Impressões: Volkswagen Virtus 2023 melhora e vira sedã do Nivus
Com novo visual e novas versões, Volkswagen Virtus 2023 amplia seus alvos e se apoia em bons equipamentos e muito espaço interno para vender bem
Leitores de QUATRO RODAS voltam e meia se queixam do domínio de SUVs no mercado, o que de fato vem acontecendo. Não dá, entretanto, para se queixar do segmento de sedãs, que também parece (ainda) viver tempos prósperos.
Além de vários lançamentos em 2022, o ano atual começa com uma profunda reformulação do Volkswagen Virtus 2023, que, caso fosse um jogador de futebol, seria aquele famoso por correr de uma linha de fundo à outra. Isso porque o novo Virtus, além do visual, muda seu posicionamento: ao mesmo tempo que suas versões básicas buscam ocupar parte do espaço deixado pelo Voyage, a nova versão de topo busca agradar os fãs do finado Jetta 1.4, descontinuado na pandemia.
As versões intermediárias da linha 2023 ocupam papel parecido ao de antes no mercado, concorrendo com Hyundai HB20S, Honda City sedã, Nissan Versa e Chevrolet Onix Plus.
A Volkswagen, entretanto, dá sinais de que pretende ampliar sua parcela de vendas graças a uma política de preços agressiva: o Volkswagen Virtus Highline 2023, dirigido por nós, está renovado e, mesmo em tempos de inflação, custando o mesmo de antes. A versão segue por R$ 130.990, pelo menos em março, quando chegará às lojas.
Mudanças externas
A Volkswagen não é conhecida exatamente por ousar no campo estético. Portanto, considerando o histórico da marca, o Virtus teve mudanças consideráveis.
O para-choque dianteiro traz desenho inédito, um desejo específico do diretor de design da marca, José Carlos Pavone. “Eu achava a frente curtinha demais”, explicou. Foi a deixa para alterar, também, os faróis (de leds em todas as versões) e outros nichos. As peças de iluminação agora vêm do Nivus, aproximando sedã e SUV e deixando o Polo um pouco mais isolado na família.
A traseira ganhou difusor de ar a fim de apimentar um pouco mais o estilo e uma nova assinatura luminosa, com o nome do carro por extenso. Segundo Pavone, a superfície do porta-malas é inspirada em barcos. Outra novidade são as rodas de aro 17 com desenho mudado e um novo tom de azul disponível para a carroceria.
No fim das contas, a máscara negra das lanternas parece ser a forma mais fácil de identificar o novo Virtus nas ruas. O que mais deve ocorrer, porém, são aqueles que notarão existir algo diferente nesse modelo, mas sem saber exatamente o quê.
Mudanças internas
Com um pacote de equipamentos que já agradava em 2022, o Volkswagen Virtus Highline não tinha muitos motivos para mudar nesse aspecto; de fato, as alterações foram pontuais. Uma das coisas que mais chama atenção é a presença de detalhes em material que imitam couro: no painel, nas portas e nos bancos, o “couro sintético” marrom melhora o aspecto geral do carro, e foi uma decisão tomada após a Volks ouvir opiniões do público e da crítica.
Ainda que o material mais nobre agrade à vista, ele não é macio ao toque, pelo contrário. A dureza também vale para os plásticos com aspecto ruim que, mesmo com a companhia do tecido premium, seguem predominando pela cabine.
Apesar disso, motorista e ocupantes estão bem cuidados no Virtus Highline: os seis airbags são de série desde a versão mais barata do carro, garantindo o detalhe primordial da segurança. O quadro de instrumentos de 10,25’’ é a referência do segmento graças à qualidade da tela e da interface. A central multimídia VW Play de 10’’ divide opiniões, ainda que o repórter também a considere acima da média.
Todas as versões automáticas do Virtus trazem controle de cruzeiro adaptativo e frenagem autônoma de emergência. O pacote tecnológico é completado pelos sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, além dos sensores que ligam automaticamente limpadores e faróis conforme condições de chuva e iluminação, respectivamente.
