Ford Bronco é o jipão raiz que, finalmente, pode estar chegando ao Brasil
Fomos à Argentina conhecer o Ford mais divertido à venda no mundo. Ao que tudo indica, é questão de tempo para ele chegar aqui
A Ford tem o costume de lançar antes, na Argentina, carros que em seguida chegam ao Brasil. Seus próprios executivos explicam a dificuldade de adaptar motores de veículos esportivos ao etanol que compõe nossa gasolina. “São meses de trabalho”, disse o ex-presidente da Ford América do Sul, Daniel Justo, recentemente.
Logo, as atenções estão voltadas para o Ford Bronco, pois esse que é o Broncão “raiz” está sendo lançado hoje no país vizinho, pelo equivalente a R$ 580.000. Há algumas semanas, visitamos as instalações da Ford no país, e fez-se questão de que os jornalistas brasileiros tivessem um contato com o modelo. A Ford foi muito calculista ao “não confirmar nem negar” a chegada do Bronco ao mercado nacional, e daí há quem veja sinais…
Quem é o Broncão?
Lançado em 1966, o Ford Bronco já surgiu com traços do que se tornariam os SUVs de hoje. Foram cinco gerações até 1992, quando, muito mais urbano do que antes, o Bronco foi aposentado e o Expedition assumiu seu lugar. Com a estratégia da Ford de resgatar nomes icônicos do passado, o Bronco renasceu em 2021, mas com proposta diferente. Agora ele é feito para quem vive na cidade mas, quando chega o final de semana, quer aventura de verdade (com conforto se possível).
Vale lembrar que o Bronco Sport, já vendido no Brasil, aproveita só o nome e aspectos visuais. Assim, convencionou-se a chamar de “Broncão” o jipe que tem versões de duas portas mas, na América do Sul, só chegará na de quatro, maior do que um Toyota SW4.
O motor escolhido foi o V6 2.7 biturbo a gasolina, com 334 cv e 57,3 kgfm. Ele leva o carro de 0 a 100 km/h em 5,8 s e a velocidade máxima só não supera os 200 km/h por segurança. E, mesmo assim, o maior destaque acaba sendo a transmissão automática de 10 marchas, com tração 4×4, reduzida e bloqueio dos diferenciais dianteiro e traseiro.
A esportividade vai ficando mais em segundo plano quando os itens para off-road do Bronco são elencados: pneus de lama de 35”, rodas com encaixes para beadlocks (travas que permitem esvaziar o pneu para escalar paredões), amortecedores avançados da FOX, proteção reforçada do assoalho… Tudo de série no Bronco Wildtrak.
Também está incluída a outra metade do seu charme, que é permitir ao jipeiro ao volante ser acompanhado por uma turma que desfrutará da natureza como poucos. As evoluções na fabricação permitiram o uso de teto e portas removíveis; com uma chave que vêm de fábrica, basta tirar um parafuso, o chicote elétrico e puxar a porta.
Em 20 minutos, o carro está completamente aberto e as peças ficam guardadas em bolsas próprias (do lado de fora, claro). Durante a rota, o vento na cara se soma ao sistema de som Hi-Fi da Bang&Olufsen, com seus 10 alto-falantes, e bancos com couro ou vinil sob medida, seja para dar conforto ou para evitar entrada de água e poeira. As várias entradas USB protegidas por borracha também seguem essa lógica.
Já o motorista pode usar controle de cruzeiro adaptativo, aquecer seu volante e logo sair da estrada. Daí em diante, sugere a Ford, a multimídia de 12” tem sistema Sync4, mais adequado para a vastidão do mapa do que Android Auto e Apple Carplay, também disponíveis.
Nele, é possível contar com um GPS mais robusto, mas também cruzar detalhes como as câmeras que mostram onde as rodas estão passando. Isso é útil em subidas muito íngremes, ao passo que o bloqueio dos diferenciais corrigem obstáculos onde uma roda sai do chão. Acontece bastante, como pudemos constatar. E acontece bastante também de existir uma planície no caminho, e o motor V6 acabar tendo que entregar bastante performance, independentemente do caminho.
No fim das contas, o Ford Bronco Wildtrak é a resposta sob medida ao Jeep Wrangler, que vende-se entre R$ 450.000 e R$ 500.000. São carros de luxo, cujo preço vem também da robustez e engenhosidade do que oferecem. Se antes isso era questão de trabalho, hoje o mundo é outro: poder se sujar de barro ao volante é privilégio, ainda maior se com a diversão que o Broncão promete.