GAC Hyptec SSR, o carro mais potente já testado por Quatro Rodas
GAC Hyptec SSR de 1.224 cv está no Brasil com uma missão: mostrar o carro elétrico que a fabricante chinesa já é capaz de fazer

Modo “Pro” ativado, controles de tração e estabilidade desligados, pé esquerdo no freio, pé direito fundo no acelerador. O GAC Hyptec SSR se estica enquanto conto o “3, 2, 1”. A fumaça que os pneus levantaram na largada, imediatamente após aliviar o freio, não estava nos planos. Foi insano, assim como sentir o carro escorregando involuntariamente para a faixa direita da nossa pista.
Faltou coragem para completar os 1.000 m de aceleração nessa primeira puxada, mas a marca de 0 a 100 km/h ficou registrada: 3,6 segundos. Seria muito pouco para um esportivo convencional, mas é muito para este chinês.

No total, este que é o primeiro supercarro da GAC tem 1.224 cv e 127,5 kgfm, resultantes da somatória de três motores elétricos. O motor dianteiro é o mais potente, com 435 cv.
Os outros dois traseiros, cada um com 394,5 cv, ainda têm uma caixa e marcha de duas velocidades: a primeira marcha é justamente para ajudar a cumprir a aceleração de 0 a 100 km/h em 2 segundos, como promete a fabricante. Mas toda a fumaça dos pneus que parecia brotar do asfalto na arrancada também pode ser creditada a este sistema.

A solução para cumprir o teste sem sustos foi manter os controles eletrônicos ativados, mas ainda em modo “Pro”, que ativa o controle de largada. A eletrônica é providencial para manter tanta força sob controle. Na largada seguinte, o carro destraciona pouco, aproveita ao máximo a aderência do piso e faz a aceleração ser muito mais intensa, mais surpreendente e um pouco menos assustadora.

O Hyptec SSR até pode fazer um barulho no estilo nave espacial nas acelerações, mas com os “efeitos especiais” desligados eu só escutava o vento sendo cortado e as pedras grudadas nos Michelin Pilot Sport 4S na arrancada se soltando e acertando os para-lamas. A cerca de 115 km/h, um leve tranco sinaliza a troca de marcha dos motores traseiros, como se fosse um foguete acionando seu segundo estágio. Ressaltos que passam ilesos em testes normais, são notáveis a bordo do SSR, que ativa uma asa traseira automaticamente em alta velocidade.

Repito a aceleração na reta oposta, para compensar os efeitos de qualquer vento. A média garante nossos tempos oficiais: 0 a 100 km/h em 2,96 s e o 0 a 1.000 m cumpridos em 19,5 s com o carro a 250 km/h – a máxima declarada pela GAC é de 251 km/h. Ao volante, o tempo pareceu ter passado mais rápido. Seria efeito dos pneus novos? O carro, importado na semana anterior e ainda com algumas dezena de quilometros, estava muito novo para garantir os 2 s no 0 a 100 km/h? Na dúvida, testaremos o carro novamente em uma segunda oportunidade.

Supercarros como este, feito por uma fabricante de carros generalistas, vão além da missão de serem laboratórios de tecnologias, como os chips de carbeto de silício (SiC) que suportam até 900V, mesmo trabalhando em altíssimas temperaturas nos sistemas elétricos. O SSR também é, antes de mais nada, uma demonstração de força e foi para isso que esta unidade desembarcou no Brasil.

Se comparado a outros supercarros elétricos, como o Rimac Nevera ou o BYD Yangwang U9, o Hyptec SSR é até pequeno: seus 4,55 m de comprimento e 2,65 m de entre-eixos equivalem às medidas de uma Ferrari 458 Itália, mas as portas do tipo tesoura estão mais para os Lamborghini, mas a abertura é elétrica. O chassi é de alumínio, mas toda a carroceria é de fibra de carbono para equilibrar o peso. Também pensando no equilíbrio, a bateria de 74,7 kWh parece pequena para as capacidades do carro. Declara-se 506 km de autonomia no ciclo chinês CLTC.

A cabine tem partes de microfibra, fibra de carbono e barras de alumínio, que formam o console, puxadores das portas e até decora o teto – onde estão linhas de leds, os botões para os vidros elétricos e seletores redundantes para a abertura das portas. Tudo aquilo que estaria em hastes acomodado no volante retângular, das setas ao comando dos limpadores e lavadores, passando pelo piloto automático. O quadro de instrumentos fica tão próximo do para-brisas que não precisa de head-up display. O resto do carro depende da tela de 14,6 polegadas.

O desafio para os chineses está no carro que envolve essa tela, até mesmo na hora de assinar o cheque: na China, um Hyptec SSR custa o equivalente a R$ 1,4 milhão. Por aqui, R$ 3 milhões é uma boa estimativa para este carro, que não tem planos para ser vendido no Brasil.
Veredicto – O mais legal no GAC Hyptec SSR está em ser um supercarro elétrico com tamanho, porte e até visual que remete aos supercarros a combustão, Prova que carros assim não precisam ser gigantes
Teste Quatro Rodas – GAC Hyptec SSR
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 2,96 s |
0 a 1.000 m | 19,5 s / 250 km/h |
Velocidade máxima | 250 km/h* |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 1,1 s |
D 60 a 100 km/h | 1,2 s |
D 80 a 120 km/h | 1,8 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 13,2/24,1/52,6 m |
Consumo | |
Urbano | n/a |
Rodoviário | n/a |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | -/- dBA |
80/120 km/h | 69,4/71,6 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 99 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | – |
Volante | 2 voltas |
Seu Bolso | |
Preço (China) | R$ 1,4 milhão |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 25 °C; umid. relat., 82%; press., 760 mmHg. Realizado no ZF Campo de Provas

Ficha Técnica – GAC Hyptec SSR
Motor: elétrico diant., 425 cv, 2 traseiros com 394,5 cv; total, 1.224 cv e 127,5
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica Suspensão: Duplo A (diant. e tras.)
Freios: disco vent. cabono-cerâmco (diant. e tras.) Pneus: liga leve, 245/50 R20 (diant.) e 305/50 R20 (tras.)
Dimensões: compr., 455,6 cm; larg., 199, 8 cm; alt., 123 cm; entre-eixos, 265 cm; peso, 2.180 kg
Bateria: NMC, 74,7 kWh