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Impressões: Jeep Wrangler 4xe não abre mão da tradição e faz 24,4 km/l

A eletrificação não conhece fronteiras nem credos. O Wrangler 4xe híbrido é a prova de que até os off-road mais radicais têm de se render

Por Joaquim Oliveira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 dez 2021, 00h30
Jeep Wrangler 4XE
Adesivos e detalhes azuis destacam a versão híbrida e sua mecânica própria (Divulgação/Quatro Rodas)

O mito por trás da marca Jeep começou a nascer, por razões militares, há 80 anos. A imagem de carros imbatíveis e valentes no off-road se estendeu ao uso civil e pouco mudou quando o Jeep CJ se transformou em Wrangler.

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Mas o progresso está levando o Jeep Wrangler para o caminho da eletrificação e esse está longe de ser o primeiro obstáculo insuperável para um modelo com tanto legado.

Híbrido plug-in, que pode ter sua bateria recarregada em tomadas, o Jeep Wrangler 4xe é rebelde até na forma como aproveita o rendimento dos seus dois motores elétricos.

Porque pode funcionar como um carro elétrico e como um híbrido de câmbio, cardãs e eixos rígidos com os parrudos diferenciais Dana 44 Heavy Duty (nas versões Rubicon) e o sistema que inibe o efeito da barra estabilizadora dianteira para garantir maior amplitude de movimento às rodas dianteiras.

Jeep Wrangler 4XE
Versão tem motor a gasolina, mas as baterias podem carregar na tomada (Divulgação/Quatro Rodas)

Quer dizer que o sistema 4×4 do Wrangler híbrido preserva o diferencial central, novidade desta oitava geração do modelo. E também que seu funcionamento em nada tem a ver com as versões híbridas de Jeep Compass e Renegade – que estreiam no Brasil antes que 2021 acabe e que usam um motor elétrico de 60 cv para acionar as rodas traseiras e garantir o 4×4.

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Pegue o motor 2.0 turbo a gasolina de 272 cv e 40,2 kgfm do Wrangler vendido no Brasil e adicione a ele um motor elétrico de 63 cv, que substitui o alternador e o motor de partida, acoplado ao virabrequim por uma correia, que funciona como um gerador e também recupera energia nas desacelerações e frenagens.

O segundo motor elétrico tem 145 cv e está acoplado ao câmbio automático de oito marchas, e é o único motor elétrico que pode realmente impulsionar o Jeep.

Esse grupo motopropulsor – cujo rendimento máximo é de 380 cv e 65 kgfm – fica completo com duas embreagens, que junto com o maior motor elétrico ajudam a substituir o conversor de torque, que seria um problema neste sistema.

Jeep Wrangler 4XE
Novamente, são os detalhes azuis que diferem o híbrido (Divulgação/Quatro Rodas)

Isso porque o motor 2.0 a gasolina também pode funcionar como mero gerador, deixando para o elétrico de 145 cv a missão de mover o Wrangler sozinho. As baterias de 400 V e 17,3 kWh garantem autonomia de até 45 km em modo elétrico puro. O impulso do motor 2.0 às rodas só é fundamental a partir dos 135 km/h.

Dentro do Wrangler 4xe poucas coisas dão pistas de algo incomum. O painel é vertical e mostra aspecto espartano, mesmo depois de ter sido modernizado com quadro de instrumentos parcialmente digital e central multimídia de 8,4 polegadas. O azul nas costuras, porém, sinaliza que se trata de um híbrido.

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Mas pode ser um elétrico, caso você queira. Os botões seletores dos modos estão à esquerda do volante. São três modos: híbrido (que gerencia a participação dos motores automaticamente), Elétrico e E-Save, com duas atuações, para manter a carga da bateria ou para recarregar a bateria até os 80%.

Este último modo é pouco aconselhado, por elevar muito o consumo. Na base do console está o convencional seletor do câmbio automático, o da reduzida e o acionamento do bloqueio dos diferenciais. É ao lado deste que vai o comando para desconectar a barra estabilizadora.

JEEP Wrangler 4XE
Central mostra a distribuição de energia (Divulgação/Quatro Rodas)

Os primeiros quilômetros foram feitos em asfalto, ainda na cidade de Turim, na Itália, a caminho de uma zona montanhosa, próximo da fronteira com a França. E mesmo assim pôde surpreender a quem não esperava ver um Jeep Wrangler que não faz nenhum barulho de motor ao passar, mas a sensação é agradável.

