Chevrolet Cobalt 1.8 Elite: desvio de rota
Na linha 2016, o Cobalt ganhou novo visual, acabamento caprichado e equipamentos inéditos. Mas perdeu o custo-benefício de sempre
O Chevrolet Cobalt sempre teve na relação custo-benefício seu principal atrativo. Sedã de porte médio com preço de compacto, ele contabilizou mais de 191 000 unidades desde o lançamento, em novembro de 2011, de acordo com a GM. Um sucesso mesmo passando ao largo de coisas tão valorizadas pelo consumidor brasileiro como design e acabamento interno sofisticado.
Agora na linha 2016, que chega às lojas em dezembro de 2015, sua lógica se inverteu. “A razão virou emoção”, afirma o diretor de design Carlos Barba, responsável pelo visual do sedã, antes e depois das mudanças.
O Cobalt chega com design mais elaborado, inspirado no Chevrolet Malibu, lançado no Salão de Nova York, em abril. Na dianteira, a grade dupla adota o novo estilo da marca, os faróis ganharam projetores de dupla parábola, separados por frisos cromados, e o capô tem novo formato com vincos em V. Na traseira, o destaque são as lanternas envolventes que invadem a tampa do porta-malas, que também foi redesenhada, assim como o para-choque. Na lateral, apenas os para-lamas dianteiros mudaram para acompanhar o novo recorte da dianteira. E as rodas de aro 15 têm novo desenho.
Por dentro, as laterais das portas foram modificadas e ficaram não só mais bonitas, mas também mais funcionais. Os designers diminuíram o espaço no porta-trecos, onde antes cabia uma garrafa pet grande, mas melhoraram a ergonomia, reposicionando o puxador. O painel não mudou e nem o desenho dos bancos, mas os materiais foram substituídos dando um acabamento de padrão superior à cabine – não é possível dizer se isso aconteceu na versão de entrada LT porque na apresentação a GM só mostrou a LTZ e a Elite, que aparece nas fotos aqui com bancos revestidos em material que imita couro.
Além do acabamento, a fábrica caprichou nos equipamentos. Segundo a GM, desde a versão mais simples, LT, o Cobalt traz como itens de série ar-condicionado, trio elétrico (inclui vidros elétricos traseiros), chave canivete com controle remoto e bancos e volante com regulagem de altura. Para as versões intermediária LTZ e top de linha Elite, estão disponíveis ainda sensor de estacionamento, piloto automático, computador de bordo, central multimídia e sistema de assistência remota OnStar (com chamadas de emergência e serviços de manutenção, navegação, segurança e concierge).
O Cobalt é o primeiro modelo da GM equipado com a segunda geração da central multimídia MyLink, que, além de recursos como GPS e comando de voz, traz como principal novidade a compatibilidade com os sistemas operacionais de celulares Android Auto e CarPlay, com acesso a aplicativos que antes não estavam disponíveis, como Skype, WhatsApp, Spotfy e TuneIn. A tela de 7 polegadas agora tem melhor resolução e tecnologia multitouch, como nos smartphones, o que facilita a navegação com os dedos. Para os comandos de uso frequente, de volume, de avanço e de retrocesso, a central ganhou botões físicos (que na função touch da primeira geração eram imprecisos e desviavam a atenção do motorista).
Vida a bordo
Não houve mudanças mecânicas. O único trabalho da engenharia foi a readequação do sistema de refrigeração do motor, uma vez que a abertura da grade dianteira diminuiu. O Cobalt continua com seus motores 1.4 de 102 cv (sempre equipado com câmbio manual de5 marchas) e 1.8 de 108 cv (com a opção automática de 6 marchas).
Levamos a versão Elite 1.8 automática para a pista e ela repetiu o padrão de rendimento apresentado pelo do modelo anterior. Na prova de 0 a 100 km/h, o sedã fez o tempo de 13,2 segundos. Nas retomadas de 60 a 100 km/h, gastou 7,4 segundos. E nas medições de consumo, as médias foram de 10,4 km/l, na cidade, e de 13,8 km/l, na estrada. Sempre rodando com gasolina. Na hora de parar, o Cobalt precisou de 26,3 metros para ir de 80 a 0 km/h, uma boa marca.
