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Bentley Bacalar é conversível de alto luxo que custa mais de R$ 12 milhões

O Bentley mais espetacular dos últimos tempos terá produção de apenas 12 unidades e preço de cerca de 2 milhões de euros, ou aproximadamente R$ 12,7 milhões

Por Joaquim Oliveira/ Press-Inform
Atualizado em 6 fev 2022, 15h18 - Publicado em 6 fev 2022, 10h38
Bentley - Bacalar Green
O conceito EXP 100 GT, de 2019, foi sua inspiração  (Divulgação/Quatro Rodas)
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É sábado de manhã no fim de julho em Pebble Beach, um enclave luxuoso da Califórnia, a apenas uma dúzia de quilômetros da Península de Monterey. Apesar de estarmos em pleno verão, uma brisa (demasiadamente) refrescante sopra a partir do Pacífico.

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Não há capota nem bancos aquecidos – afinal de contas, esta barchetta é um protótipo, que serve para validar componentes como chassi, motor, integridade de construção etc. Mas não há do que reclamar. Muito pelo contrário. Estou a bordo do Bentley Mulliner Bacalar.

Contam-se nos dedos de uma mão os jornalistas que tiveram a oportunidade de guiar este exclusivo carro. Por isso, toda prudência é pouca ao percorrer a 17-Mile Drive, caminho cenográfico que contorna a península.

Bentley - Bacalar - Green - 013
(Divulgação/Quatro Rodas)

Bacalar é o nome de uma grande lagoa na costa mexicana de Yucatán, famosa pela água de várias tonalidades. Lá, chove pouco, o que explica a opção pelo estilo barchetta, expressão que designa um roadster sem capota – ou simplesmente “barquinho”, em italiano.

Serão apenas 12 unidades, todas já vendidas, a um preço que varia entre 1,9 milhão e 2 milhões de euros (R$ 12,1 milhões a R$ 12,7 milhões). As entregas começam em janeiro.
Por onde olho, há couro, pura lã inglesa, madeiras e titânio, tudo conjugado com a elegância típica dos artesãos da Mulliner, responsável pela montagem do esportivo de dois lugares. Os principais comandos são de titânio anodizado e as saídas de ventilação têm tom bronze-escuro.

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Cada banco recebeu meticulosos 148.199 pespontos no couro, e a madeira veio de troncos recuperados de zonas pantanosas da região leste da Inglaterra, cuja tonalidade única é o resultado de milhares de anos de madeira depositada em terrenos úmidos.

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Painel é o mesmo do Continental GT. Exclusivo é o acabamento (Divulgação/Quatro Rodas)

Com tanta exclusividade faria sentido ter outro painel e console central, e não os do Continental GT (incluindo o sensacional display rotativo). Além disso, há excesso de botões físicos.

Mas Paul Williams, diretor da divisão Mulliner, garante que o protótipo não partilha nenhuma peça visível com o Continental GT, a não ser as maçanetas das portas. Ele diz que a carroceria foi inspirada no conceito EXP 100 GT, feito para celebrar o centenário da marca, em 2019, e no clássico Blower, dos anos 1920.

Ainda assim, o Bacalar faz recordar o Continental GT, apesar dos mais de 750 componentes criados especificamente para este roadster, como as portas, flancos dianteiros e para-choques (todos de fibra de carbono), além dos ressaltos de alumínio atrás dos encostos de cabeça.

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Entre os muitos detalhes que contribuem para o que Williams diz ser “um nível de personalização sem precedentes na Bentley” estão as malas feitas pela Schedoni, fabricante italiano que faz peças sob medida para automóveis de luxo. No Bacalar, as duas peças ficam expostas, atrás dos bancos.

Bentley Bacalar
Volante traz componentes dos esportivos da marca irmã Porsche. (Divulgação/Quatro Rodas)

Mecânica do Continental GT Se a aparência tem personalidade marcante, por outro lado o primeiro modelo da família Mulliner Coachbuilt herda a mecânica do Continental GT Speed. É o caso de chassi (incluindo a suspensão com três câmaras pneumáticas por roda), barras estabilizadoras ativas, tração integral, motor 6.0 biturbo de 12 cilindros em W (de 659 cavalos e 91,8 kgfm) e câmbio de dupla embreagem com oito marchas.

