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Comparativo:Spin Activ x AirCross, familiares pseudo-aventureiros

Elas parecem estar prontas para aventura, mas não. Querem ser SUV, mas não são. Afinal, para quê servem?

Por Guilherme Fontana Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 mar 2018, 16h52 - Publicado em 14 jul 2017, 14h56
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Pseudo-aventureiras, as minivans são, na realidade, ótimos modelos familiares (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Os SUVs estão na moda e, quem não é utilitário esportivo, precisa se parecer com eles. É assim que Chevrolet e Citroën buscam posicionar Spin Activ e AirCross, suas respectivas minivans de apelo aventureiro.

Na prática, porém, os modelos existem para servirem grandes famílias com conforto, espaço, tecnologia e boa dose de estilo, desde que elas não tenham o intuito de desbravar matas e trilhas Brasil afora.

Diferentemente dos SUVs, espaço é o principal ponto para a escolha de um carro familiar. Portanto, prepare-se para a repetição desta palavra nos parágrafos a seguir. Neste quesito, a Spin Activ dá uma aula ao AirCross: sempre com cinco lugares (as versões comuns podem ter sete), o modelo tem um porta-malas de 710 litros.

Com a segunda fileira rebatida, a capacidade sobe para 1.068 litros. Liberar o espaço extra é fácil. Por duas alavancas, os bancos são rebatidos e o piso fica plano. Para a acomodação de bagagens mais altas, uma prática lona retrátil faz as vezes de tampão.

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Estepe na traseira é modismo. Só o AirCross, porém, tem o auxílio de câmera de ré (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mais do que a disponibilidade para bagagens, o espaço para ocupantes também é destaque na minivan da Chevrolet. Todos os cinco vão confortáveis, tanto na altura, quanto nas laterais, além da quase inexistência do inconveniente túnel central na traseira.

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Entretanto, não há sistema Isofix, nem encosto de cabeça e cinto de três pontos para quem vai no meio, itens de extrema importância para o segmento.

Abrir o porta-malas também tem seus poréns. É necessário fazer a abertura lateral do suporte do estepe, para depois subir a tampa. Além de pouco prático, o processo exige espaço.

Considere ainda que o modelo tem vastos 4,36 metros de comprimento (contra 4,31 m do AirCross), o que já dificulta a busca por vagas nas ruas e em locais mais apertados.

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Procedimento para abrir o porta-malas não é dos mais práticos e exige espaço (Divulgação/Divulgação)

O AirCross também oferece um bom espaço para as malas, mas fica longe da rival: são 403 litros com todos os bancos disponíveis. No entanto, com os bancos rebatidos, o volume sobe para 1.500 litros.

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Curiosamente, 432 litros a mais do que na Spin nas mesmas condições. Assim como na concorrente, o francês oferece bom espaço para os passageiros – mas peca na largura – e dispensa o Isofix para cadeirinhas infantis.

Nele, porém, o ocupante traseiro central tem encosto de cabeça e cinto de três pontos, que fica pendurado (e balançando) no teto. Para abrir o porta-malas, o processo é exatamente o mesmo da Spin. Primeiro o suporte do pneu sobressalente vai para o lado, depois a tampa pode ser erguida.

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Porta-malas da Spin Activ é grande: são 710 litros nas condições da imagem. Lona retrátil faz as vezes de tampão (Divulgação/Divulgação)

Spin Activ e AirCross também mostram suas diferenças em movimento. Menos potente, mas mais leve do que o AirCross (1.275 kg contra 1.328 kg), a Spin foi melhor em nossos circuitos de testes, com mais disposição em acelerações e retomadas, além de frenagens mais seguras.

Enquanto a minivan da GM é equipada com um motor 1.8 16V flex de 111/106 cv e 17,7/16,8 mkgf com etanol/gasolina e câmbio automático de seis marchas, a da Citroën traz um 1.6 16V flex de 118/115 cv e 16,1 mkgf, também com câmbio automático de seis marchas – grande novidade da recém-lançada linha 2018.

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Bancos personalizados são bonitos, mas não têm revestimento de couro (Divulgação/Divulgação)

Com gasolina, a Spin levou 12,8 segundos para ir de 0 a 100 km/h e 9,9 de 80 a 120 km/h, contra os 14,2 e 10,9 segundos, respectivamente, do AirCross. Os melhores números do primeiro se devem ao torque ligeiramente maior e disponível mais cedo, 2.800 contra 4.000 rpm.

