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Quer colecionar carros antigos? Conheça custos e regras

Entenda as especificidades do "antigomobilismo"

Por Priscila Yazbek, de <a href=" http://exame.abril.com.br/">Exame.com</a>
Atualizado em 9 nov 2016, 12h09 - Publicado em 22 nov 2012, 18h18
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A compra de um carro antigo é muito comparada por colecionadores à compra de uma obra de arte. Não que os carros antigos possam ser considerados investimentos, como ocorre com as obras de arte, uma vez que o mercado de “antigomobilismo” ainda não está bem desenvolvido no Brasil, dizem especialistas. Mas ambos os bens têm especificidades no processo de compra e venda e podem se valorizar e render lucros para seus proprietários.

A partir desta quinta-feira até sábado, dia 24, a cidade de São Paulo sedia um grande evento de colecionadores no Pavilhão do Anhembi: o Salão Internacional dos Carros Antigos (Siva), durante o qual ocorrerão inclusive leilões de alguns modelos. Quem é fascinado por esse universo, mas ainda não é colecionador, deve saber que o “antigomobilismo” envolve uma série de custos e regras. Do processo de aquisição à contratação do seguro, veja os custos de se manter uma coleção e o que deve ser levado em conta:

Pesquisa do modelo e de preços

Os carros antigos são normalmente comprados de três formas: por meio de vendas diretas, em leilões ou por importação. O primeiro passo para a compra é a pesquisa do modelo e do valor do carro. “Existem muitas opções de modelos porque a indústria automobilística é mais do que centenária, então a escolha do modelo é a primeira coisa a se fazer”, afirma Otávio Carvalho, presidente do Veteran Car Club de Minas Gerais.

Escolhido o modelo, o segundo passo é a pesquisa do valor de mercado do carro. Segundo Carvalho, os valores podem partir de 2.000 reais, por um carro já bem desgastado, mas o céu é o limite. “É importante consultar os principais vendedores de carros antigos, passar a frequentar exposições, eventos, ler publicações especializadas, sites estrangeiros e frequentar leilões. O leilão é o lugar certo para dizer o valor de qualquer objeto, porque ele mostra o preço que alguém esteve disposto a pagar por aquilo”, diz.

O Salão Internacional dos Carros Antigos é uma boa oportunidade para quem quer conhecer um pouco mais sobre o “antigomobilismo”. Durante o evento, serão promovidos leilões da Private Collections, na sexta e no sábado. As regras e outras informações sobre o leilão podem ser pesquisadas no site da empresa.

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O presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), Henrique Thielmann, dá algumas dicas para quem quer entrar no mercado de coleção de carros antigos. “Para quem está começando, eu sugiro que compre um carro nacional, como um Opala, que tem um preço razoável e tem procura. É um carro que dá para vender sem grandes prejuízos. Outra dica é que o carro não deve ser comprado já se pensando em fazer restauração. E por fim, a compra não pode nunca ser baseada única e exclusivamente na emoção. É essencial procurar e pesquisar “, diz.

Ambos os especialistas recomendam também que o interessado em conhecer melhor o mercado se associe aos clubes de carros antigos. Esses clubes possuem profissionais especializados em “antigomobilismo”, que podem ajudar o comprador mais inexperiente a entrar no mercado. No site da FBVA, é possível consultar os clubes por região e os contatos de cada um deles.

A compra de carros antigos diretamente com o proprietário requer praticamente os mesmos cuidados da compra de carros seminovos e usados. Fazer um test drive, verificar se o carro tem algum tipo de pendência no Detran, checar se o veículo passou por acidentes olhando sua documentação, ou identificando diferenças de tonalidade na pintura são algumas das dicas que devem ser seguidas para a compra de um carro usado e que também se aplicam aos carros antigos.

“O comprador deve procurar saber se aquele carro não é modificado, se não foi batido e se não tem problema com fiscalização. São coisas básicas que todo mundo faz na compra de qualquer carro usado. Na compra do carro antigo, o comprador só deve ter um cuidado adicional: ele não deve deixar de observar esses detalhes pela emoção”, afirma Thielmann.

Leilões

Nos leilões, a orientação dos especialistas é saber antes de participar qual é o modelo desejado e não se desvirtuar por outros modelos ofertados. “Antes de participar de um leilão, primeiro é preciso saber o que você quer comprar e não o que está sendo vendido. Em segundo lugar, deve-se estipular um valor limite antes de o leilão começar”, orienta Thielmann.

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O presidente do Veteran Club também recomenda que o comprador examine o carro que será leiloado antes do evento. Segundo ele, os veículos que são leiloados geralmente ficam em exposição antes de o leilão começar.

Cada leilão possui regras próprias. Segundo Carvalho, alguns leilões mais sofisticados exigem que o interessado se inscreva previamente, apresente alguns documentos e até mesmo garantias bancárias para participar. Já outros, que possuem lotes (como são chamados os carros leiloados) de valor menos significativo, permitem que o interessado se inscreva pessoalmente, na hora do leilão.

As formas de pagamento também podem variar. Via de regra, ao anunciar o lote, o leiloeiro explica se o proprietário permite que o pagamento seja parcelado, o número máximo de prestações, ou se o bem só poderá ser adquirido à vista.

Após término do leilão, o comprador que deu o lance vencedor se reúne com o proprietário do carro e define, ali mesmo, os pormenores da venda. “Terminado o leilão, comprador e proprietário decidem a forma de pagamento e assinam o compromisso de compra e venda. Eles decidem lá mesmo se o carro já vai ser levado pelo novo proprietário, ou se será entregue depois”, afirma o presidente do Veteran Club. Ele apenas ressalta que, no caso dos leilões de carros mais caros, garantias adicionais podem ser exigidas e a venda pode não ser concluída imediatamente.

