Produção e venda de carros cresce em 2025 enquanto chinesas têm estoque recorde
Segundo a Anfavea o país vendeu 5% mais veículos leves no ano, mas estoque de carros chineses passou das 110.000 unidades em junho

A Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, anunciou os resultados de emplacamentos e produção de automóveis no Brasil no primeiro semestre de 2025. Os resultados foram bons, de crescimento, mas a preocupação das fabricantes com os enormes estoques de carros chineses no Brasil também aumentou.
O presidente da entidade, Igor Calvet, apresentou os primeiros dados de produção com entusiasmo, afinal, houve um aumento da produção no primeiro semestre de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 1.145.000 unidades produzidas contra 1.059.000 exemplares fabricados no primeiro semestre de 2024.

Porém, causa preocupação na Anfavea a queda de produção de 6,9% para automóveis e 4,8% para comerciais leves de maio para junho de 2025, além do fato da indústria automotiva ainda não ter alcançado os números de produção vistos antes da pandemia.
Os emplacamentos do primeiro semestre também tiveram alta, com direito a um aumento de 5% nos emplacamentos de veículos leves na comparação com o mesmo período de 2024, somando 1.132.700 vendas contra 1.078.300 de 2024. Mas houve também um decréscimo nas vendas ao compararmos o mês de junho com maio. Os automóveis venderam 5% menos e os comerciais leves 7,9% a menos.
Queda nas vendas do varejo
Também houve um decréscimo de vendas no varejo, ou seja, vendas para pessoas físicas em concessionárias, de 10% no semestre quanto aos veículos nacionais e um aumento de 15% nas vendas de modelos importados. Um dado interessante é que houve uma queda expressiva na venda de carros elétricos de maio para junho deste ano, de 16%, com emplacamentos em junho de 5.800 unidades.

Já os modelos híbridos se mantêm em crescimento com 8.400 exemplares no mês enquanto os híbridos plug-in mantêm a estabilidade com 7.100 vendas. Segundo Calvet, esse dado mostra uma desaceleração das vendas das marcas chinesas no Brasil, que são responsáveis por boa parte do catálogo de modelos elétricos no país.

Inclusive elas chegaram a um patamar preocupante de estoque de veículos no país, segundo a entidade, com 111.000 unidades em junho, enquanto em maio tinham 67.300 exemplares. Essa quantidade de estoque é preocupante, pois sinaliza que as marcas farão movimentos de promoções agressivas com o intuito de liquidar o estoque, mexendo profundamente com o mercado interno.

As exportações também tiveram alta e o presidente da Anfavea afirma que é um dado que justifica uma comemoração, afinal, houve um acréscimo de 60% de 2024 para 2025 considerando apenas o primeiro semestre.
“Esse resultado pode ser atribuído ao crescimento econômico da Argentina, que teve alta nas exportações de 33,6% no primeiro semestre de 2024 para 59,6% em 2025”, diz Calvet. De acordo com a Anfavea, o aumento da produção no semestre está completamente ligado a essa alta das exportações.
As importações também cresceram, mas em um ritmo bem menor, com alta de 15,6%, impulsionada pela venda de modelos de origem chinesa no Brasil.
O total de modelos importados em 2025 é de 228.500, sendo 70.965 de origem chinesa, representando 43% de crescimento entre os primeiros semestres de 2024 para 2025. A Argentina tem a maior a participação devido ao acordo comercial de longa data que tem com o Brasil, portanto com 102.805 modelos importados em 2025.
Durante a coletiva de imprensa Calvet foi questionado sobre a opinião da Anfavea em relação ao pleito da BYD junto a Camex, Câmara de Comércio Exterior, do Governo Federal, para reduzir o imposto de importação pelo fato da marca ter começado a operação de produção SKD (o carro vem completamente desmontado, mas com a carroceria armada e pintada) na fábrica de Camaçari (BA).
“Considero que o governo federal tem toda a competência para julgar se é procedente ou não esse pedido e no meu entendimento o pleito não tem cabimento tendo em vista que produções em SKD e CKD contribuem para um processo de desindustrialização do Brasil. Estou convicto que o governo sempre levará em consideração a nossa indústria nacional e forças de desindustrialização não prevalecerão”, afirma Calvet.