Chevrolet S10 Flex x Ford Ranger Flex
Na versão flex, elas são as preferidas de quem não pega no pesado. Entre as duas novidades, qual a que oferece mais?
Quando o assunto é trabalho, o binômio picape diesel é quase indissociável. No entanto, na hora de fazer as vezes de carro de passeio, a gangorra pende para as versões bicombustível. Não por menos, o mix de vendas da Ford é de 50% entre as duas motorizações. A razão é fácil de entender: a diferença de preço entre elas só é compensada pelo uso intensivo. E a julgar pelos números deste teste, as picapes afeitas ao etanol têm uma sede difícil de saciar. A Ranger fez 4,0 km/l na cidade e 5,9 km/l na estrada. Menos que a S10, a Hilux e até a Ranger com motor de 2,3 litros da geração anterior, cuja marca era de 5,0 km/l e 8,0 km/l nos mesmos ciclos.
A S10 mostrou uma pequena evolução, com 5,1 km/l e 7,9 km/l, na cidade e estrada, respectivamente, melhorando o registro da geração antiga, de 4,6 km/l e 6,8 km/l. A Hilux não fica atrás em consumo exagerado, fazendo 5,0 km/l e 6,1 km/l, mas não foi convocada por não ter novidades.
Deixando de lado a compulsão etílica, a Ford mostra qualidades que a rival não tem. Agrada mais ao volante, tem direção leve e câmbio com engates curtos e macios. O câmbio da S10 é competente, mas não trabalha com a mesma suavidade. Isso conta pontos no trânsito, já que os motores flex exigem trocas mais constantes que os a diesel, sobretudo com a caçamba cheia.
Ranger e S10 partem de 68300 reais e 65550 reais. Neste comparativo você vê as versões topo de linha, ambas com ar-condicionado digital e volante com ajuste de altura. A nova S10 tem nível de luxo e conforto compatíveis com os 83 380 reais pedidos pela GM, mas… a Ranger fica na frente. A Amarok também. E talvez a Frontier. Mesmo assim, é inegável seu poder de sedução.
O preço adicional da Ford corresponde a um motor mais forte, de cinco cilindros, airbags laterais, ar de duas zonas e sensor de estacionamento. Tudo por 4 920 reais a mais. Para contrabalancear o custo extra, sua cesta básica de peças custa 25% menos, as revisões até os 60 000 km são 35% mais baratas e o seguro também é mais em conta.
Se servir como alento, não se preocupe em levar as versões mais caras. O melhor negócio é ficar com as intermediárias. A Ranger XLT, por 76 300 reais, e a S10 LT, por 71 620 reais. Em ambas, abre-se mão dos bancos de couro, banco do motorista com regulagem elétrica e rodas de 17 polegadas, além de outros acessórios de conforto.
O que mais chama a atenção nas picapes flex é sua ineficiência ao lidar com dois combustíveis, resultando em maior custo por quilômetro rodado. O baixo rendimento com etanol fica ainda mais evidenciado em motores grandes. A antiga Ranger a gasolina fazia 8,6 km/l e 13,8 km/l, na cidade e estrada. Agora a marca divulga 7 km/l e 10,4 km/l. Uma involução em tempos cujas palavras de ordem são downsizing e eficiência.
A Ranger XLT 4×4 é a equivalente a diesel da LTD Flex, pois a Ford não a vende com tração 4×2. Custa 117300 reais, 29000 a mais. Considerando suas médias de consumo, em São Paulo seria necessário rodar pelo menos 60 000 km para compensar o investimento numa versão movida a diesel. Na estrada, seriam mais de 90 000 km. No caso da GM, as distâncias aumentam. Seria preciso andar 70 000 km na cidade ou 100000 km na estrada antes de equiparar o custo da S10 LTZ 4×2 diesel (108735 reais) com o da LTZ Flex. Se você costuma dar trabalho para o hodômetro e para a caçamba, vale o upgrade para poder contar com o torque maior do diesel. Se a ideia é só curtir a paisagem do alto, vá de flex e aplique a diferença em hospedagem.
RANGER DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Tem melhor acerto de suspensão e direção mais rápida, mas ficou atrás nas frenagens.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
Conjunto trouxe números melhores que a S10. Seu câmbio oferece engates mais macios e precisos.
★★★★
CARROCERIA
Design atraente, com uma pitada de elegância, e uso de materiais de boa qualidade formam um belo conjunto.
★★★★
VIDA A BORDO
Bem equipada e mais confortável, tem materiais de qualidade superior à da rival. Ao volante, fica a sensação de que o carro é mais caro que a S10.
★★★★
SEGURANÇA
As versões LTD contam com seis airbags e seu e SP é de última geração. Tem controle anticapotamento e de oscilação de reboque.
★★★★☆
SEU BOLSO
É superior na capacidade de fazer valer o custo de aquisição, mas vai maltratar o bolso toda vez que o acelerador for acionado.
★★★★☆
S10 DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Direção leve e suspensão dura, o que a faz pular mais que a concorrente. Os freios mostraram-se mais eficientes.
★★★☆
MOTOR E CÂMBIO
O desempenho do motor é compatível com o tamanho do veículo, desde que não haja muito peso na caçamba. Os engates do câmbio podem melhorar.
★★★☆
CARROCERIA
É estilosa, moderna e transmite sensação de robustez.
★★★★
VIDA A BORDO
Não deixa a desejar em conforto ou ergonomia, mas falta esmero na qualidade dos plásticos. A unidade testada tinha pouco mais de 10000 km, muitos ruídos de acabamento e porta-objetos ruins de abrir.
★★★☆
SEGURANÇA
Além dos obrigatórios freios ABS, airbags e e SP, tem cintos de três pontos para o passageiro do banco traseiro central.
★★★★
SEU BOLSO
A gravatinha dourada afasta a possibilidade de se fazer um mau negócio, sobretudo no caso de frotistas, para quem os custos com consumo e tamanho da rede são determinantes na compra.
★★★★
VEREDICTO
A Ranger mostra-se superior à S10, mas a Chevrolet se defende com competência e não sofre com rejeição no pAós-venda. Três fatores contam a seu favor: a rede de 600 concessionárias, menor custo de aquisição e custo por quilômetro rodado menor. Ainda assim, a Ford faz valer o investimento para quem quer passear com a família.
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