Comparativo: Fiat Mobi Drive x Volkswagen Move Up!
Agora com motor 1.0 de três cilindros, Fiat Mobi encara mais uma vez o VW Up!
Quando o Fiat Mobi chegou às lojas, exatamente um ano atrás, a sensação de que algo estava faltando era nítida: um motor mais moderno que o 1.0 Fire Evo.
E eis que finalmente o 1.0 de 3 cilindros Firefly chegou ao hatch. Então mais uma vez colocamos os dois compactos frente a frente, já que o Volkswagen Up! também tem novidades – ele passou por uma revisão de estilo. Você também pode reler o primeiro encontro clicando aqui.
Ambos já estão na linha 2018 e miram no público que busca um carro pequeno sobretudo para locomoção urbana. As versões que selecionamos para este novo encontro (Drive e Move Up!), porém, são mais indicadas para quem quer algo além dos triviais ar-condicionado, direção assistida e vidros elétricos – dianteiros, pois nenhum têm o equipamento para os vidros traseiros.
O Move Up! MPI (com motor aspirado) parte dos R$ 48.290 e não tem opcionais: sai de fábrica com ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros, rádio com CD Player e Bluetooth, volante multifunção de couro, computador de bordo, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 14”, banco do motorista com regulagem de altura, repetidores de seta nos retrovisores com função tilt-down e sensor de estacionamento traseiro.
Por sua vez, o Mobi Drive começa em R$ 40.650. Vem com ar-condicionado, chave canivete, vidros elétricos nas portas dianteiras, travas elétricas e volante com regulagem de altura.
Se o cliente acrescentar R$ 3.770 à conta pelo kit Tech, leva também faróis de neblina, alarme, sensor de estacionamento traseiro, banco do motorista com regulagem de altura, caixa removível no porta-malas, console no teto, rodas de liga leve aro 14″ e retrovisores com repetidores de seta e tilt-down.
Rádio com Bluetooth, volante multifunção e computador de bordo só entram em cena com o kit Connect, de R$ 1.480. No total, o carro avaliado sai por R$ 45.900 – ainda R$ 2.390 mais barato que o Up! avaliado.
Na mesma faixa estão Renault Sandero Expression 1.0 (R$ 45.700), Ford Ka SE Plus 1.0 (R$ 46.390) e Chevrolet Onix LT 1.0 (R$ 45.690). Para este comparativo, porém, vamos nos ater à categoria dos subcompactos.
Três canecos
Com a atualização do Mobi, agora os rivais estão em pé de igualdade em motorização. Aliás, na Fiat, Mobi e Uno são os únicos que receberam o motor 1.0 Firefly (pelo menos até agora, pois o Argo também deve recebê-lo).
Criado para ser simples e eficiente, o 1.0 Firefly tem três cilindros, mas apenas duas válvulas em cada um deles (seis no total, e não 12 como nos outros três cilindros). A excentricidade lhe rendeu o maior torque entre os 1.0 aspirados: são 10,9 mkgf com álcool e 10,4 mkgf com gasolina, a 3.250 rpm. Mas os números de potência, 77 cv com álcool e 72 cv com gasolina (6.000 rpm), não emocionam.
Ao dar partida, o Mobi (que finalmente perdeu o tanquinho de partida a frio) treme como se sofresse calafrios. Mas o sintoma é breve. Logo o motor passa a trabalhar de forma suave, sem passar muitas vibrações aos passageiros quando em marcha lenta. No entanto, é ruidoso em rotação elevada.
Em desempenho, o Firefly faz o Fiat embalar rápido com uma vitalidade que não se vê no velho Fire, que surgiu na Europa em 1985 e está no Brasil desde 2000.
Por oferecer bom torque em baixa rotação, as trocas de marcha podem ocorrer mais cedo – e este é um dos trunfos do Firefly. Com menos aceleração, o variador de fase entra em ação para retardar o fechamento das válvulas de admissão e, assim, simula o ciclo Miller.
A vantagem do Miller frente ao Otto (ciclo mais comum em motores a gasolina) está no tempo de expansão dos gases maior que o da compressão. O motor faz menos força e aproveita mais energia da combustão – isso resulta em maior economia e menos emissão de poluentes.
Na pista de testes, o Firefly apresentou resultados superiores ao motor antigo – sempre com gasolina no tanque. Com o 1.0 Fire, o Mobi precisava de 17,5 s para chegar aos 100 km/h; com o novo motor, cravou 15,7 s.
O consumo também baixou. Na cidade, passou dos 11 km/l para 14,3 km/l. Na estrada, foi de 15,2 km/l para 18 km/l. Antes os 47 litros do tanque de combustível garantiam até 714 km de autonomia, agora são 846 km.
A Volks manteve o motor 1.0 3-cilindros MPI intacto. Tem dois circuitos de arrefecimento, um para o cabeçote e outro para o motor (para melhor gerenciamento da temperatura) e comando de válvulas variável na admissão em vez de variador de fase. Assim, permite maior variação no tempo de abertura das válvulas para melhorar as respostas em rotações baixas.
É mais potente que o motor Fiat. São 82 cv de potência com álcool e 75 cv com gasolina, sempre a 6.250 rpm. O torque é de 10,4 mkgf e de 9,7 mkgf com gasolina, disponíveis entre 3.000 e 3.800 rpm.
Sem calafrios na partida, o 1.0 MPI só passa vibração aos passageiros em marcha lenta e na escalada entre os 1.000 e 2.000 rpm. Contudo, é menos áspero em giros elevados e mais silencioso que o motor do Mobi.
O câmbio manual de cinco marchas do Up! é como o de todo Volks: tem engates curtos e certeiros. O do Mobi também é como o de todo Fiat: tem trambulador mole, com engates borrachudos e imprecisos.
