Quanto tempo e dinheiro são gastos para carregar o carro elétrico em casa?
Um resumo com todas as informações de tempo e custo para encher a bateria de um carro elétrico em casa e sem dor de cabeça
Apesar de vantagens inegáveis como a dirigibilidade mais ágil, carros elétricos têm um grande problema a resolver: o carregamento. QUATRO RODAS sempre reforça que o dono de um elétrico precisa ter um carregador em casa para que sua vida não vire um pesadelo.
Mas qual carregador é esse? Em geral, há três tipos diferentes de carregamento, e eles são bem diferentes em termos de preço e tempo na tomada. Para exemplificar essas diferenças, selecionamos o carro elétrico mais vendido do Brasil (BYD Dolphin) e um dos que têm carregamento mais eficiente (Renault Megane E-Tech) à venda aqui.
Tomada residencial
Essa é a forma mais fácil de recarregar um veículo elétrico, e consiste basicamente em conectá-lo a uma tomada residencial. Para isso, é necessário utilizar um carregador portátil que, de vez em quando, vem junto ao veículo zero-km.
Numa ponta, está o plugue que encaixa no carro e, no outro, um plugue de três pinos residencial e a potência máxima fica entre 1,5 e 3 kW, a depender da tomada. Quem comprar um adaptador desse à parte paga cerca de R$ 2.000.
Tempo de recarga na tomada residencial
- BYD Dolphin: carga completa em 23h. Em 1h acrescenta-se 12 km de autonomia
- Renault Megane E-Tech: carga completa em 30h45. Em 1h acrescenta-se 12 km de autonomia
O problema é o tempo: para encher a bateria de um BYD Dolphin dessa forma, leva-se intermináveis 23 horas. Em média, uma hora na tomada acrescenta 12 km de autonomia. No caso do Renault Megane E-Tech, com bateria maior, são gastos 30h45 para uma recarga completa.
Wallbox para carro elétrico
O tipo ideal de carregamento residencial é aquele feito por wallboxes, que são as pequenas caixas que ficam presas à parede e têm um cabo embutido. Já explicamos em detalhes como é feito esse processo, mas, em resumo, é necessário comprar o equipamento e pagar pela instalação, mas uma vistoria prévia pode ser necessária.
Os wallboxes funcionam sempre com corrente alternada (AC) e com potências que vão de 3,6 kW a 22 kW. Mas atenção: todo carro elétrico tem uma potência máxima em corrente alternada e outra em corrente contínua (DC).
Tempo de recarga no wallbox
- BYD Dolphin: carga completa em 7h15. Em 1h acrescenta-se 37 km de autonomia
- Renault Megane E-Tech: carga completa em 3h15. Em 1h acrescenta-se 110 km de autonomia
No caso do BYD Dolphin, o carregamento AC é feito com até 6,6 kW (o comum à maioria dos carros vendidos é pelo menos 7,4 kW). Um wallbox dessa potência pode encher a bateria do compacto em 7h15, com cada hora na tomada acrescentando 37 km de alcance. É raro que o dono chegue em casa com bateria zerada; logo, uma noite na tomada é mais do que suficiente para que, no dia seguinte, seja possível rodar os 374 km de autonomia que o Dolphin cravou em nosso teste.
Aí há uma diferença importante do Renault Megane E-Tech, cuja recarga AC ocorre em potência máxima de 22 kW: em meras 3h15 a bateria do SUV é completamente enchida; uma hora no wallbox aumenta o alcance em 110 km, na média. Antes um wallbox desse custava caro, mas já há opções como o da NeoCharge, que custa R$ 5.300.
Carregamento rápido
Não há jeito mais rápido de encher o “tanque” de um carro elétrico do que utilizando um carregador em corrente contínua. Mas um desses supera facilmente os R$ 100.000 e, dependendo da potência, saem por mais de R$ 1 milhão. Sem contar com os gastos na infraestrutura, que tornam o carregador DC uma opção para locais públicos, como postos na beira de estrada.
Tempo de recarga no carregador DC
- BYD Dolphin: carga completa em 40 min. Em meia hora acrescenta-se 135 km de autonomia
- Renault Megane E-Tech: carga completa em 30 min. Em meia hora acrescenta-se 265 km de autonomia
A potência é tanta que, perto dos 100%, todos os carros elétricos diminuem a taxa de recarga a fim de evitar danos e aumentar a vida útil da bateria. Por isso, a métrica mais utilizada nesse caso é o tempo gasto de 10% a 80%. São 40 minutos gastos pelo BYD Dolphin (a 60 Kw) e 30 minutos pelo Megane E-Tech (130 kW). Mas a bateria do francês é bem maior, de modo que, 30 minutos de carga acrescentam-no 265 km de alcance, contra 135 km do carro chinês.
Preço da energia
Um detalhe importante é que, no carregamento AC, paga-se o preço da energia residencial, enquanto o carregamento DC tem valores definidos pela empresa que é dona do carregador e busca lucrar com ele.
Logo, encher os 45 kWh do Dolphin em casa custaria R$ 45. Os 60 kWh do Megane saíram por R$ 60, mas isso é suficiente para 438 km de rodagem: um Renault Kwid a gasolina gastaria R$ 146 para percorrer o mesmo tempo, segundo nosso teste e o preço médio da gasolina no Brasil hoje (19/7).
Num carregador DC, um valor comum é de R$ 2/kWh, que ainda manteria os carros elétricos como a opção mais vantajosa. Contudo, o custo pode chegar a R$ 4/kW, como nos carregadores da Volvo, fazendo com que andar com um carro a gasolina ou etanol fique mais barato.
Eletropostos muito rápidos, úteis para veículos luxuosos e de baterias muito grandes, encarecem a coisa, mas eis o preço da comodidade.