Duelo de V8: Audi RS 7 Sportback e BMW M8 Gran Coupé desempatam na emoção
Cada um a sua maneira, Audi RS 7 Performance e BMW M8 Competition entregam desempenho e boa dinâmica, superando as barreiras impostas pelas fabricantes
Levou exatamente 30 anos para alguém dentro da BMW aprovar a produção de um M8. Isso porque a primeira geração do BMW Série 8, produzida entre 1987 e 1999, só teve a esportividade natural daquela bela carroceria cupê explorada pela divisão Motorsport em segredo.
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Fizeram um único protótipo, em 1990, com motor V12 6.1 de estimados 640 cv – a Ferrari F40 tinha 470 cv nessa época – e isso só foi revelado em 2010, quando se tornou atração do museu da marca em Munique, na Alemanha.
Até chegar o momento do lançamento do BMW M8 Gran Coupé Competition no Brasil muita coisa mudou. A principal foi abandonar o Série 6 para recriar o Série 8 como seu sucessor, já com a nova plataforma CLAR, compatível com eletrificação. Mero detalhe: de híbrido não tem nada. Por enquanto, claro.
O Audi RS 7, por sua vez, sempre viveu à sombra do RS 6 Avant. De fato, não era fácil competir com o visual e a popularidade da perua. Agora, os dois Audi superpoderosos apelam mais no visual e têm comportamento dinâmico equivalente. As vantagens da RS 6 Avant são porta-malas maior e o orgulho de defender as peruas.
Os dois Gran Turismo (GT) não estão reunidos aqui por terem acertado as diferenças dentro de casa, nem pelos nomes enormes. O Audi RS 7 Sportback e o BMW M8 Gran Coupé Competition são representantes do que há de melhor na gama de esportivos em suas respectivas marcas.
Usam motores V8 biturbo com 600 e 625 cv, câmbio automático de oito marchas (sim, a dupla embreagem perdeu a briga para a robustez do conversor de torque) e podem despejar toda a força nas quatro rodas. Mas no mundo real a vida com cada um deles pode ser muito diferente.
Os GTs são potentes e muito rápidos, mas, ao contrário dos superesportivos, não abrem mão do conforto e do luxo, e podem proporcionar tudo isso em viagens de longa distância. E por conta dessas premissas acabam pesando muito mais, coisa de quase 2 toneladas.
É por isso que você acaba encontrando interior todo trabalhado no couro, costuras perfeitas, apliques de metal anodizado e bancos bem largos, que suportam cada uma de suas vértebras e têm ajustes onde você nem imagina.
Mas o BMW dá mais atenção aos detalhes, com costuras que atravessam console e painel de ponta a ponta, enquanto o painel do Audi tem superfícies macias ao toque mais convencionais, porém com partes de fibra de carbono. No M8, a fibra de carbono está no teto, nos retrovisores com formato aerodinâmico e até na capa sobre o motor.
O RS 7 Sportback se sustenta em uma tecnologia palpável. Em vez dos muitos botões no console, como há no rival, delega às duas telas com respostas táteis (aquela vibraçãozinha que seu smartphone faz) que ocupam o console e concentram o controle das funções do carro e até do sistema de ar-condicionado. Só o que precisa ser acessado mais rápido, como as luzes de alerta e o botão que desliga o controle de tração, tem botões próprios.
Também há mais tecnologia no motor do RS 7. Seu V8 4.0 biturbo de 600 cv e 81,6 kgfm tem sistema híbrido leve de 48V, que consiste no alternador conectado ao motor por meio de uma correia capaz tanto de armazenar a energia das frenagens em uma bateria de lítio como manter a velocidade do carro entre 55 e 160 km/h com o motor desligado, ou antecipar o desligamento do V8 em paradas.
Outra assistência válida é o esterçamento das rodas traseiras. Ela ajuda no contorno de curvas com mais precisão em alta velocidade e em manobras em espaços mais fechados, uma ajuda bem-vinda em um carro com 2,93 m de entre-eixos e 1,95 m de largura sem contar os retrovisores.
Tiro pelo meu uso: o RS 7 pode apontar para sair na rampa da garagem do meu prédio de uma só vez, enquanto com o M8 (com seus 3,02 m de entre-eixos) preciso dar ré para posicionar a dianteira corretamente.
Na hora que o motor é exigido, o RS 7 ganha velocidade de um jeito irretocável. O V8 enche rápido, a tração quattro gruda o carro no chão e o cupê de quatro portas dispara.
As sensações melhoram ao selecionar o modo de condução Dynamic, quando os amortecedores adaptativos (com reservatório hidráulico externo) enrijecem, a direção fica mais pesada, o diferencial central passa a se dispor a enviar até 85% da força para as rodas traseiras (também pode jogar 70% para as dianteiras) e o ronco grave do V8 se faz ouvir com clareza. Foi assim que ele registrou 3,7 segundos para chegar aos 100 km/h em nossa pista.