O Volkswagen Up! precisou de 14,9 s para chegar aos 100 km/h. É mais rápido que o Mobi, mas não o supera em consumo. Registrou média urbana de 13,5 km/l e rodoviária de 17,9 km/l.
Escolas diferentes
Por dentro, o Fiat Mobi é mais extrovertido que o Up!, que preza pela simplicidade e facilidade de uso. O Up! fica devendo regulagem de altura do cinto de segurança, mas é mais amplo na parte dianteira. Seus ajustes de banco e volante são melhores.
Já o Mobi tem assentos mais curtos e encosto mais estreito, a receita para o desconforto em viagens longas – como já reclamamos em nosso teste de Longa Duração.
O Up! é 13 cm mais comprido (3,69 m contra 3,56 m) e tem entre-eixos 14 cm mais longo (2,42 m contra 2,30 m). Essa diferença resulta em espaço traseiro melhor. A parte traseira da cabine do Mobi não é ruim apenas para quem senta ali – até a instalação de uma cadeirinha infantil torna-se difícil, pois pode faltar espaço para os pés da criança.
A propósito, o Up! tem Isofix de série e o Mobi não. Só os Mobi exportados para a Argentina têm o dispositivo, cuja função é tornar mais segura a instalação de cadeirinhas – a partir de 2018, novos modelos de cadeirinhas vendidas no Brasil serão obrigatoriamente do tipo Isofox no Brasil.
O porta-malas do Mobi tem 215 litros, bem menos que os 285 litros do Up!. Mas o Fiat tem as laterais do compartimento forradas e encosto do banco traseiro dividido na proporção 60/40, além de vir com uma caixa removível.
O Move Up! 2018 perdeu o S.A.V.E., prateleira que o dividia em dois níveis e agora só equipa a versão High TSI (aquela de R$ 57.100). As paredes laterais ficaram com lataria exposta.
Em movimento, o Fiat Mobi revela conjunto de suspensão mais macio. A carroceria inclina em curvas e manobras rápidas, mas lida bem com buracos e ondulações, o que pode agradar mais no trânsito urbano e esburacado.
A versão Drive é a única com assistência elétrica. O sistema deixou o volante bem mais leve do que nas versões com direção hidráulica – e ainda tem como bônus a função City, que alivia o trabalho do motorista em manobras.
Já a direção elétrica do Up! continua pesada. A linha 2018 recebeu os amortecedores dianteiros com mais carga das versões TSI, o que dá maior sensação de solidez ao guiar. O efeito gangorra (oscilação longitudinal da carroceria) ao passar em relevos desapareceu. A estabilidade – e a dirigibilidade em geral – é melhor no Volks, mas a tolerância a buracos é mais “européia”.
Por R$ 45.900, o Fiat Mobi custa menos, mas é menor, menos refinado e dinamicamente inferior. Por R$ 2.390 a mais, o Up! tem atributos técnicos que justificam o gasto excedente. Com etiqueta de R$ 48.290, passa longe de ser barato, mas tem boa suspensão, câmbio justo, é mais silencioso e tem maior espaço interno, além de entregar desempenho melhor.
Teste de pista (com gasolina)
Mobi 1.0 Firefly | Up! 1.0 MPI | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 15,6 s | 14,9 s |
Aceleração de 0 a 1000 m | 37 s – 136,1 km/h | 36,3 s – 140,5 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h | 10 s | 9,1 s |
Retomada de 60 a 100 km/h | 15,6 s | 14,3 s |
Retomada de 80 a 120 km/h | 29,8 s | 24,2 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 17,2 / 29,6 / 67,2 m | 16,2 / 28,5 / 65,8 m |
Consumo urbano | 14,3 km/l | 13,5 km/l |
Consumo rodoviário | 18 km/l | 17,9 km/l |
Ficha Técnica
Fiat Mobi Drive | Volkswagen Move Up! | |
Motor | flex, diant., transv., 3 cil., 999 cm3, 6V, 70 x 86,5, 77/72 cv (E/G) a 6.250/6.000 rpm, 10,9/10,4 mkgf a 3.250 rpm | flex, diant., transv., 3 cil., 999 cm3, 12V, 74,5 x 76,4, 82/75 cv (E/G) a 6.250 rpm, 10,4/9,7 mkgf a 3.000 rpm |
Câmbio | manual, 5 marchas, tração dianteira |
manual, 5 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant.) e tambor (tras.) | disco ventilado (diant.) e tambor (tras.) |
Direção | elétrica, 10 m (diâm. de giro) | elétrica, 9,7 m (diâm. de giro) |
Rodas e pneus | liga leve, 175/65 R14 | liga leve, 175/70 R14 |
Dimensões | comprimento, 356,6 cm; altura, 150,2 cm; largura, 163,3 cm; entre-eixos, 230,5 cm; peso, 945 kg; tanque, 47 l | comprimento, 368,9 cm; altura, 150,4 cm; largura, 164,5 cm; entre-eixos, 242,1 cm; peso, 922 kg; porta-malas, 285 l; tanque, 50 l |
Equipamentos de série | ar-condicionado, painel digital, travas e vidros elétricos, chave canivete, faróis de neblina, alarme, sensor de estacionamento traseiro, banco do motorista com regulagem de altura, caixa removível no porta-malas, console no teto, rodas de liga leve aro 14″, rádio com Bluetooth, volante multifunção e computador de bordo | ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros, rádio com CD Player e Bluetooth, volante multifunção de couro, computador de bordo, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 14”, banco do motorista com regulagem de altura, repetidores de seta nos retrovisores e função tilt down do lado direito, sensor de estacionamento traseiro |
Preço | R$ 45.900 | R$ 48.290 |