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Citroën DS4

A chegada do DS4 compõe a trilogia DS, manifestação libertária que não abre mão de luxo e conforto

Por Ulisses Cavalcanti | Fotos Marco de Bari
Atualizado em 20 mar 2024, 08h17 - Publicado em 6 Maio 2013, 20h53
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Existe uma ciência dedicada à classificação dos seres vivos. Chama-se taxonomia. Por meio da disciplina, é possível definir as características que agrupam e categorizam as espécies. Se a linha DS exigisse considerações taxonômicas, os biólogos estariam perdidos. Como se classificaria o DS4? Reino automotivo, classe dos franceses, família dos luxuosos e… espécie de quê? Hatch? Cupê? Crossover?

Embora essa correlação não tenha nenhum compromisso de equivalência com a natureza, serve para ilustrar a encrenca de segmentação. Assim como o DS3 e DS5, o novato mistura gêneros e dificulta a tarefa de dizer o que ele é. Mas, ao contrário do que ocorre na biologia, isso não deve ser uma preocupação. O que a Citroën quer vender é a ideia de que o carro aí da foto é um cupê. Visto de traseira, com sua janela pequena e cintura elevada, é possível vislumbrar um SUV miniaturizado. O que eu vejo, e não sei o que você vai enxergar, é um hatch. Pelo menos por dentro não há dúvida: o nível de luxo e conforto é digno de um sedã topo de linha.

A linhagem DS corre paralelamente à linha C, como se fosse um selo de nobreza. De acordo com o designer Olivier Vincent, responsável pelos traços do DS4, o departamento que cuida dos DS conta com uma liberdade criativa maior que a usual. “Pensamos no DS4 com a filosofia de um cupê, mas com a versatilidade de um hatch”, afirma. Segundo a Citroën, quem deseja um carro tradicional com funções bem definidas conta com o C4, por exemplo. Em outras palavras, significa que no caso do DS4 a forma venceu a função em pelo menos dois componentes: os vidros das portas traseiras não se abrem e as rodas são de 18 polegadas. “Cupês normalmente não têm portas traseiras, então também não é possível abrir a janela”, diz Vincent. De fato, quem compra um Veloster ou Fusca precisa abrir mão das portas traseiras. Sob esse prisma, o DS4 ganha pontos, apesar da porta incomumente pequena. Acessar o assento traseiro gera um estranhamento num primeiro contato, pois o banco é recuado e rebaixado. A porta tem uma “aba” na parte superior, por causa da moldura do vidro e da maçaneta. A peça foi camuflada junto à janela para preservar a aparência de carro de duas portas.

Na casta DS, o DS4 é o mais equilibrado dos três. Enquanto o DS3 aposta na esportividade e nos traços ariscos e o DS5 se foca em status e requinte, a novidade se situa no terreno do luxo com discrição. O preço intermediário entre eles pode sugerir uma escalada de valores, mas ele não está no meio do caminho entre os irmãos. Para evitar uma relação de competição interna (e reduzir custos), o trio compartilha o mesmo motor 1.6 turbo. O hatch compacto só conta com transmissão manual, enquanto os mais caros contam com uma caixa automática de seis velocidades – ambos em versão única de acabamento.

Poucos carros contam com tanta tecnologia por metro quadrado. Pequeno, tem 4,27 metros de comprimento e porta-malas de 359 litros. Mesmo com medidas contidas, tem auxílio de estacionamento na dianteira e traseira, alerta de ponto cego nos retrovisores e sistema de ajuda à baliza, com sensores que avaliam o tamanho da vaga e avisam se o espaço é suficiente para estacionar. A dianteira traz uma assinatura de leds diurnos e faróis de xenônio direcionáveis que se movem nas curvas em até 15 graus.

Na tentativa de impressionar, alguns mimos são curiosos, embora sua funcionalidade seja questionável. O DS4 é o único do segmento com massageador lombar nos bancos dianteiros. É possível selecionar a cor de fundo do quadro de instrumentos, que varia de branco a tons de azul, e até o som emitido quando as setas são acionadas. A preocupação com a iluminação interna inclui pequenos pontos de luz (feitos com led), que climatizam a cabine à noite, e uma lanterna recarregável dentro do porta-malas.

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Nascida na França, a nova espécie será vendida em diversos ecossistemas, mas com a mesma aparência. A adaptação ao nosso habitat exigiu apenas a adequação ao combustível nacional, uma nova bomba de gasolina e radiadores maiores para viver no clima tropical. Resta ver como será a interação do rebento de 99 900 reais com seu novo ambiente.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

A suspensão concilia conforto e dirigibilidade, mas as vias esburacadas não colaboram com as rodas de 18 polegadas. A direção é precisa, mas não prima por agilidade.

★★★★

MOTOR E CÂMBIOUm dos melhores conjuntos da categoria, alia bom nível de potência com consumo moderado de gasolina.

★★★★

CARROCERIA

Design é discreto e elegante. Tentativa de mimetizar traços de cupê trouxe alguns inconvenientes, como a porta traseira pouco prática.

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★★★★

VIDA A BORDO

Mesmo no segmento oferece conforto acima da média. Trouxe, por exemplo, o massageador, embutido no encosto, item jamais visto abaixo dos 100 000 reais.

★★★★★

SEGURANÇA

Tem seis airbags, ESP, aviso de ponto cego e faróis de xenônio direcionáveis. Tudo no pacote de série.

★★★★★

SEU BOLSO

O preço não é um trunfo, o que subtrai um ponto importante frente a rivais com nomes fortes e carismáticos, caso de Série 1 e Fusca.

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★★★

OS RIVAIS

VW Fusca

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Seu carisma é o grande trunfo, mas os atributos mecânicos também merecem respeito. tem motor de 200 cv.

BWM Série 1

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As versões 116i e 118i cercam o DS4 em preço, oscilando entre 90000 e 110000 reais. A segunda tem motor de 170 cv.

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VEREDICTO

Um bom carro imerso em um segmento repleto de apelos emocionais e excelentes atributos mecânicos. Não faz feio perante os rivais, mas tem um preço carregado que faz o interessado balançar pela concorrência. Seu preço poderia ser mais convidativo.

>> Confira a Ficha Técnica do carro

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