GWM Haval H6 PHEV19 e BYD Song Plus 2025 se enfrentam com baterias melhores
Híbridos mais vendidos do Brasil, os conterrâneos BYD Song Plus 2025 e GWM Haval H6 PHEV19 têm bons argumentos. Mas qual é o melhor?
BYD Song Plus e GWM Haval H6 já protagonizaram um comparativo por aqui na edição de agosto de 2023. Agora, exatamente um ano depois, os híbridos mais vendidos do Brasil voltam a se encontrar para um acerto de contas, motivado pelo fato de que o SUV da BYD chegou à linha 2025 com novidades, com destaque para uma bateria maior, ao mesmo tempo que o da GWM estreia a versão PHEV19, lançada sob medida para enfrentar o rival.
A briga é tão declarada que até os preços são quase iguais: o Song Plus 2025 sai por R$ 239.800, enquanto o Haval H6 PHEV19 custa R$ 239.000. Apesar da balança muito bem equilibrada, temos um vencedor neste tira-teima dos SUVs chineses.
Para ambos os casos, a aparência é a mesma das milhares de unidades do Song Plus e do Haval H6 que rodam pelas ruas brasileiras, mas os mais observadores saberão identificar as novidades. O Song Plus mantém os faróis full-led, a grade de tamanho generoso, as rodas de 19” diamantadas e as lanternas que vão de um lado a outro na traseira. Porém, na linha 2025, o logotipo com o nome do modelo está diferente: ele passa a ser disposto na horizontal e ganha o nome “BYD”.
No Haval H6, que também mantém a grade com efeito tridimensional, detalhes em preto brilhante e lanternas que cortam a traseira, a diferença fica para as rodas, que têm desenho exclusivo, acabamento diamantado e tamanho igual às do rival, com 19”. Os pneus, porém, têm perfil mais alto: 235/55, contra 235/50 do BYD.
Isso tudo significa que o Song Plus segue com visual mais refinado, enquanto o Haval passa maior sensação de robustez, com linhas e volumes mais simples, mas mais sólidos.
Essa diferença característica se estende ao interior dos SUVs e faz com que o Song Plus saia na frente na disputa. Sua cabine é seu maior ponto de sedução, com boa qualidade de materiais e acabamentos, mesclas de brilhos, texturas e cores, e um desenho equilibrado. Esse conjunto salta aos olhos, também pela nova multimídia giratória de 15,6”, que beira o exagero. O quadro de instrumentos tem 12,3”.
No Haval, o visual é mais sóbrio e simples, com linhas horizontais e superfícies lisas – mesmo que a versão PHEV19 tenha exclusivos apliques em tom de bronze e revestimentos mais claros. Embora use materiais de qualidade, com toque macio, o H6 ainda lança mão de apliques menos refinados, como as superfícies em preto brilhante no console central e nos puxadores de porta.
Também falta refinamento nos botões do console. A tela da central multimídia tem 12,3” e parece pequena perto da vista no BYD, mas tem tamanho certo. Vale a repetição: a tela do rival acaba sendo grande demais. O quadro de instrumentos é menor, de 10,25”, com boas informações e visualização.
Entre os equipamentos, as listas de ambos são muito parecidas. Os dois têm Android Auto e Apple CarPlay sem fio, carregador de celular por indução, faróis e lanternas full-led, teto solar panorâmico elétrico, câmeras 360o, retrovisor interno antiofuscante (novidade no Song Plus 2025), seis airbags, assistente de descida, bancos dianteiros com ajustes elétricos e ventilação, e ar-condicionado bizona.
Eles também trazem sistemas de auxílio à condução, como piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência, detector de pontos cegos, assistente de permanência em faixa, aviso para abertura das portas (com alerta caso outro veículo esteja se aproximando) e reconhecimento de placas de velocidade com alertas. Causa estranheza, porém, que modelos modernos e tecnológicos como os dois só ofereçam USB do tipo A, o mais antigo.
Há, porém, equipamentos presentes em um ou em outro. Apenas o Song Plus tem aquecimento nos bancos dianteiros, faróis altos automáticos, amortecedores pneumáticos no capô, retrovisores externos com aquecimento e sistema NFC – que permite que o proprietário substitua a chave comum por um cartão (como um cartão de crédito) para abrir e ligar o carro. Esse recurso chegou agora na linha 2025 e também é possível criar um acesso digital no smartphone com esse cartão, para abrir e ligar o carro apenas com o celular.