Ao volante, o Chevrolet continua bem acertado, com a suspensão eficiente, que segura a carroceria nas curvas e absorve bem as irregularidades do piso e a direção precisa. A vida a bordo também não mudou, o Cobalt oferece espaço confortável para cinco adultos e o maior porta- malas da categoria, com 563 litros.
Subiu de vida
Já no que diz respeito à relação custo-benefício, a mudança foi radical. O Cobalt foi reposicionado para cima e isso passa até mesmo pela oferta de versões. A GM cortou do catálogo a antiga versão básica LS. Agora, a linha começa na LT, que antes era a intermediária. E o valor é alto: R$ 52.690, um aumento de quase cinco mil reais sobre o preço anterior. A LTZ sai por R$ 57.590 com motor 1.4 e R$ 59.990 com motor 1.8, subindo para R$ 65.990 se equipada com câmbio automático. E há uma nova top de linha Elite (testada por nós nessa matéria), por nada menos que R$ 67.990.
Pensando mais longe, esse upgrade no Cobalt é um sinal de que a GM já prepara terreno para a nova geração do Cruze, que chega no ano que vem tecnicamente mais sofisticado e provavelmente mais caro. Mas isso é assunto para outra edição.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio
O motor tem rendimento apenas mediano, mas o câmbio merece aplausos.
Dirigibilidade
O Cobalt é um sedã bem ajustado e agrada pelo comportamento dinâmico.
Segurança
Mesmo na versão Elite, há apenas os obrigatórios airbags e ABS.
Seu bolso
Quem já pensava em um Cobalt, antes das mudanças, pode aproveitar os descontos do modelo atual, em estoque das concessionárias. O novo ficou bem mais caro, e deve abrir espaço para o Prisma.
Conteúdo
O Cobalt é bem equipado desde a versão mais simples. E nas intermediárias já é possível levar central MyLink e sistema OnStar.
Vida a bordo
O espaço interno é um dos pontos fortes do carro.
Qualidade
O acabamento melhorou nos materiais empregados e na confecção das peças.
VEREDICTO QUATRO RODAS
O Cobalt evoluiu na forma e no conteúdo. Mas perdeu seu principal e tradicional atrativo, que é a relação custo-benefício. E no nível de preço que ele alcançou, a concorrência é mais forte e variada.
ACELERAÇÃO | |
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de 0 a 100 km/h: | 13,2 s |
de 0 a 1000 m: | 34,8 s – 146,5 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 170 km/h (dado de fábrica) |
RETOMADAS | |
de 40 a 80 km/h: | 6,1 s |
de 60 a 100 km/h: | 7,4 s |
de 80 a 120 km/h: | 11 s |
FRENAGENS | |
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 15,9 / 26,3 / 62,5 m |
CONSUMO | |
Urbano: | 10,4 km/l |
Rodoviário: | 13,8 km/l |
RUÍDO INTERNO | |
Neutro / RPM máximo: | 40 / 73,6 dBA |
80 / 120 km/h: | 62,5 / 71,4 dBA |
AFERIÇÃO | |
Velocímetro / real: | 100 / 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D: | 2.000 rpm |
Volante: | 2,8 voltas |
SEU BOLSO | |
Preço: | R$ 68.990 |
Garantia: | 3 anos |
Concessionárias: | 600 |
Seguro: | n/d |
Motor: | flex, diant., transversal, 4 cilindros, 1 796 cm³, 80,5 x 88,2 mm, 10,5:1, 108/106 cv a 5 400/5 600 rpm, 17,1/16,4 mkgf a 3 200 rpm |
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Câmbio: | automático, sequencial, 6 marchas, tração dianteira |
Direção: | hidráulica, 10,9 m (diâmetro de giro) |
Suspensão: | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios: | disco ventilado (diant.), tambor (tras.) |
Pneus: | 195/65 R15 |
Peso: | 1.135 kg |
Peso/potência: | 10,5/10,7 kg/cv |
Peso/torque: | 66,4/ 69,2 kg/mkgf |
Dimensões: | comprimento, 448,1 cm; largura, 173,5 cm; altura, 152,3 cm; entre-eixos, 262 cm; porta-malas, 563 l; tanque de combustível, 54 l |
Equipamentos de série: | ar-condicionado, trio elétrico, chave canivete, bancos e voltante com ajuste de altura, sensor de estacionamento, piloto automático, computador de bordo, central MyLink, sistema OnStar, rodas de alumínio, revestimento dos bancos que imita couro, detalhes em preto brilhante no painel. |