Segundo a Portaria 370 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), é permitida a importação de automóveis com mais de 30 anos de fabricação. Mas, segundo explica o presidente da FBVA, o comprador deve importar o carro apenas se ele tiver em perfeitas condições de originalidade e conservação, de maneira que esteja apto a receber o Certificado de Originalidade, que será utilizado posteriormente para o licenciamento. “Para obter este certificado, o carro passa por uma vistoria e deve obter uma nota mínima nos quesitos ‘originalidade das peças’ e ‘estado de conservação'”, afirma.

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A vistoria e a emissão do Certificado de Originalidade são realizadas por entidades credenciadas pelo Denatran. No processo, são analisados itens como mecânica, elétrica, tapeçaria, estrutura, acessórios/itens de controle/segurança. A obtenção deste certificado é o que garante ao proprietário o direito de utilização da placa preta, que distingue os carros antigos dos demais.

Não é permitido que o valor do carro seja pago pelo comprador diretamente ao vendedor no país de origem. O pagamento deve ser feito no Brasil, após a emissão da Licença de Importação pelo Departamento de Comércio Exterior (Decex) do MDIC.

Os impostos incidentes sobre a operação são: Imposto de Importação de 35% sobre o valor do custo e do frete (C&F); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de 25% sobre o valor do bem; Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), de 18% sobre o valor do carro (que pode variar de acordo com o estado); COFINS, à alíquota de 9,6% e PIS/PASEP, à alíquota de 2%, também sobre o valor do carro.

Thielmann recomenda que a operação seja amparada por um Despachante Aduaneiro, por exigir Licença Prévia de Importação, pagamento de tributos federais e estaduais.

Conforme o presidente do Veteran Club destaca, o valor final da compra do carro importado chega praticamente a ser o dobro do valor do carro em si. “A importação acontece mais quando o sujeito só quer aquele carro e ele não é encontrado aqui no Brasil”, diz.

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Manutenção

Após a compra do carro, o presidente da FBVA recomenda que seja feita uma revisão no veículo para evitar custos futuros. “Se você fizer uma revisão no carro logo após comprá-lo e trocar peças e tudo que for preciso, quase não haverá custo de manutenção. Como o carro antigo não costuma ser usado no dia a dia, o gasto com manutenção acaba sendo pequeno”, orienta.

Otavio Carvalho, que tem seis carros antigos, afirma que a manutenção é mais barata do que a de um carro novo ou seminovo que é usado todos os dias. “A manutenção é mais ou menos a mesma de um carro comum. São gastos com gasolina, troca de óleo, filtros, despesas que qualquer carro tem. Mas como o carro antigo é menos usado, o custo é menor. É possível que se tenha algum gasto com restauração, mas para manter o carro, o custo é muito pequeno”, diz.

Ambos os especialistas recomendam que o comprador já escolha um carro que não precise de muitos gastos com restauração. Mas se a restauração tiver um alto custo, seu valor já deve ser planejado junto com a compra do carro.

Carvalho ressalta ainda que não se deve gastar mais com a restauração do que com o valor do carro em si. “Não adianta gastar 100.000 reais na restauração de um ‘Fusquinha’ porque ele nunca vai ser vendido por 100.000 reais e o proprietário vai ter prejuízos”, adverte.

Sobre os impostos e taxas, em alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, há isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos. E os carros que possuem a placa preta, mencionada acima, também são isentos da inspeção veicular.

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Seguro

Tanto Thielmann quanto Carvalho afirmam ser praticamente impossível conseguir um seguro para carros antigos. Pelo alto valor que o carro pode ter e pela dificuldade na reposição de peças, muitas seguradoras consideram o seguro de carros antigos um negócio desvantajoso. Por isso, segundo os entrevistados, normalmente não se faz seguro para carros com mais de 20 anos.

O presidente da FBVA afirma, porém, que é possível contratar seguros contra terceiros, isto é, que cobrem eventuais danos causados a outras pessoas e veículos em um acidente. “O seguro contra terceiros é barato, custa cerca de 700 reais por ano, e tem uma cobertura de 100.000 a 150.000 reais. Eu sugiro que os colecionadores o façam porque, além de resolver o problema do outro carro em um acidente, você tem assistência 24 horas. Se o carro tiver uma pane, por exemplo, a assistência pode ajudar”, diz.

Carro antigo no Brasil ainda não é investimento

Diferentemente do mercado de carros antigos dos Estados Unidos e da Europa, o “antigomobilismo” no Brasil ainda não é um mercado totalmente consolidado, apesar de estar caminhando nesse sentido, diz Otávio Carvalho. “Por esse motivo, comprar um carro com o objetivo de investimento aqui é muito arriscado. Enquanto nos Estados Unidos e na Europa o mercado é muito ativo, aqui tudo depende muito do mercado informal, da conversa entre os colecionadores”, esclarece.

É exatamente essa incerteza em relação à demanda e à oferta que tornam a compra de carros antigos um investimento arriscado. De acordo como presidente da FBVA, pode-se dizer que a liquidez é o único e grande risco do investimento. Segundo ele, é muito difícil um comprador perder dinheiro com um carro antigo, porque com o tempo eles tendem a se valorizar. “O que determina o valor do carro antigo é a vontade de um colecionador vender e de outro comprar. Por isso, o proprietário pode perder dinheiro se precisar vender o carro em um momento e não encontrar alguém disposto a pagar aquele valor, mas eu nunca vi colecionadores perderem dinheiro”, diz.

Por conta dessa insegurança em relação à liquidez, Thielmann afirma que a compra do carro antigo deve ser feita apenas com o objetivo de usufruir do bem. “Qualquer investimento, mesmo uma poupança, podem trazer rendimentos mais seguros que o investimento em carros antigos”.

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