O Audi RS 7 tem boas credenciais para o uso cotidiano e diverte, mas o BMW M8 compensa naquela viagem de fim de semana. Seu motor V8 4.4 twin-turbo, que entrega 625 cv e 76,5 kgfm, tem ronco naturalmente mais envolvente e que pode ficar mais encorpado.
As mesmas alterações no comportamento do RS 7 estão disponíveis no M8, mas são muito mais efetivas nele. A suspensão com barras estabilizadoras adaptativas fica mais firme, a direção se torna mais rápida e as respostas ao acelerador mais imediatas, e ainda é possível mudar a sensibilidade do pedal de freio, exigindo mais força no modo esportivo.
E só o BMW permite destinar toda a força do motor para as rodas traseiras para divertir um pouco mais.
O RS 7 pode fazer tudo certinho, mas o BMW M8 é mais envolvente. O posto de comando fica rente ao assoalho, o volante é maior e ainda tem dois comandos só para acesso rápido aos modos configurados pelo proprietário.
Configurar tudo pode até ser um pouco difícil, mas saiba que o procedimento de controle de largada agora tem acionamento mais fácil: desative o controle de estabilidade, bote o câmbio em modo sequencial, pise no freio e no acelerador, aguarde as bandeiras no quadro de instrumentos e solte o freio. Só assim, o M8 chegou aos 100 km/h em 3,3 s, como declarado pela BMW. Sem, levou 3,6s.
O Audi RS 7 de R$ 949.990 impressiona em muitos aspectos, mas o BMW M8 Gran Coupé Competition de R$ 1.258.950 garante experiência mais intensa e passa a sensação de ser mais especial. Se um dia tiver a sorte de fazer essa escolha, tire o escorpião do bolso. Ou lembre-se de que a Audi RS 6 Avant custa R$ 899.990.
Veredicto
São dois carros simplesmente fantásticos e muito rápidos. Não são compras racionais, mas emocionais e, por emocionar mais e ir além na esportividade, o BMW M8 vence.
Teste feito por QUATRO RODAS
BMW M8 | AUDI RS7 | |
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 3,3s | 3,7 s |
0 a 1.000 m | 20,5 s – 259,6 km/h | 21,3 s – 252,5 km/h |
Velocidade máxima | 305 km/h* | 305 km/h* |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 1,99 s | 2,14 s |
D 60 a 100 km/h | 2,43 s | 1,98 s |
D 80 a 120 km/h | 2,38 s | 2,40 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 15,8/25,9/53,6 m | 13,5/23,9/54,9 m |
Consumo | ||
Urbano | 7,3 km/l | 6,2 km/l |
Rodoviário | 10,8 km/l | 10,5 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 46,3/65 dBA | 42,2/65 dBA |
80/120 km/h | 61,9/65,3 dBA | 61,5/66,6 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 97 km/h | 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha |
1.500 rpm | 1.500 rpm |
Volante | 2,8 voltas | 3 voltas |
Seu Bolso | ||
Preço básico | R$ 1.258.950 | R$ 949.990 |
Concessionárias | 50 | 48 |
Garantia | 2 anos | 2 anos |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 35/27 °C; umid. relat., 44/47%; press., 1.012/1.014 mmHg
Ficha Técnica BMW M8
- Motor: gas., diant., longit., 8 cil. em V, 40V, twin turbo, comando de válvulas variável na admissão e no escape, 4.395 cm³, 625 cv a 6.000 rpm, 76,5 kgfm a 1.800 rpm
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral sob demanda
- Direção: elétrica
- Suspensão: independente de braços sobrepostos (diant. e tras.)
- Freios: disco ventilado de carbono–cerâmica (diant. e tras.)
- Pneus: 275/35 R20 (diant.) e 285/35 R20 (tras.)
- Peso: 1.980 kg
- Dimensões: comprimento, 509,8 cm; largura, 194,3 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 302,7 cm; porta-malas, 440 l; tanque de combustível, 68 l
Ficha Técnica AUDI RS7
- Motor: gas., diant., longit., 8 cil. em V, 40V, biturbo, comando de válvulas variável na admissão e no escape, 3.996 cm³, 600 cv a 6.000 rpm, 81,6 kgfm a 2.050 rpm
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral permanente
- Direção: elétrica
- Suspensão: independente de braços sobrepostos (diant. e tras.)
- Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
- Pneus: 275/35 R21
- Peso: 2.065 kg
- Dimensões: comprimento, 500,9 cm; largura, 195 cm; altura, 142,4 cm; entre-eixos, 293 cm; porta-
-malas, 575 l; tanque de combustível, 73 l
*Dados de fábrica
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