Impressões: BMW Série 3 melhora para seguir reinando entre sedãs de luxo
Com fórmula consagrada em vigor, BMW se limita a modernizar e alterar levemente a estética da versão brasileira de seu carro-chefe no mundo
Com a prudência calculada que associamos aos alemães, a BMW decidiu que era hora de mudar algumas coisas no seu modelo mais famoso, o Série 3. Fabricado no Brasil em três configurações (BMW 320i GP, 320i Sport GP e 320i M Sport), o sedã de luxo fez escolhas racionais ao manter aspectos consagrados e atualizar outros que já davam sinais de cansaço na sua linha 2023, que chega agora às concessionárias brasileiras.
Nessa lógica de mudanças calculadas, o motor 2.0 turbo se mantém e, claro, mantém sua configuração longitudinal com tração traseira. É assim que o 320i M Sport, de R$ 347.950, dirigido pela reportagem consegue acelerar ainda melhor do que se espera dos seus 184 cv e 30,6 kgfm.
Ainda não o levamos à pista, mas as tomadas de tempo devem ser bem parecidas com as da versão anterior, que ia de 0 a 100 km/h em 7,6 s. A velocidade máxima também é boa para o potência equivalente à de um Jeep Compass 1.3, com 235 km/h.
O visual também foi mantido nas suas linhas gerais, mas houve alterações delicadas principalmente na dianteira, onde os faróis perderam o “dente” na moldura e o para-choque ganhou superfícies planas e cunhas que dão aspecto que remete aos BMW mais atrevidos da atualidade, como o novo esportivo M2 e o SUV elétrico XM. O mesmo vale para a traseira, onde o para-choque ganhou alterações semelhantes.
Interior elogiável
O BMW 320i M Sport, topo de linha, tem luxo comparável a de modelos mais caros, e o pacote completo está ainda melhor. A grande novidade da linha 2023 é o que a BMW chama de Live Cockpit Professional. São duas telas curvadas que seguem a moda de estarem unidas sob a mesma moldura. A curvatura facilita levemente a leitura das informações e acaba dando um charme extra ao, discretamente, quebrar a sensação de que a fabricante simplesmente embutiu um tablet no painel.
O quadro de instrumentos (12,3’’) e a central multimídia (14,9’’) são controladas pelo mesmo Sistema Operacional 8, que mantém a tradição de ser um dos softwares mais completos dentre várias montadoras. Na prática, isso significa que o quadro de instrumentos e a tela multimídia funcionam de maneira harmônica e alinhada, não apenas como duas partes independentes (via de regra na maioria dos carros).
Do Android Auto e Apple Carplay (conectáveis sem fio) a informações de navegação, é possível comandar a vastidão de recursos do dado por diferentes formas, incluindo ainda o head-up display com belos grafismos e os gestos que são feitos frente ao painel.
É uma novidade que veio do BMW iX, também referência para a substituição da alavanca de câmbio por um seletor discreto — aspecto clean em contraste à época que modelos da alemã tinham botões em excesso. No fim das contas, a fabricante bávara se destaca entre BMW e Mercedes, por ser quem melhor utiliza recursos tecnológicos nos seus modelos de entrada, fazendo muito com pouco.
O destaque à tecnologia não é à toa: de resto, pouco mudou no BMW Série 3, que mantem o couro Vernasca em cores elegantes (como o vinho das fotos), ajuste elétrico dos bancos da frente, três zonas de ar-condicionado e som da Harman Kardon a partir da versão intermediária.
Infelizmente, o recurso que mais faz falta aos bancos de couro, a ventilação do assento, segue inexistente. A posição de dirigir, entretanto, é um charme à parte pela proximidade do solo, e os confortáveis assentos permitem um passeio cada vez mais raro com a invasão global dos SUVs.
Desempenho agradável
Ainda que 2.0 turbo flex da Série 3 não seja de cair o queixo, os ajustes mecânicos permitem que o carro tenha modos de condução que mudem o comportamento dinâmico, mas bem além das relações de marcha.
Obviamente, o momento das trocas do câmbio automático de oito marchas mudam conforme o modo Sport, Comfort ou Eco Pro. Mas também é notável a alteração na sensibilidade dos comandos do carro, que, no Sport, fica arisco e exige pé leve para evitar trancos na frenagem ou aceleração.
Com o centro de gravidade próximo ao solo e suspensão independente nas quatro rodas (e bem calibrada), o 320i M Sport chega a dar um gostinho da divisão Motorsport, com estabilidade em curvas sinuosas e recursos eletrônicos que ajudam o “piloto” eventual sem permitir que ele corra riscos mas sem deixar o sedã sem sal.
Entre outras “gracinhas”, há até um conta-giros esportivo que é projetado no HUD e indica ao motorista o tempo ideal para as trocas de marcha nas borboletas do volante; esse, inclusive, com boa empunhadura.
Ao mesmo tempo, os modos mais suaves de condução deixam o 320i bem macio, e nesse momento se destaca o ajuste dos amortecedores ao filtrar imperfeições do asfalto, sem esconder vibrações importantes ao motorista como sonorizadores e olhos-de-gato.
Com trocas de marcha e resposta do acelerador que favorecem o consumo de combustível, não há emoção. Há, entretanto, conforto suficiente para curtir os recursos multimídia, o conforto da “nave” e a convicção de que o dinheiro foi bem gasto. Não é à toa que poucos se atrevem a competir com a BMW e sua Série 3 no segmento.
Ficha Técnica – BMW 320i M Sport
- Motor: flex, dianteiro, long., 4 cil., 16V, turbo, 1.998 cm³, 184 cv a 5.000 rpm, 30,6 kgfm a 1.350 rpm
- Câmbio: aut., 8 marchas, tração traseira
- Suspensão: ind. McPherson (diant.), multilink (tras.)
- Freios: disco ventilado
- Direção: elétrica, 11,4 (diâmetro de giro)
- Pneus: 225/40 R19 (diant.), 255/35 R19 (tras.)
- Dimensões: comprimento, 470,9 cm; largura, 182,7 cm; altura, 143,5 cm; entre-eixos, 285,1 cm; vão livre do solo, 13,6 cm; porta-malas, 365 l; tanque de combustível, 59 l Peso, 1.460 kg