A marca divulga aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 3,6 s e velocidade máxima de 322 km/h, ou 13 km/h menos do que o novo GT Speed. Com bitola traseira 2,2 cm mais larga que a do Continental GT, a parte posterior ganha ainda mais protagonismo dinâmico (além de estético) ao dar mais prioridade à tração traseira, embora seja um veículo de tração integral.

Durante o passeio ao longo da 17-Mile Drive, foi possível concluir que, após o intenso trabalho em túnel de vento e acerto de suspensão, os trabalhos do time da Mulliner estão na fase final. A ação conjunta do amortecimento variável, da suspensão pneumática, da estabilização eletrônica e do diferencial autoblocante traseiro eletrônico (eLSD) alcançou – tal como no novo Continental GT Speed – um nível nunca visto num carro de rua da Bentley.

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Bentley Bacalar
No painel, há uma tela ladeada por clássicos mostradores (Divulgação/Quatro Rodas)

O sistema de estabilização usa um motor elétrico dentro de cada barra estabilizadora. Na configuração mais rígida, pode gerar até 132 kgfm em 0,3 segundo, para neutralizar forças transversais e manter a carroceria estável.

Há também eixo traseiro direcional. Em baixas velocidades as rodas traseiras esterçam na direção oposta das dianteiras (resultando num raio de giro menor e facilitando as manobras). Em velocidades médias e altas, as quatro esterçam no mesmo sentido, para aumentar a estabilidade. A direção é suficientemente direta e precisa para um GT, e a caixa automática de oito marchas é suave e rápida.

Parece tudo perfeito, mas não aos olhos de ao menos um dos excêntricos compradores. Para alguém, faltava alguma coisa. Ou melhor, sobrava. Pois não é que um ilustre cliente encomendou o seu carro sem retrovisores externos?

Bentley Bacalar
Relógio analógico remete à tradição da marca (Divulgação/Quatro Rodas)
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Como o capricho do cliente ia contra as normas legais de qualquer país, a solução foi fornecer o carro com um par adicional de portas, sem espelhos. Será, portanto, o único Bacalar de quatro portas, por assim dizer. Exclusividade nunca é demais!

A H.J. Mulliner & Co. foi fundada no século 16 como fabricante de selas para cavalos, e prosperou com contratos importantes. Em 1760, por exemplo, passou a produzir e cuidar da manutenção dos assentos dos cavalos do serviço postal inglês.

Com a chegada dos veículos de propulsão mecânica, personalizou para a Bentley o interior de um modelo de dois lugares, que foi exposto no Salão Olympia de 1923, em Londres. O trabalho aproximou as empresas e criou uma ligação que se mantém até hoje. Só nos anos 1920 – há um século – a Mulliner trabalhou em mais de duas centenas de Bentley.

Um de seus projetos mais famosos foi o R-Type Continental de 1952, o esportivo 2+2 mais rápido de sua época, cujos genes ainda vivem no atual Continental. Em 1959, a empresa foi integrada à Bentley, mudando suas instalações para o quartel-general da marca, em Crewe, onde trabalham os seus cerca de 40 funcionários, em um universo de 4.000 da Bentley.

Bentley Bacalar
Acabamento usa lã inglesa, couro legítimo, madeira de verdade e titânio (Divulgação/Quatro Rodas)
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Hoje a Mulliner dispõe de três subdepartamentos: Classic (que assinou a recriação milimétrica do Blower de 1929, mostrado este ano, e cuja produção também está limitada a 12 unidades); Collections (que se encarrega das séries especiais das gamas Continental, Flying Spur e Bentayga) e Coachbuilt (da qual o Bacalar é o primeiro exemplo).

Graças à Mulliner, o Bacalar consegue transformar a compra de um Bentley em algo ainda mais exclusivo – e caro.

Veredicto

Graças à Mulliner, o Bacalar consegue transformar a compra de um Bentley em algo ainda mais exclusivo – e caro.

Ficha técnica – Bentley Bacalar

Preço: a partir de R$ 12,1 milhões
Motor: gasolina, dianteiro, 12 cilindros em W, 48V, injeção direta, biturbo, intercooler, 5.998 cm3; 659 cv a 5.000 rpm, 91,8 kgfm a 1.350 rpm
Câmbio: automático, 8 m., tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: duplo A (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 275/35 R22 (diant.), 315/30 R22 (tras.)
Dimensões: compr., 484,9 cm; larg., 195,3 cm; alt., 140,5 cm; entre-eixos, 285 cm; peso, 2.300 kg (estimado); tanque, 90 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 3,8 s

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