Desempenho
Ainda que traga um dos motores 1.0 mais potentes do Brasil, o 200 TSI, o Virtus Highline (e o Comfortline, logo abaixo) passa longe de encantar pela performance, com seus 128 cv e 20,4 kgfm. Curiosamente, o tempo de 0 a 100 km/h é até maior que os das versões mais baratas, com motor de 116 cv e 16,5 kgfm: 10 s contra 9,8 s, segundo dados de fábrica.
A transmissão automática de seis marchas cumpre bem seu papel, e raramente é necessário utilizar as trocas sequenciais no volante ou alavanca para agilizar a escolha de marcha. Ao mesmo tempo, pisar fundo não emociona: o três cilindros faz bastante barulho, mas o carro ganha velocidade maneira bem “mundana”.
Isso acaba fazendo pouca diferença na estrada, onde o sedã mantém velocidades acima de 100 km/h com baixas rotações e silêncio adequado. O consumo, segundo dados do Inmetro, são bons: com gasolina, com 11,8 km/l na cidade e 15,0 km/l na estrada. Com etanol, são 8,2 km/l em cenário urbano e 10,4 km/l em ciclo rodoviário.
A engenharia da Volkswagen fez questão de destacar as mudanças no conjunto de suspensão do carro, que manteve a geometria mas traz mudanças no amortecedores, mais adequados aos tipos de imperfeições do mundo real. É sutil, mas dá para notar que o carro se sai bem nesse aspecto, ajudado pela elevada rigidez torcional. A suspensão traseira com eixo traseiro, entretanto, impede que o comportamento dinâmico seja equivalente ao de um sedã médio mais caro.
Espaço de sobra
Viajar atrás não deve ser problema no Virtus, com 2,65 m de entre-eixos que significam farto espaço para as pernas na segunda fileira. Com duas saídas de ar e duas entradas USB-C, a segunda fileira só não é perfeita pela limitação estrutural da largura do carro (1,75, sem contar os retrovisores), que invariavelmente causa algum aperto a quem viaja no meio.
Outro pecado é um bolso que, além de existir somente atrás do banco dianteiro direito, é estranhamente pequeno. No fim, a economia de custos gerou um porta-objetos incomum, que não cabe uma revista mas apenas papéis pequenos, um aparelho eletrônico ou coisa parecida.
Mas são coisas releváveis quando entra em cena o porta-malas, com 521 litros (VDA). O espaço amplo parece ideal para os chefes de família, que provavelmente terão espaço mais do que suficiente para as viagens de fim de semana. Além disso, supera com folga o espaço de concorrentes como o Hyundai HB20S (475 l), Nissan Versa (482 l) e Toyota Yaris Sedan (473 l).
É principalmente contra essa turma que o novo Virtus comprará brigas, em suas diferentes versões. O projeto confiável se soma ao design moderno e ao preço bem competitivo ao qual a VW conseguiu chegar. Da versão Highline em diante, também há três revisões gratuitas como um adicional para fisgar o comprador.
A partir de 9 de março, quando chega às lojas, o novo Volkswagen Virtus 2023 inicia uma ofensiva bem calculada, que tem bons motivos para ser bem-sucedida. O veredicto, claro, será dado pelo consumidor.
Ficha técnica do Volkswagen Virtus Highline 2023
Preço: R$ 130.030 (sem opcionais)
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, três cilindros, 999 cm3, 12V, turbo, 128/116 cv a 5.500 rpm, 20,4 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: discos ventilados (diant.) e sólidos (tras.)
Direção: elétrica
Pneus: 205/50 R17
Dimensões: comprimento, 456,1 cm; largura, 175,1 cm; alt., 147,6 cm; entre-eixos, 265,1 cm; peso, 1.213; tanque, 52 l; porta-malas, 521 l