Audi RS Q3
O RS Q3 é o primeiro utilitário da Audi com vocação para superesportivo, contrariando a concepção original dos modelos feitos para o off-road
Por definição, o desempenho dos SUVs consiste na capacidade de trafegar com a mesma desenvoltura por todo tipo de terreno, incluindo trilhas não pavimentadas. Vez por outra, porém, há fábricas que transgridem essas regras e criam SUVs que entregam alta performance no bom e velho asfalto, abordando o desempenho de forma mais tradicional, digamos. No caso do Audi RS Q3, que chega agora ao Brasil, essa é a primeira vez que a marca alemã se lança nessa direção. O RS Q3 é um SUV compacto que incorpora características que até então eram exclusivas da linha superesportiva da Audi, identificada pelas letras RS – do alemão RennSport, que pode ser traduzido como “corrida”.
O RS Q3 é uma versão do Q3, primo-irmão do VW Tiguan e do Porsche Macan (este último também
recém-lançado no Brasil). Ele se diferencia bastante do Q3 já no visual. Seu para-choque dianteiro tem design agressivo, com grandes tomadas de ar. E a grade trapezoidal tem uma trama do tipo colmeia, na cor preto brilhante. Nas laterais, as rodas esportivas raiadas disputam as atenções com os retrovisores, o rack e os frisos ao redor da área envidraçada, de alumínio fosco. Atrás, é o grande aerofólio que rouba a cena. Já o para-choque ganhou um difusor e a saída de escapamento (apenas uma, infelizmente) ficou na forma elíptica, como nos outros modelos da linha RS. O Audi RS Q3 é 2,5 cm mais longo (por causa dos novos para-choques) e 1 cm mais baixo (em razão da suspensão rebaixada mais o aumento do diâmetro da roda, de 19 polegadas, no lugar da de 18), em relação ao Q3 standard. Por dentro, o padrão estético acompanha o da carroceria, com detalhes em preto brilhante e apliques de alumínio, no painel e no volante. O revestimento abusa de couro e Alcantara nos bancos e nas laterais das portas. Os instrumentos têm fundo cinza, com números brancos e ponteiros vermelhos. E os pedais ganharam acabamento metálico.
0 a 100 km/h em 4,9 segundos
Como em outros modelos da linha RS, o estilo do Q3 é o cartão de visitas de um esportivo que não decepciona na prática. Na pista de testes, o Audi andou feito gente grande. Nas provas de aceleração, ele fez de 0 a 100 km/h em apenas 4,9 segundos, um tempo de candidato à categoria de superesportivos. Nas retomadas, acelerou na casa dos 3 segundos, em todos os ensaios. No dia a dia, essa disposição atlética se traduz em prazer, mas também em segurança nos momentos em que o motorista quer evitar alguma situação ou precisa fazer uma ultrapassagem, por exemplo. A velocidade máxima é limitada eletronicamente em 250 km/h.
O RS Q3 é equipado com motor 2.5 de cinco cilindros, com turbo e injeção direta, que gera 310 cv de potência e 28,6 mkgf de torque. Sua transmissão é integral Audi Quattro, com câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas e diferencial traseiro com gerenciamento eletrônico na distribuição da tração entre os eixos. Como todo esportivo que merece ser chamado assim, o RS Q3 tem desempenho de ponta, mas ainda assim é um carro gostoso de dirigir no dia a dia. Seus bancos envolventes abraçam o motorista e o volante é um show à parte. Além da boa empunhadura, é revestido de couro perfurado e tem a base achatada, típica dos carros de corrida, que neles têm a função de facilitar a entrada e saída do piloto de um cockpit apertado. Nos raios superiores, reúne os controles do sistema de som, do computador de bordo e do piloto automático, o que torna a operação desses sistemas bem mais fácil.
Assim como outros modelos RS, este SUV conta com o sistema Audi Drive Select, que ajusta o funcionamento do motor, da transmissão, da direção e da suspensão de acordo com o modo selecionado pelo motorista, por meio da central multimídia MMI. Em algumas versões RS, com a do A7, há quatro opções: Comfort, Auto, Dynamic e Individual. Mas, no caso do Q3, existem apenas as três primeiras. A quarta, por meio da qual é possível combinar os ajustes, ficou de fora. Com essas possibilidades de uso, porém, o motorista muda o comportamento do carro da maneira que quiser.
No Comfort, é possível rodar no trânsito de forma relaxada, embora mesmo assim a calibragem da suspensão seja um pouco mais dura que a de um Q3 normal. O Dynamic proporciona uma direção agressiva. Ao selecioná-lo, o câmbio passa a fazer trocas em rotações mais altas e reduções antecipadas, a direção fica mais pesada e firme e a suspensão, mais dura e reativa. Até o som do motor muda, adotando um ronco grave e instigante. No modo Auto, o carro analisa o estilo de condução de motorista e adapta seu comportamenteo automaticamente. Para os mais ousados, o sistema de controle de tração pode ser desligado. Mas entre os modos On e Off há um intermediário, que permite que o carro escape um pouco de traseira, nas curvas, antes de interferir na condução. Vendido a R$ 273 600 (enquanto o Q3 parte de R$ 135 600) na versão Attraction 2.0, o RS Q3 chega às lojas completo. Entre os equipamentos de série há ar-condicionado digital dual-zone, bancos elétricos, teto solar panorâmico, sistema de partida em declives, faróis bixenônio com luzes de posição com leds, sistema start-stop, sensor crepuscular e de chuva, câmera de ré e sistema de som Bose, com 14 alto–falantes, com 465 W de potência.
O conjunto da obra, como se vê, não foi imaginado para enfrentar a lama. Mas não tem problema. Com todos esses recursos a bordo e com o alto desempenho no asfalto, a última coisa que o
motorista vai querer fazer, ao volante do Audi RS Q3, é explorar uma trilha off-road.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Com o sistema Audi Drive Select, o motorista pode optar pelo modo de trabalho destes conjuntos, com três calibragens: Comfort, Dynamic e Auto.
★★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O motor é generoso. O torque máximo chega a 1 200 rpm e se mantém até 5 200 rpm. E o câmbio de dupla embreagem de sete marchas explora bem essa generosidade.
★★★★★
CARROCERIA
O que era bom ficou melhor, com as mudanças no design (grade, parachoques) e nos materiais (alumínio fosco nos frisos e nos retrovisores).
★★★★
VIDA A BORDO
Seu porta-malas, com 356 litros, não é dos maiores no segmento. Mas a cabine recebe todos com conforto.
★★★★
SEGURANÇA
Tem ABS, ESP, seis airbags, faróis bixenônio e sensores de chuva, de luz e de estacionamento.
★★★★
SEU BOLSO
Ele é bem mais caro que uma versão regular do Q3. Mas é uma das poucas opções no segmento
com apelo de superesportivo.
★★★★
OS RIVAIS
Volvo XC60 T6 2.0
Tem porte maior e, na versão r-Design, oferece visual de superesportivo, motor 2.0 turbo de 240 cv e sai por R$ 239 950.
Porsche Macan S
Ele é mais caro: R$ 399 000. Mas tem motor v6 de 340 cv de potência e é um esportivo nato, como todo Porsche.
VEREDICTO
Se você evitava os SUVs porque gosta de dirigir esportivamente no asfalto, a partir de agora pode pensar em rever sua opção. O rS Q3 tem carroceria de utilitário, mas se comporta como um cupê.
Média: ★★★★