Para o Haval, as vantagens estão nos alertas de tráfego cruzado, head-up display, distanciamento automático de até 30 cm de veículos grandes transitando na faixa ao lado, internet 4G com Wi-Fi e sistema Auto Reverse, que refaz em marcha contrária os últimos 50 metros percorridos, com detecção de novos obstáculos. Neste caso, se possível, o veículo faz uma nova rota segura até chegar ao ponto de origem.
O GWM também tem um modo de condução a mais (Neve), além dos Normal, Sport e Eco, presentes no BYD, e ajustes exclusivos para a direção, com os modos Conforto, Normal e Esportivo.
Em espaço, apesar de ser menor em comprimento e entre-eixos, o Haval H6 leva a melhor. Quem viaja nos bancos dianteiros tem à disposição mais amplitude, já que o painel fica mais longe. Quem for atrás, tem mais espaço para as pernas – embora os ocupantes do Song Plus também viajem com muito conforto e longe do aperto.
Ambos têm o assoalho plano, o que ajuda ainda mais e permite acomodar uma terceira pessoa sem transtornos. Também nos dois há saídas de ar-condicionado e duas portas USB. No porta-malas do BYD cabem 574 litros, diferença pequena para os 560 l do GWM, que compensa com um vão maior. Ambos têm abertura e fechamento elétricos da tampa traseira.
É na mecânica que Song Plus e Haval H6 PHEV19 guardam as maiores novidades na linha 2025. O BYD destaca a bateria maior, agora de 18,3 kWh – antes, eram 8,3 kWh. Com isso, a autonomia 100% elétrica prometida subiu de 28 para 68 km, no ciclo PBEV. Ele continua apenas com opção de recarga lenta (AC), mas a potência máxima aumentou de 3,3 para 6,6 kW.
Ele também passou por mudanças nos motores. O 1.5 aspirado, abastecido com gasolina, passou de 110 para 105 cv de potência, mantendo os 13,8 kgfm de torque. O motor elétrico, por sua vez, ganhou números mais robustos: passou de 179 cv e 32,2 kgfm para 194 cv e 33,1 kgfm. Mesmo assim, a BYD segue divulgando a potência combinada de 235 cv, a mesma do modelo 2024. Não há torque combinado divulgado. O câmbio segue do tipo eCVT, sem simulação de marchas.
No caso do Haval, a versão PHEV19 é inédita no Brasil e fica abaixo da PHEV34, única plug-in até então. Para a novidade, a bateria é de 19kWh, com autonomia elétrica de 74 km. Ao contrário do Song Plus, o H6 tem opção de recarga rápida (DC) a até 33 kW. Em carregadores lentos (AC), a potência máxima é de 6,6 kW, como no concorrente.
O Haval H6 PHEV19 também é mais potente nas motorizações, que somam 326 cv e 54 kgfm, combinando o motor 1.5 turbo a gasolina e o elétrico (um a menos do que na versão superior), cujos torque e potência individuais a GWM não divulga. O câmbio, neste caso, tem duas marchas: uma para baixas e outra para altas velocidades. Mas o seletor giratório, apesar de bonito, incomoda pelo funcionamento lento em manobras. Nesse ponto a alavanca “joystick” do Song Plus vai melhor.
Os números mais robustos do Haval aparecem no desempenho. Em nossos testes, ele foi de 0 a 100 km/h em 7,2 segundos, significativamente melhor que os 8,8 segundos do rival. As retomadas têm diferenças ainda melhores a favor do Haval (veja ficha no final do teste). Mas ele paga o preço no consumo, com 17,1 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada, contra 18,1 e 16,1, respectivamente, no Song Plus.
Os consumos foram aferidos no modo híbrido, mas ambos oferecem modo elétrico, no qual nenhuma gota de gasolina será consumida – exceto se o motorista exigir desempenho, onde o motor a combustão entrará em ação.
