JAC T60 Plus mudou tanto que se tornou opção ao Jeep Compass
Profundamente atualizado, o SUV médio ficou mais atraente, recebeu novos equipamentos e manteve boa relação custo-benefício
Este roteiro de filme é bem conhecido: o protagonista é desajeitado e sofre bullying pelo jeito esquisito, mas acaba se tornando o centro das atenções após um belo banho de loja.
Foi exatamente isso o que aconteceu com o JAC T60: de cópia do Nissan Kicks e raridade nas ruas (foram 142 carros em 2020, menos que o Troller T4 emplacou em dezembro), o SUV chinês passou a atrair olhares pelas ruas como poucos modelos seriam capazes.
E o pacote de equipamentos também ficou mais recheado para brigar com – nada mais, nada menos que – o líder Jeep Compass e todo o time de utilitários médios.
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Por conta do quase anonimato desse SUV, dá até para pensar que essa é uma geração completamente nova. Só que, na verdade, é apenas uma reestilização já alinhada à futura identidade visual da marca, com direito a faróis divididos em duas partes e lanternas que se unem sobre a tampa do porta-malas.
E não é que deu certo? Durante minha experiência com esse modelo em São Paulo (SP), tive que aprender a conviver com as perguntas e os olhares nada discretos de quem tentava descobrir a identidade desse novato. E, durante as abordagens, foi comparado até ao elogiado Range Rover Evoque.
E não foi só no estilo que o utilitário chinês resolveu problemas do passado: o preço continua quase o mesmo desde o lançamento – enquanto todos os rivais ficaram mais caros.
Se o custo/benefício não era lá essas coisas há um ano, agora parece tentador: pelos R$ 118.990 da versão de entrada (com quadro de instrumentos e ar-condicionado digitais, teto solar, seis airbags e chave presencial com partida por botão), só dá para levar opções intermediárias e menos equipadas de SUVs menores.
É como se vendessem Compass a preço de Renegade. Mas falta câmera de ré de série,oferecida junto com revestimento que imita couro a R$ 3.000.
Não dá para esquecer que praticamente todos os carros seguem a regra do cobertor curto. Ou seja: para cobrir a cabeça, os pés ficam de fora. Isso significa que, para colocar novos recursos, é preciso cortar da lista alguns itens menos importantes. Talvez por isso o ajuste elétrico do banco do motorista e o sistema de câmeras com 360o tenham sido aposentados na reestilização.
Por outro lado, o novo JAC T60 oferece ajuste preciso da temperatura da cabine, saídas de ventilação para a segunda fileira e conectividade para Apple CarPlay e Android Auto. E, anteriormente, não existiam as bolsas de ar laterais e de cortina.
Ainda há detalhes para melhorar? Com certeza! Para a próxima reestilização – ou geração –, podem incluir abertura presencial nas portas dos passageiros, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, vidros com a função um-toque (há apenas para abertura no lado do motorista) e ajuste de profundidade para a coluna de direção.
Mas também existem qualidades que acompanham o SUV desde que chegou ao nosso mercado. Por isso, não precisa ter medo de encher o carro para viajar: há espaço para cinco adultos sem apertos e 650 litros de bagagem, contra 410 litros do Compass.
Já o acabamento tem boa montagem das peças e superfícies macias por todo o interior.
E, como no primeiro teste que fizemos há cerca de um ano, está muito clara a vocação do utilitário em relação ao conforto.
Por isso, não espere que a suspensão tenha acerto esportivo ou então borboletas atrás do volante para as trocas de marcha (são seis virtuais, pois o câmbio é variável CVT), já que o T60 realmente se esforça para manter a cabine isolada de todos os problemas que acontecem no mundo.
Buracos? Somente crateras abalariam a tranquilidade a bordo, que também é silenciosa graças ao bom trabalho acústico. Mas a rigidez da estrutura precisa ser aprimorada, pois há alguns ruídos de torção da carroceria em valetas, por exemplo.
Como esse JAC não tem pretensão de vencer disputas de arrancadas, não conte com nenhuma resposta arisca de seu conjunto mecânico. Pelo contrário: as acelerações são progressivas e, na nossa pista de testes, o SUV precisou de razoáveis 11,2 segundos para chegar aos 100 km/h.
E, mesmo sem mudanças no motor ou na transmissão, o número foi um pouco melhor que no modelo anterior, 0,3 segundo mais lento.
Mas a principal diferença está no consumo, que piorou em relação a antes, com médias de 9,4 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada – eram 12,1 km/l e 14,8 km/l, respectivamente, no antecessor.
É impressionante observar a evolução do T60. E não só pelo desenho, que ganhou mais personalidade, mas por resolver problemas que enfraqueciam os argumentos de compra.
Infelizmente, o futuro da JAC entre nós continua incerto, mas seu representante no país tem um plano para se estruturar no segmento de elétricos destinados a empresas e frotistas, o que pode ajudar.
Talvez esse modelo não seja a opção ideal para quem faz escolhas racionais. Prefere fugir do convencional e adora ser o centro das atenções? Então dá para colocar o T60 na lista de possibilidades sem que ninguém questione sua escolha.
Veredicto
Com as qualidades que já existiam e mais itens de série, o SUV agora tem personalidade de fazer inveja à concorrência.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,2 s
0 a 1.000 m: 33,1 s – 158,6 km/h
Velocidade máxima: 195 km/h*
Retomada
D 40 a 80 km/h: 5 s
D 60 a 100 km/h: 5,7 s
D 80 a 120 km/h: 7,8 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 15,3/27,6/60,4 m
Consumo
Urbano: 9,4 km/l
Rodoviário: 12,1 km/l
Ficha técnica
Preço: R$ 121.990
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16V, 1.499 cm3; 168 cv a 5.500 rpm, 21,4 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: CVT com 6 marchas virtuais, tração dianteira
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteiro) e disco sólido (traseiro)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 215/50 R17
Dimensões: comprimento, 441 cm; largura, 180 cm; altura, 166 cm; entre-eixos, 162 cm; peso, 1.365 kg; tanque, 50 l; porta–malas, 650 l
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