Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Stellantis resgata motor turbo a etanol para carros híbridos nacionais

Projeto da Stellantis prevê carros híbridos com motor a combustão a etanol, que poderia ganhar pelo menos um protótipo ainda em 2023

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 jan 2023, 12h57 - Publicado em 31 jan 2023, 12h52
Fiat Pulse Abarth T270 2023
Motor T270, um 1.3 turbo flex com 185 cv e 27,5 kgfm (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Continua após publicidade

Faz quase quatro anos que surgiram informações sobre o desenvolvimento de um motor a etanol revolucionário dentro das instalações da Fiat. Era o chamado motor E4 seria focado na alta eficiência energética na queima do combustível vegetal. Agora este projeto vai sair do papel e será usado para otimizar seus futuros carros híbridos nacionais.

Será um motor turbo, com injeção direta e melhorias termodinâmicas pensadas para queimar apenas etanol e da forma mais eficiente possível. Esse será o primeiro passo para redução das emissões de CO2 desde o lançamento da família de motores GSE e ganhará o mercado antes mesmo das versões eletrificadas dos motores 1.0 e 1.3, que já haviam sido confirmados.

A informação é do COO da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa. Em conversa com jornalistas do Brasil, o executivo apresentou o caminho tecnológico que será seguido por todas as marcas do grupo que fabricam no Brasil (leia-se Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e, em breve, Ram) para alcançar uma meta de redução de emissões de CO2 até 2030 em 50%. Esse caminho passa pela eletrificação e faz parte de um projeto chamado BioElectro, que terá alcance global.

eletrificação stellantis
(Reprodução/Stellantis)

Se o primeiro passo será uma aposta forte no etanol como combustível principal em motores a combustão, o ápice será o uso do etanol em células de combustível para gerar energia para motores elétricos. Seria um sistema parecido com o proposto pela Nissan, mas que ainda depende de muita pesquisa para ser aperfeiçoado e ter custo competitivo.

O que está mais que certo é que a eletrificação dos Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot nacionais terá um motor a combustão movido a etanol como pilar principal. Contudo, os motores flex não serão descartados.

Continua após a publicidade

Filosa justifica a escolha: “Do plantio [da cana-de-açúcar] até o uso [como etanol], as emissões de CO2 de um carro a etanol são equivalentes às de um carro elétrico que roda na Europa”. Essa é uma conta que considera, também, a origem da energia usada para recarregar os carros elétricos. “Podemos falar que o Brasil tem hoje, por equivalência, a maior frota elétrica do mundo.”, completou destacando que mesmo carros mais antigos em circulação no Brasil ou são flex ou usam pelo menos 27% de etanol misturado na gasolina.

Motor 1.3 Firefly turbo
Motor 1.3 GSE turbo foi o ponto de partida para o projeto do motor a etanol (Divulgação/Fiat)

O executivo reforça uma informação que já era conhecida: a eletrificação de todos os carros da Stellantis fabricados no Brasil será feita com componentes fabricados no Brasil.

Quando se fala em tecnologia, vamos localizar a tecnologia do etanol e componentes de eletrificação, da mais leve a mais pesada. Tudo com desenvolvimento local”, ponderou lembrando que a empresa tem 1500 engenheiros na fábrica de Betim (MG) e outros 200 em Goiana (PE), locais onde concentra suas operações de desenvolvimento na América do Sul.

Continua após a publicidade
Motor Pulse 1.0
Hoje, o motor T200 Flex é o 1.0 turbo mais potente do Brasil (Divulgação/Stellantis)

De acordo com Filosa, os próximos passos são para curto e médio prazo. “Leva entre 18 e 24 meses para desenvolver um carro novo. […] As primeiras criações serão apresentadas no fim deste ano e os lançamentos virão nos próximos anos”.

Logo, é muito provável que vejamos um carro a etanol da Stellantis ainda em 2023, ainda que seja um protótipo. Mas não se surpreenda caso a fabricante escolha algum de seus modelos para lançar uma versão movida apenas a etanol, servindo de laboratório para seu projeto. 

