Impressões: novo Peugeot 2008 é mais SUV e menos “Palio Weekend Adventure”
Segunda geração troca silhueta de perua anabolizada pela de um SUV moderno, com genes do 3008, para ser mais competitiva no segmento
Ainda distante do Brasil – a estimativa é que chegue em 2021, depois da renovação completa 208, com quem compartilha a plataforma modular CMP -, a segunda geração do 2008 constitui uma revolução muito, muito grande.
Tão grande quanto ocorreu com o 3008 frente à sua anterior geração.
Isto porque, enquanto o modelo médio deixou de ser um monovolume para se tornar um SUV propriamente dito, o compacto partiu de uma espécie de “perua aventureira anabolizada” para se tornar, também, um legítimo e inconteste SUV.
Bom prenúncio, porque o “irmão” maior é um êxito em todos os mercados onde se encontra à venda, e projetou a imagem da Peugeot para patamares muito mais elevados do que esta conhecia.
QUATRO RODAS já experimentou um protótipo do modelo, que chegará às ruas da Europa no começo de 2020, com fabricação em Vigo (Espanha). Por aqui, será preciso aguardar o início da produção em El Palomar (Argentina) para vê-lo em nossas ruas, mas nós te adiantamos o que vem pela frente.
A linguagem de design é a que conhecemos dos mais recentes carros da marca francesa, com pinceladas do novo 208 (basta observar as bandas de led à frente), do sedã 508 (como nas óticas traseiras ligadas horizontalmente) e, claro, do próprio 3008.
Deste último foram herdadas a linha de cintura ascendente, as caixas de rodas bastante abauladas alargadas, a carroceria com pintura bitom e a superfície vidrada relativamente estreita, o que lhe dá um certo ar de Range Rover Evoque.
Também por dentro o SUV de 4,30 metros de comprimento (14 cm a mais) se aproxima de modelos maiores da marca do leão, tal qual já ocorrera com o próprio 208.
Estão ali o conceito i-cockpit com mini-volante ovalado, o quadro de instrumentos elevado com imagens digitais holográficas e a tela central direcionada para o motorista (esta menos impressionante que os primeiros elementos).
Convém ter alguma atenção na hora de ajustar as posições da altura do assento e de altura e profundidade da coluna de direção, para que a parte superior do aro não obstrua informações importantes da instrumentação.
Assim como no 208, as imagens do cluster possuem efeito tridimensional e são mostradas de forma dinâmica, ou seja, a informação considerada mais importante no momento ganha mais destaque na tela.
E o seletor de marchas do câmbio também fica bastante próximo ao aro do volante, o que sublinha seu apelo esportivo.
Tanto no painel central quanto nas guarnições das portas há uma vasta superfície com revestimentos de toque suave, algo de que poucos concorrentes podem se orgulhar.
Como opcionais – na Europa, frisemos. Impossível saber ainda o que desses equipamentos será trazido ao nosso mercado -, podem existir sistema de navegação, faróis principais em led, assistente de estacionamento automático e teto solar panorâmico. Tudo em quatro versões: Active, Allure, GT Line e GT.
Graças ao entre-eixos de 2,60 metros (6 cm a mais do que a geração atual), o 2008 oferece espaço interior suficiente para cinco adultos (especialmente generoso em comprimento e altura atrás), além de um porta-malas com ótimos 434 litros.
Por conta da posição de dirigir mais elevada, a visibilidade dianteira é um bocado superior à do 208.
O portfólio de motorizações inclui um três-cilindros turbo de 1,2 litro, que rende 100, 130 ou 155 cv. Na Europa, os adeptos do diesel poderão optar pela opção quatro-cilindros de 1,5 litro, que está disponível em potências de 100 ou 130 cv.
Os motores menos potentes trabalham sempre com o câmbio manual de seis marchas, enquanto os de topo podem estar acoplados à transmissão automática de oito (também algo único nesta classe).
Na chegada ao mercado, também estará disponível o e-2008, com propulsão elétrica semelhante ao do 208 elétrico: 100 kw/136 cv de potência, 26,5 mkgf de torque e 310 km de autonomia (menos que a do 208, na norma WLTP, por se tratar de um veículo mais pesado e com aerodinâmica menos favorável).
As baterias de 50 kWh são refrigeradas a água e isso permitirá fazer recargas até 100 kW, ou seja, até 80% do total em apenas 30 minutos.
Voltando a falar das configurações a combustão, em nossa primeira experiência dinâmica focamos na configuração 1.2 turbo de 155 cv, boa candidata a estar no futuro 2008 sul-americano (junto com os propulsores 1.6 aspirado e 1.6 turbo flex.
Ela consegue mover o SUV com bastante destreza, principalmente pela oferta de 24,5 mkgf de torque logo a 1.750 rpm. O câmbio automático é suave nas trocas e suficientemente rápido, acrescentando uma nota premium à condução.
Aprovação total para a forma como as oscilações transversais da carroceria são contidas pelo trabalho das suspensões, para que nem altura da carroceria de 1,55 m nem o vão livre do solo de 18 cm prejudiquem grandemente a estabilidade.
A direção se mostra razoavelmente precisa, mas tem sua sensação de agilidade acentuada pelo fato de o volante ser minúsculo e cortado nas extremidades.
Ficha técnica – Peugeot 2008 GT Line 1.2 turbo
Preço: não definido
Motor: gas. diant., transv., 3 cil. em linha, turbo, injeção direta, 1.199 cm3; 155 cv a 5.500 rpm, 24,5 mkgf a 1.750 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: discos ventilados (diant.), discos sólidos (tras.)
Direção: elétrica
Pneus: 215/55 R18
Dimensões: compr., 430 cm; larg., 177 cm; alt., 155 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 1.205 kg; porta-malas, 434 l