A menor disposição do Citroën também se revela no consumo urbano, de 10,3 km/l, pelo maior esforço nas saídas e em pequenas ultrapassagens. A Spin registrou a média de 11,5. Já o consumo rodoviário foi exatamente o mesmo para os dois e mostrou o trunfo da sexta marcha: 13,8 km/l.

A Spin conta ainda com o sistema de grades ativas, que abre ou fecha de acordo com a velocidade para reduzir o arrasto aerodinâmico.

Maiores ainda são as diferenças entre os números de frenagem, apesar de ambos serem equipados com discos ventilados nas rodas dianteiras e tambor nas traseiras.

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De 60 km/h a 0, a Spin parou após 16 metros, contra 18,5 do AirCross. De 120 a 0, eles levaram 62 e 72,5 metros, respectivamente.

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Bancos mais volumosos e revestidos de couro são destaque no AirCross (Divulgação/Divulgação)

Ao volante, a Spin confirma os números sendo mais ágil tanto na cidade, quanto nas ultrapassagens em rodovias. Estabilidade também é o forte dela. Apesar da suspensão mais alta em relação às demais versões, a Activ tem pneus mais largos (205/60) também quando comparados aos do AirCross (195/55).

Ambos têm rodas de liga leve aro 16. O acerto da suspensão mais curto também faz sua parte sem prejudicar o conforto da família.

O AirCross aposta em ajustes típicos de um Citroën, com suspensão mais macia e de curso longo, que praticamente ignora as irregularidades do solo e passa sem esforço por valetas e lombadas mais altas. Quem vai atrás, além do conforto, tem visão privilegiada pelo (confortável) banco posicionado mais alto em relação aos dianteiros, como em um teatro.

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Mas não são só os passageiros que têm boa visibilidade. O parabrisa dividido em três porções, invadindo as laterais, é de grande serventia para a segurança em curvas e cruzamentos.

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Banco traseiro do AirCross fica em posição mais alta em relação aos dianteiros, como em um cinema (Divulgação/Divulgação)

Na mecânica, o principal destaque da linha 2018 é o câmbio automático de seis marchas. De fato, a introdução da nova transmissão garantiu bons avanços para o modelo, como a suavidade nas trocas de marchas, o silêncio a bordo, a rapidez nas reduções e o menor consumo de combustível.

Na estrada, a 120 km/h, quase não se ouve o motor por seu baixo giro. A direção elétrica também é elogiável, garantindo conforto e praticidade, especialmente em manobras.

No entanto, uma grande falha do modelo permaneceu: a falta de fôlego, que chega a incomodar. Mesmo com reduções eficientes, é preciso paciência para fazer ultrapassagens – neste caso, o ruído do motor invade a cabine sem cerimônias.

Não tente sair primeiro de um semáforo. São grandes as chances de você ficar para trás com o AirCross, principalmente se você estiver em uma ladeira.

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Câmbio automático de seis marchas é a principal novidade da linha 2018 do Citroën (Divulgação/Divulgação)

QUEM VÊ CARA…

Se no espaço e no desempenho a Spin Activ dá uma lição ao AirCross de como ser uma minivan, na aparência e nos equipamentos é o francês quem dá a letra. Disponível em versão única, a Spin aventureira custa R$ 76.490 iniciais.

Para o comparativo, escolhemos a versão mais cara do Citroën, a Shine, de R$ 75.700. Nenhum dos modelos oferece pacotes de opcionais. Apenas as cores metálicas/perolizadas são cobradas a parte: R$ 1.300 no GM e até R$ 1.790 no Citroën.

Os dois são equipados com central multimídia (sem GPS em ambos), faróis de neblina, freios ABS, airbag duplo, alarme, vidros, travas e retrovisores elétricos, piloto automático, limitador de velocidade, sensores de estacionamento traseiros e direção elétrica.

No entanto, só o francês tem faróis automáticos, sensor de chuva, ar-condicionado digital, câmera de ré (importante para modelos cujo estepe fica pendurado na traseira), luzes diurnas de leds e bancos revestidos parcialmente de couro. E ainda cobra R$ 790 a menos.

