para levar a família ao sítio.
O acabamento interno e a ergonomia, porém, entregam de uma só vez toda a idade do projeto. Tudo bem, uma picape de vocação lameira precisa ter revestimentos fáceis de serem limpos, mas os plásticos duros e de baixa qualidade geram aspecto excessivamente rústico – além dos indesejáveis ruídos. O volante, o mesmo do Sentra antigo, tem ergonomia um tanto ultrapassada: o botão de volume do rádio chega a ser uma fonte de estresse no dia a dia, localizado em uma posição que obriga o motorista a tirar as mãos do volante para manuseá-lo.
A falta de itens de série também denuncia o quão veterana é a picape. O ar-condicionado é manual, os bancos poderiam ser revestidos em couro (disponível apenas na configuração mais cara, de R$ 151.890), não há regulagem de altura dos faróis, sensores de estacionamento, protetor de caçamba e, tampouco, controle de estabilidade e tração, equipamentos quase que obrigatórios em uma picape turbodiesel com possibilidade de levar mais de 1 tonelada – e que custa R$ 134.990.
A recente central multimídia tenta dar ar de modernidade à cabine. Com tela de 6,2 polegadas sensível ao toque, o sistema tem navegador GPS, conexão USB, Bluetooth e auxiliar, reproduz DVD e as imagens da câmera de ré. São seis alto-falantes para o som.
Boa convivência
É fato que uma picape de mais de 5,2 metros de comprimento e 1,8 metro de largura sofre no espaço urbano cada vez menor. Entretanto, a veterana Frontier sabe como tratar seus ocupantes. A picape leva, sem problemas, cinco ocupantes acomodados confortavelmente. Por falar em conforto, esta é uma das características que o modelo mais privilegia depois da robustez.
A fama de que as picapes pulam demais não vale para a Frontier. Claro, devido suas proporções, a picape tem balanço maior em relação à carros de passeio menores, mas se mostra com um conjunto de suspensão e amortecedores que filtram muito bem as irregularidades do solo, tanto em perímetro urbano, quanto na terra. É possível dirigir sem se sentir em um touro mecânico. O conjunto de motor e câmbio também se mostram bem acertados. O propulsor 2.5 turbodiesel entrega 190 cv de potência a 3.600 rpm e 45,8 mkgf de torque a baixos 2.000 rpm, faixa em que a picape de aproximadas duas toneladas mais precisa de força. E dá certo. Saídas e retomadas em baixas velocidades são ágeis, mas fica devendo quando o assunto é ultrapassagem em velocidades mais altas, como em rodovias. A média de consumo cravada em 8,9 km/l não decepciona. O câmbio é automático de cinco velocidades com Overdrive e a tração é 4×4 com opção de reduzida.
A nova geração
Certa para chegar este ano ao Brasil, a Frontier renovada será, inicialmente, importada. A atual versão deverá permanecer como opção de entrada. Além do visual mais moderno, são esperados motores 2.8 turbodiesel e transmissões manual de seis velocidades e automática de oito.
Veredicto
O ditado de que “panela velha é que faz comida boa” cabe bem à Frontier, assim como o significado do termo “veterano”. Mesmo de soluções antigas, a picape cumpre o papel de uma picape: oferece robustez, boa capacidade off-road, conforto e força quando necessário.
Motor | diesel, diant., 4 cilindros |
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Cilindrada | 2.488 cm³ |
Potência | 190 cv a 3600 rpm |
Torque | 45,8 mkgf a 2000 rpm |
Câmbio | automático, 5 marchas, 4×4 |
Dimensões | 523 cm (comprimento); 178 cm (altura); 185 cm (largura); 320 cm (entre-eixos) |
Peso | 2.066 kg |
Peso/Potência | 10,9 kg/cv |
Peso/Torque | 45,1 kg/mkgf |
Caçamba | 1.012 litros;1.005 kg |
Tanque | 80 litros |
Suspensão dianteira | independente, duplo A |
Suspensão traseira | eixo rígido |
Freios | discos ventilados (diant.); tambor (tras.) |
Direção | hidráulica; 3,8 voltas |
Pneus | 255/70 R16 |
Equipamentos | ar-condicionado manual, faróis de neblina, central multimídia com navegador GPS e câmera de ré |