Chevrolet Tracker RS 2026 evolui, mas é o suficiente contra T-Cross e Creta?
Versão "esportivada" do SUV compacto tem motor 1.2 turbo de 141 cv e exagera no acabamento com vermelho

O Chevrolet Tracker passou por longos cinco anos sem atualizações significativas, e já estava na hora de mudar. Para a linha 2026, ele adota leves retoques visuais, busca caprichar mais no acabamento e adiciona itens mais tecnológicos, sem alterar os preços. Mas seria o suficiente para tirar o atraso frente à concorrência?
Andamos na versão RS, de apelo esportivo e que passa a ser a mais cara da linha, por R$ 190.590 – mesmo preço cobrado pela série especial 100 Anos, limitada a 1.000 unidades.
As novidades visuais concentram-se na dianteira do Tracker, que adota os faróis separados em dois pares: nas peças superiores, próximas ao capô, estão as luzes diurnas e de seta; logo abaixo, estão os faróis principais. Toda a iluminação é automática e em led, para todas as versões. Os faróis de neblina também são de led, mas estão disponíveis apenas nas versões Premier, RS e 100 Anos.

O para-choque também é novo, assim como a grade. No caso do RS, a divisão da grade (e a grade) é pintada em preto brilhante e, a gravata da Chevrolet, é em preto. De lado, a única novidade fica para o desenho das rodas, que são de 17 polegadas e pintadas de preto, com pneus 215/55.
Atrás, a versão RS deixa todos os logotipos em preto, mesma cor utilizada no aplique inferior do para-choque. Mas a única novidade da linha 2026 está nas lanternas, que ganham um novo revestimento acinzentado no interior. O layout de iluminação, no entanto, é o mesmo, com as luzes de posição e freio em led.

Interior renovado, mas exagerado
Por dentro, as maiores novidades da linha 2026 ficam na parte superior do painel. A começar pelo novo arranjo de telas, formado pelo quadro de instrumentos de 8 polegadas (que tem poucas informações, mas é funcional) e pela central multimídia de 11 polegadas, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e conexão wi-fi.
O acabamento também teve melhorias, pontualmente na porção central do painel, que recebe tecido e passa a ser macia. Neste local, cada versão ganha um tratamento diferente nas cores, ponto sensível para o Tracker RS. No painel, o tecido é cinza e há detalhes em vermelho, como as costuras e apliques próximos às saídas de ar.

Os bancos, no entanto, exageram na combinação e abusam do vermelho. O tom forte está presente nas porções inferiores, laterais e centrais, e até nos painéis de porta. Atrás, assento e encosto centrais são inteiros em vermelho, sem contar os demais apliques inferiores e laterais. Também na parte traseira, não há a porção macia nas portas, mas plástico rígido e preto – ao menos o “downgrade” ajuda por não ter ainda mais vermelho ali.
É compreensível que a marca queira dar um tom esportivo ao modelo, mas passa (bastante) do ponto e a combinação certamente enjoará com o passar do tempo. É preciso considerar que o modelo é para uso diário, diferente de esportivos que fazem combinações parecidas – mas com melhor equilíbrio.

Em espaço, o Tracker segue bom. Atrás, onde o banco é mais baixo em relação aos dianteiros, dois adultos de até 1,80 metro viajam com conforto nas laterais. Uma terceira pessoa até pode ser acomodada, já que o túnel central não é dos mais altos, mas não ficará confortável. Há duas saídas USB na traseira, mas o SUV fica devendo saídas de ar-condicionado – presente na maioria dos concorrentes. O porta-malas tem 393 litros.

Bem equipado, mas…
A lista de equipamentos do modelo é boa, especialmente por ser a versão de topo. Há faróis full led com acendimento automático, chave presencial com partida por botão, piloto automático, ar-condicionado digital automático, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, carregador de celulares por indução, sistema de estacionamento semiautônomo e teto solar panorâmico.

Entre os itens de segurança, são seis airbags, assistente de partida em aclive, alerta de colisão com frenagem automática de emergência, alerta de pontos cegos, controles de estabilidade e tração, e monitoramento de pressão dos pneus.
Mas há consideráveis faltas em relação à concorrência, como ar-condicionado de duas zonas (e saídas de ar traseiras), alerta de tráfego cruzado traseiro, câmera dianteira, piloto automático adaptativo, sistema de permanência em faixa, faróis altos automáticos e porta-malas com abertura automática. Não há opcionais.

Como anda?
As versões Premier e RS seguem com motor 1.2 turbo de três cilindros, que tem 141/139 cv (etanol/gasolina) e 22,9/22,4 kgfm (etanol/gasolina), sempre com câmbio automático de seis marchas. Este ajuste foi feito no final de 2024, quando a motorização adotou injeção direta de combustível. Antes, eram 133 cv com etanol e 132 cv com gasolina.

Para a linha 2026, o único ajuste para o motor 1.2 turbo foi a atualização da correia banhada a óleo. Agora vinda de um novo fornecedor, a correia promete estar mais robusta e resistente.
No uso, não é possível sentir diferença para o antigo ajuste. E isso não é ruim, já que o modelo tem bom desempenho, apesar de elevar consideravelmente o ruído em retomadas. Segundo a GM, o Tracker RS vai de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos, com etanol. Ainda não foi possível testar o modelo em nossa pista para aferir os números no padrão QUATRO RODAS, com gasolina. O câmbio de seis marchas tem trocas suaves, embora não tão rápidas.

De acordo com a marca, há novidades em direção e suspensão – também bastante sutis. A direção é leve e ficou mais direta, enquanto a suspensão está mais macia e silenciosa no trabalho, mesmo em pisos mais acidentados.