Primeiros motores híbridos nacionais

A Stellantis não pretende lançar um carro híbrido leve no Brasil antes que os componentes tenham produção local. Isso vale do motor à bateria, passando pelos softwares de gerenciamento dos motores. Os motores que serão eletrificados são justamente da família GSE, que já foram desenvolvidos considerando essa evolução e já têm versões híbridas na Europa.

Continua após a publicidade

No Velho Continente, o sistema mais simples é de 12V, e combina o três-cilindros 1.0 aspirado a um elétrico com 5 cv, inclusive em versões com câmbio manual. O outro, mais robusto, trabalha com 48V e tem 20 cv e 5,6 kgfm para auxiliar o novo 1.5 turbo de 130 cv e 24,5 kgfm.

fiat-500-and-fiat-panda-receive-12v-mild-hybrid-engine_likeautomotive.com_.
Motor 1.0 Firefly com sistema híbrido leve de 12V usado na Europa (Divulgação/Fiat)

Por aqui, primeira movimentação para o lançamento de carros nacionais com tecnologia híbrida leve aconteceria entre 2024 e 2025. Dos 43 lançamentos previstos pela Stellantis até 2025, sete serão carros eletrificados. E informações obtidas por QUATRO RODAS dão conta de que Pulse e Fastback serão os primeiros híbridos nacionais da Fiat, já no ano que vem.

Continua após a publicidade

Convém explicar que para transformarem os motores 1.0 e 1.3 turbo em híbridos leves será adicionado um motor/gerador que substitui o alternador e o motor de partida. Ele é ligado ao virabrequim via correia dentada não apenas dá um fôlego extra quando o motor é exigido, mas também pode permitir desligá-lo em descidas, recuperar energia da frenagem e auxiliar sistemas que eventualmente roubam desempenho do carro. A tendência é que o sistema melhore não apenas as emissões, mas também o consumo e o desempenho.

Também é interessante notar que a Stellantis também já fala em carros híbridos plenos nacionais. São híbridos com motor elétrico capaz de impulsionar o sozinho ou dar um suporte maior ao motor a combustão (que, neste caso, será movido apenas a etanol) por ter uma bateria um pouco maior, recarregada pela energia das frenagens e reduções ou pelo próprio motor a combustão. A empresa quer chegar em 2030 com 20% de eletrificação dos seus carros vendidos no Brasil.

fiat fastback
Fiat Fastback (Divulgação/Fiat)

O passo seguinte, antecipando as células de combustível, será a fabricação de carros elétricos no Brasil.

Continua após a publicidade

Como era o projeto do motor a etanol?

A ideia de otimizar a queima do álcool em motores turbo dentro da fábrica de Betim (MG) começou há pelo menos 10 anos ainda com o 1.4 T-Jet que equipou Punto, Linea e Bravo. Por volta de 2019 esse projeto foi retomado antes mesmo dos motores 1.3 GSE Turbo chegarem ao mercado e teria uma “patente nacional” com o objetivo de “reduzir o gap de consumo do etanol em relação à gasolina, que é de 30% atualmente”.

O que se sabia até agora é que o projeto do motor E4 acabara servindo como um laboratório para a criação da versão flex do motor 1.3 GSE turbo. Agora, porém, ele aparenta estar com a missão de se tornar o salvador desta família de motores a combustão e é bem provável que ganhe uma versão com três cilindros baseada no 1.0 GSE turbo.

Compartilhe essa matéria via:

O objetivo seria transformá-lo o suficiente para elevar sua eficiência com etanol a um patamar ainda não visto – e que motores flex estão longe de entregar, pois buscam um equilíbrio de eficiência entre o etanol e a gasolina. Imagine um carro a álcool com rendimento por litro equivalente ao da gasolina. É isso o que buscam.

Quatro anos atrás os mais empolgados na Fiat diziam que o projeto do motor E4 poderia garantir a sobrevida dos motores a combustão por mais 50 anos. Parece que agora há chances de isso realmente acontecer, ainda que apenas no Brasil.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.