Além dos números, é na dirigibilidade que as principais diferenças entre os modelos aparecem. O Song Plus foca no conforto, com um ajuste macio e silencioso da suspensão, que chega a ter balanços além da conta na traseira e movimentos pendulares ao passar por imperfeições ou lombadas. A direção vai pelo mesmo caminho, com ajuste mais pesado, mas ainda bem calibrada para uma condução confortável, e o isolamento acústico é elogiável. O problema é que tanto foco em conforto causa certa apatia e o SUV se torna aborrecido, sem transmitir prazer ao dirigir. As acelerações, inclusive, parecem muito mais lentas do que realmente são. Falta uma ligação maior entre o carro e o motorista.
O Haval, no entanto, tem uma dirigibilidade bastante comunicativa, em um conjunto mais bem calibrado para as condições e o gosto brasileiro, e que remete, guardadas as proporções, a modelos alemães. A suspensão tem rigidez suficiente para que o carro não balance como o Song Plus, mas mantenha uma boa absorção das irregularidades do terreno, graças à compressão suave nos amortecedores, que também têm curso longo. Tudo isso ajuda na estabilidade, mas não é tão silencioso. Já a direção é leve demais e o volante grande pode incomodar, especialmente pelo ângulo em que é posicionado – ele inclina a parte superior em direção ao painel e tem a pegada das mãos muito alta. Parte disso pode ser resolvido com os ajustes de direção. E, quanto ao peso, basta colocar no modo esportivo.
O GWM Haval H6 PHEV19 pode ser mais simples em acabamento e visual, mas vai melhor que o BYD Song Plus em equipamentos relevantes, mecânica e espaço interno. Além disso, a dirigibilidade é um dos seus pontos altos, com boa adequação para o solo brasileiro e mais agilidade no trânsito. Assim, ele repete o resultado de agosto de 2023 e sai como vencedor do comparativo.
Veredicto Quatro Rodas
O Song Plus seduz no visual e vai bem em itens de série e conforto. Mas o Haval H6 PHEV19 tem mais espaço, itens ainda mais relevantes, mecânica superior e uma dirigibilidade que seduz ainda mais.
Ficha Técnica – GWM Haval H6 PHEV19
Motores: gas., diant., 4 cil., 16V, 1.499 cm³, turbo; elétrico, diant.; potência total, 326 cv; torque total, 54 kgfm
Bateria: 19 kWh
Recarga: máx. 6,6 kW (AC); 33 kW (DC)
Câmbio: aut., 2 m., tração diant.
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: disco nas quatro rodas
Rodas e pneus: 235/55 R19
Peso: 2.310 kg
Dimensões: compr., 468,3 cm; larg., 188,6 cm; alt., 172,9; entre-eixos, 273,8 cm; porta-malas, 560 l; tanque de de combustível, 55 l
Ficha Técnica – BYD Song Plus DM-i 2025
Motores: gas., diant., 4 cil., 16V, 1.497 cm³, 105 cv, 13,8 kgfm; elétrico, diant., 194 cv, 33,1 kgfm; potência total, 235 cv
Bateria: 18,3 kWh
Recarga: máx. 6,6 kW (AC)
Câmbio: CVT, tração diant.
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e disco sólido (tras.)
Rodas e pneus: 235/50 R19
Peso: 1.790 kg
Dimensões: compr., 470,5 cm; larg., 189 cm; alt., 168; entre-eixos, 276,5 cm; porta-malas, 574 l; tanque de combustível, 52 l
Teste Comparativo
Aceleração | HAVAL H6 PHEV19 | SONG PLUS 2025 |
0 a 100 km/h | 7,2 s | 8,8 s |
0 a 1.000 m | 27,2 s – 188,7 km/h | 30 – 173 km/h |
Velocidade máxima | 180 km/h* | 170 km/h* |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 3,3 s | 4,3 s |
D 60 a 100 km/h | 3,8 s | 4,8 s |
D 80 a 120 km/h | 4,1 s | 6,3 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 15,1/26,7/60,2 m | 14,9/26,6/60,9 m |
Consumo | ||
Urbano | 17,1 km/l | 18,1 km/l |
Rodoviário | 13,4 km/l | 16,1 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | – / – dBA | – / – dBA |
80/120 km/h | 61,5/73,2 dBA | 60,6/72,8 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 99 km/h | 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D | – | – |
Volante | 2,5 voltas | 2,7 voltas |
SEU Bolso | ||
Preço básico | R$239.000 | R$239.800 |
Concessionárias | 71 | 111 |
Garantia | 5 anos | 6 anos |