Impressões: Mitsubishi Eclipse Cross chega ao Brasil em 2018
Plataforma do Eclipse Cross é a mesma do ASX, mas eles são tão diferentes quanto o Sol e a Lua
Ninguém duvida do poder dos SUVs. De acordo com a Mitsubishi, em 2016, na Europa, eles responderam por 77% das vendas. E metade desse gigantesco bolo era de versões 4×4. É com foco nessa realidade que a Mitsubishi está reformulando sua gama no mercado europeu.
Na prática, essa história começa com o SUV deste post, o Eclipse Cross, e seguirá com a próxima geração do Outlander (antecipada pelo conceitual GT-PHEV, de 2016) e um modelo de menores dimensões – com silhueta de SUV, claro –, criado especialmente para colocar a marca em condições de briga num oceano de tubarões: o segmento de SUVs compactos.
A essa altura, você deve estar se perguntando: “E o ASX, como fica?”. Vamos lá: esse futuro SUV compacto ficará acima do modelo feito em Catalão (GO). Contada a história, é chegada a hora da apresentação.
Mais moderno nas linhas, com traseira com ares de cupê e melhor qualidade geral, o Eclipse Cross é, assim como o Outlander, montado sobre a mesma plataforma do ASX. Isso explica o fato de os três terem o mesmo entre-eixos de 2,67 metros.
Em termos estilísticos, este SUV segue a lógica, combinando o ar familiar da seção dianteira com um perfil dinâmico, com amplas caixas de rodas e linha de cintura ascendente.
A traseira, com uma espécie de janela inferior translúcida, amplia a área envidraçada. Modelos como Citroën C4 VTR e a versão hatch do Civic apostam em solução parecida. É estranho e leva um tempo, mas você se acostuma.
O ASX era um dos modelos menos dotados de espaço para pernas atrás e de capacidade do porta-malas em sua categoria.
Sendo assim, os japoneses optaram pela única solução possível para resolver o problema sem mexer na distância entre-eixos: um banco traseiro móvel, capaz de avançar e recuar sobre trilhos longitudinais de 20 cm, permitindo ampliar o espaço para bagagens ou ocupantes, conforme a necessidade.
O banco traseiro, bipartido, tem uma posição mais elevada do que os dianteiros. No acesso a ele, uma clara evolução face ao ASX: as portas abrem num ângulo muito mais generoso.
A imitação de fibra de carbono (usada em alguns pontos, como na moldura dos botões dos vidros) e o plástico cromado (no console central) borram o quadro geral de qualidade razoável.
Nas versões mais equipadas haverá uma central multimídia com monitor de 7 polegadas e head-up display (sistema que projeta as principais informações do carro em uma pequena tela acrílica à frente do volante).
O Eclipse 1.5 turbo, a gasolina, com câmbio manual foi a versão escolhida no nosso test-drive realizado em Barcelona, na Espanha.
Como a alavanca do câmbio fica bem perto do volante, é fácil tocar o SUV sem deixar as rotações caírem entre as trocas de marcha, o que permite curtir ainda mais o novo motor 1.5 turbo.
Esse quatro cilindros tem potência máxima elevada (163 cv) e empolga pela forma como responde com contundência logo acima das 1.600 rpm.
Nas curvas, os benefícios de uma carroceria notadamente mais rígida em termos de torção. Com menor altura livre do solo em relação ao ASX (18,3 cm ante 19,5 cm), o Eclipse tem baixo nível de inclinação da carroceria, o que o torna agradável de dirigir.
A quem optar pela versão mais completa, com direito a tração 4×4 – a que dirigimos em tração apenas dianteira –, lembro que o sistema S-AWC é reconhecidamente competente (tendo sido estreado em 1987, no Galant VR4, e sucessivamente melhorado ao longo de dez gerações do Lancer Evolution, um monstro nas provas de rali).
O S-AWC distribui o torque, em condições normais de rodagem, em 80% para as rodas dianteiras e 20% às traseiras. Em casos críticos de aderência reduzida, a proporção pode se inverter, com maior carga para as rodas do eixo traseiro em até 40%/60%.
De acordo com a versão, mudam também as transmissões, que podem ser feitas por uma caixa de relações continuamente variáveis (CVT) ou ainda por um câmbio automático convencional, com conversor de torque e oito marchas.
Com o início das vendas na Europa previsto apenas para a metade de 2018, a Mitsubishi ainda não fala em preço do Eclipse Cross por lá.
Mas no Brasil, onde sua chegada já foi confirmada oficialmente, ele deverá ficar entre o ASX 4×4 (R$ 120.000) e o Outlander (R$ 145.000).
Veredicto
O bom motor 1.5 turbo é o grande destaque do Eclipse Cross frente ao ASX. Mas ele também vai além em materiais, acabamento, funcionalidade, visual e… preço.
FICHA TÉCNICA – MITSUBISHI ECLIPSE CROSS
- Preço: R$ 135.000 (valor estimado)
- Motor: gas., diant., transv., 4 cil. em linha, 1.499 cm3; 16V, inj. direta, turbo, 163 cv a 5.500 rpm, 25,5 mkgf entre 1.800 rpm
- Câmbio: manual, 6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (dianteira) e multilink (traseira)
- Freios: discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira)
- Direção: elétrica, 11,4 m (diâmetro de giro)
- Rodas e pneus: liga leve, 215/70 R16
- Dimensões: comprimento, 440,5 cm; largura, 180,5 cm; altura, 168,5 cm; entre-eixos, 267 cm; peso, 1.425 kg; porta-malas, 341 l (banco recuado) e 488 l (banco avançado)
- Desempenho*: 0 a 100 Km/h em 9,5 s, velocidade máxima: 205 km/h
*Dados de fábrica