Mitsubishi Outlander PHEV
O modelo encara o trânsito e vai para a estrada sem queimar gasolina. E, se não houver tomada por perto, ele carrega sozinho a bateria
Carros elétricos ou híbridos ainda não são comuns. Mas é bem provável que, num futuro próximo, eu e você tenhamos um. E o Outlander PHEV mostra que essa realidade está perto. Mescla as vantagens de um elétrico com a praticidade de um híbrido, sem exigir que o dono se adapte a ele. Elétricos requerem, por exemplo, que o motorista inclua na agenda o tempo para carregar a bateria – processo que pode levar até 10 horas. Os híbridos são mais práticos, reduzem as emissões e cortam pela metade os gastos com combustível. Mas, no Brasil, custam até 40% a mais que seus equivalentes a gasolina. E isso corrói qualquer vantagem financeira do consumo mais baixo, caso do Ford Fusion ou Porsche Cayenne.
O Outlander híbrido não sofre com esses problemas. A até 130 km/h, dependendo de quanto se acelera, não recorre à gasolina: suas baterias de íons de lítio garantem autonomia de 60 km. Segundo a Mitsubishi, essa distância é suficiente para contemplar o caminho de ida e volta entre a casa e o trabalho da maioria das pessoas. Por isso, teoricamente é possível rodar diariamente dentro da cidade sem queimar uma gota de gasolina. Fiz um trajeto de 45 minutos e 20 km, no trânsito de São Paulo, só na eletricidade. Em nenhum momento o motor 2.0 a combustão – o mesmo que equipa o Lancer e o ASX – foi acionado. Uma parada para o almoço foi suficiente para completar 80% da bateria, pois esse nível de carga é obtido em 30 minutos, se for utilizado um carregador rápido. Para carga total, em uma tomada residencial, de 110 V, são necessárias até 10 horas. Ou 5 horas em 220 V.
O crossover é o primeiro modelo da Mitsubishi que pode recarregar as baterias por meio de uma tomada comum ou com o uso do próprio motor a combustão. No segundo caso, pode-se acionar a função Charge, que carrega 80% da bateria em 40 minutos, ao custo de 3 litros de gasolina (o tanque tem 45 litros). Esse processo também pode ser realizado com o carro em movimento.
Três motores trabalham em conjunto: um 2.0 de 121 cv e dois elétricos – um para cada eixo. No centro do painel, um gráfico indica o fluxo de energia entre os motores e a bateria. Toda vez que o motorista tira o pé do acelerador, parte da energia cinética é regenerada e volta para os acumuladores. O mesmo ocorre em frenagens. A foto do painel mostra duas borboletas atrás do volante, mas elas não controlam a transmissão – pois não há marchas. Em vez disso, as aletas ajustam a carga de atuação do sistema de regeneração energética, que aciona um inversor calibrado em seis níveis. Na prática, a sensação é a mesma provocada pelo freio-motor em um carro comum. Quanto maior a o nível de resistência, maior a recarga.
Quando a carga da bateria está baixa, ou se o motorista quiser, a motor a gasolina atua como gerador – estratégia igual à do Chevrolet Volt, já que o propulsor não está conectado à transmissão. Mesmo quando está funcionando, ele serve para gerar energia diretamente para os motores elétricos. A partir dos 120 km/h, a gasolina entra em ação para tracionar: em alta velocidade, uma engrenagem conecta o motor às rodas, por meio de uma caixa que trabalha junto do motor elétrico. E é só nessa condição que há tração obtida pela queima de gasolina, pois o motor tem apenas uma relação de transmissão – algo equivalente entre a quinta e sexta marcha num carro comum.
Na maior parte do tempo, a tração é dianteira. Sob demanda, o motor elétrico traseiro atua sobre o eixo, dependendo das condições do piso. Mas um botão no centro do console aciona a tração 4×4 integral – e sem o uso de diferencial central. Usando as vantagens da tecnologia híbrida multifuncional, o Outlander pode funcionar de modo 100% elétrico (contando apenas com a alimentação das baterias), como um sistema seriado (no qual o motor a combustão atua como um gerador) ou paralelo (a gasolina apoia a eletricidade para mover o carro, por meio de um acoplamento mecânico).
Bem-equipado, o PHEV tem alerta de iminência de colisão, monitor de faixas de rolagem, câmera de ré, controle de cruzeiro adaptativo (sistema que acompanha o tráfego, freando e acelerando sem ação do motorista), airbags laterais e porta-malas com abertura elétrica. Por fora, diferencia-se pela carroceria totalmente pintada e pela grade dianteira e rodas exclusivas. O início das vendas está previsto para o primeiro trimestre de 2015 e, embora o preço não esteja definido, deve ficar em torno de R$ 190 000, contra R$ 143 990 do Outlander convencional.
VEREDICTO
O Outlander PHEV é um híbrido versátil: traz as vantagens dos elétricos sem os problemas que eles causam, como o tempo exigido para recarga. o motorista não precisa se adaptar ao automóvel.