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Acabamento e itens de série são os pontos fracos da Spin Activ (Divulgação/Divulgação)

A superioridade do AirCross também aparece no acabamento interno, com apliques que imitam aço escovado no volante, nas maçanetas e nas saídas de ar, além da faixa central que dá aspecto de leveza ao interior pela pintura clara e brilhante.

O painel e as portas, mesmo com uma grande profusão de curvas e volumes, têm peças bem encaixadas.

A Spin, por outro lado, tem acabamento mais simples, com materiais de aparente menor qualidade e maior espaçamento e desalinhamento entre as peças. O quadro de instrumentos, semelhante ao do Onix, também dá aspecto vazio ao painel.

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Como um bom francês, o AirCross capricha nos equipamentos e no acabamento interno (Divulgação/Divulgação)

Por fora, mais destaques para o Citroën. Reestilizado no final de 2015, o modelo adotou faróis menores e integrados à grade, sempre com iluminação por projetores. Logo abaixo, a fileira de leds cumpre a função de luzes diurnas e dispensa a necessidade de ligar os faróis nas estradas durante o dia.

Na traseira, as mudanças foram menores, com para-choque redesenhado, lanternas com novo arranjo interno e uma nova cobertura no pneu sobressalente para disfarçar o abandono da roda de liga leve. Na versão Shine, retrovisores, rodas, maçanetas, barras de teto e nichos dos faróis de neblina são pintados na cor grafite.

Já a Spin carrega um visual menos sofisticado e que divide opiniões. Os adereços aventureiros, como os apliques plásticos nos para-choques e a roda (de liga leve!) pendurada na traseira, só reforçaram essa divisão.

A fantasia off-road, porém, tornou a aparência da minivan mais equilibrada. Apenas os adesivos laterais alusivos à versão Activ são dispensáveis. As rodas, de 16 polegadas, têm acabamento diamantado.

VEREDICTO

O mercado de minivans está cada vez mais escasso no Brasil. Por isso, se você precisar levar uma para casa, é melhor atentar-se para suas prioridades. A Spin cumpre com louvor todos os requisitos de um legítimo modelo familiar: ela tem espaço de sobra e bom desempenho.

No entanto, sem sofisticação alguma. Isso é assunto para o AirCross, cheio de mimos e melhor equipado – mas que sacrifica seu espaço por isso.

Teste de pista (com gasolina)

Spin Activ 1.8  AirCross Shine 1.6
Aceleração de 0 a 100 km/h 12,8 s 14,2 s
Aceleração de 0 a 1000 m 34,5 s – 148,2 km/h 35,6 s – 146,7 km/h
Retomada de 40 a 80 km/h 5,6 s 6,2 s
Retomada de 60 a 100 km/h 4,5 s 7,8 s
Retomada de 80 a 120 km/h 9,9 s 10,9 s
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 16/27,2/62 m 18,5/33,3/72,5 m
Consumo urbano 11,5 km/l 10,3 km/l
Consumo rodoviário 13,8 km/l 13,8 km/l

 

Ficha Técnica

Spin Activ 1.8 AirCross Shine 1.6
Motor flex, diant., transv., 4 cil., 1.796 cm3, 16V, 111/106 cv (E/G) a 5.200 rpm, 17,7/16,8 mkgf a 2.600/2.800 rpm flex, diant., transv., 4 cil., 1.587 cm3, 16V, 122/115 cv (E/G) a 5.800/6.000 rpm, 16,1 mkgf a 4.000 rpm
Câmbio automático, 6 marchas,
tração dianteira
 automático, 6 marchas,
tração dianteira
Suspensão McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) McPherson (diant.) e eixo
de torção (tras.)
Freios disco ventilado (diant.) e tambor (tras.) disco ventilado (diant.) e
tambor (tras.)
Direção elétrica elétrica
Rodas e pneus liga leve, 205/60 R16 liga leve, 195/55 R16
Dimensões comprimento, 462,4 cm; altura, 168,6 cm; largura, 176,4 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.275 kg; tanque, 53 l; porta-malas, 710/1.068 l comprimento, 430,7 cm; altura, 174,2 cm; largura, 176,7 cm; entre-eixos, 254,2; peso, 1.328 kg; porta-malas, 403/1.500 l;
tanque, 55 l
Preço R$ 76.490 R$ 75.700

 

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