E curiosa: o câmbio automático de oito marchas também gerencia o motor elétrico, ainda que carros elétricos não costumem usar câmbio. As trocas são praticamente imperceptíveis. Mas o desempenho é aquele que você teria com um carro de 145 cv e mais de 2.300 kg: nada impressionante.

Como a autonomia elétrica é de apenas 45 km (segundo a Jeep) e o trajeto de estrada tinha quase o dobro disso, logo selecionei o modo E-Save para garantir a ajuda elétrica em toda a trilha fora de estrada mais adiante.

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Trechos mais sinuosos pelo caminho confirmaram que este ainda é um Wrangler, que está longe de se destacar pela agilidade e continua se inclinando bastante em curva, mesmo com o peso da bateria, instalada sob o banco traseiro.

Jeep Wrangler 4XE
Bateria de 400 V vai logo abaixo do assento do banco traseiro (Divulgação/Quatro Rodas)

A transição entre motores é suave. O que se percebe são algumas hesitações no sistema e uma ou outra sacudidela.

E o funcionamento do conjunto de embreagens que conectam o motor 2.0 garante barulho de embreagem automatizada desacoplando. Por sinal, a desaceleração normal é fraca (0,25 g ou 2,45 m/s2) e quem gostar de dirigir quase só com o pedal da direita (praticamente sem tocar no freio) deve selecionar o botão Max Regen (de máxima regeneração), no console.

O Jeep Wrangler 4xe é, de longe, o mais rápido de toda a gama, apesar das mais de 2,3 toneladas de peso, como indiciam os 6,4 s de 0 a 100 km/h, enquanto a velocidade máxima de 156 km/h é limitada.

A grande ajuda da propulsão elétrica quando temos que avançar sobre pedras e lama surpreende. Em vez de ser preciso subir muito as rotações do motor a gasolina, o torque instantâneo de 25 kgfm do motor elétrico facilita a transposição de obstáculos.

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Jeep Wrangler 4XE
The charge port on the 2021 Jeep® Wrangler 4xe is mounted on the left cowl. The charge port is covered with a push open/push close door. (Divulgação/Quatro Rodas)

Nem vale a pena pensar em dirigir o Wrangler 4xe sem ter a bateria cheia (pode carregar a 3,2 kW em 6,5 horas ou a 7,4 kW em 2,5 horas), porque aí a gasolina vai evaporar do tanque em ritmo equivalente a 8 km/l, além de fazer com que o silêncio desapareça e o motor de quatro cilindros se mostre bem ruidoso.

Depois porque, se usar muitas vezes a função E-Save, vai prejudicar ainda mais o consumo de gasolina (E-Charge, então, nem se fala), pelo que o melhor é deixar o sistema híbrido decidir o que serve para cada momento e assim conseguir consumos mais moderados e próximos dos 24,4 km/l anunciados oficialmente. Pelo menos por 45 km.

É um grande salto para a Jeep, mas feito em um momento que várias montadoras já começam a ter sistemas que asseguram viagens com o dobro (ou até mais) de autonomia 100% elétrica.

Jeep Wrangler 4XE
(Divulgação/Quatro Rodas)

Veredicto

O Jeep Wrangler consegue se comportar como híbrido e elétrico sem ter sua capacidade off-road prejudicada.

Ficha Técnica Jeep Wrangler 4XE

Preço: 70.800 euros
Motor: gas., dianteiro, longitudinal, 4 cil., 16V, turbo, injeção direta, 1.995 cm3; 272 cv a 5.250 rpm, 40,7 kgfm, 3.000. Motor de partida elétrico de 63 cv e 145 cv
Câmbio: automático, 8 marchas, 4×4.
Suspensão: eixos rígidos
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Pneus: 225/45 R21
Dimensões: comprimento, 488,2 cm; largura, 189,5 cm; altura, 190,1 cm; entre-eixos, 300,5 cm; peso, 2.383 kg; porta-malas, 533 l
Desempenho:
0 a 100 km/h, 6,4 s; velocidade máxima de 156 km/h; tempo de recarga, 6h30 (3,2 kW) e 2h30 (7,4 kW)

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