Museu da Lada guarda Niva que foi à Antártida e Laika usado pela KGB
Conheça as preciosidades da era comunista conservadas na cidade-sede da fabricante russa
Togliatti, distante 1.000 km de Moscou, na Rússia, gira em torno da Lada, onde trabalham 110.000 dos cerca de 800.000 moradores locais.
É nesta cidade que fica a sede da montadora e sua maior fábrica que, além dos Lada, produz carros para Chevrolet, Renault e Nissan. Togliatti nasceu de uma parceria dos italianos com os soviéticos.
Havia um interesse de ambos: a União Soviética queria sua própria indústria automotiva e os italianos o aço soviético para a Fiat continuar produzindo seus veículos.
O acordo tomou forma em 1970, quando a Lada vendeu seu primeiro carro, um 2101 – a exata unidade hoje exposta na entrada do museu da marca, ao lado de um 2107, de 2011, último ano em que um modelo da linhagem foi produzido.
Curiosidade: os brasileiros conhecem o 2101 por outro nome: Laika.
Apenas três anos após a abertura da fábrica, a Lada comemorava a marca de 1 milhão de veículos produzidos e essa unidade histórica também está no museu. O acervo conta ainda com unidades de várias épocas.
O último carro produzido antes da dissolução da União Soviética, no fim de 1991, também integra a coleção. O Lada 2199 foi adesivado com o nome de todos os funcionários envolvidos em sua linha de montagem na época.
Outro destaque é o primeiro 2110, produzido e equipado para impressionar o então presidente russo, Boris Yeltsin, na apresentação do novo modelo da Lada.
A montadora forrou todo o interior com couro, inclusive o painel e a parte central do volante, um excesso nunca visto nas unidades.
O museu conta ainda com três Niva recordistas. O primeiro subiu 5.726 metros no Himalaia, o segundo foi vice-campeão no mítico Rally Paris-Dakar e o terceiro explorou a Antártida numa expedição.
O museu da Lada guarda com orgulho seus carros-conceito mostrados em salões de várias épocas, como o Vesta Concept, do Salão de Paris de 2014. Um ano depois, a versão de produção já estava nas ruas.
O modelo foi desenhado pelo renomado designer automotivo Steve Mattin, ex-Volvo e Mercedes-Benz, responsável pelo desenho de modelos como XC60 e Classe M.
Steve foi contratado pela Lada para a concepção de novos modelos na tentativa de se distanciar ao máximo da imagem de “fábrica de carros russos feinhos”.
A estratégia deu certo. O profissional também assinou o design do crossover Xray, que surpreendeu em sua primeira aparição, ainda como conceito, no Salão de Moscou de 2012.
Conceitos elétricos, carros feitos com materiais recicláveis, modelos futurísticos, estão todos lá.
Variações picape e furgão do Niva e que nunca chegaram a entrar em linha fazem parte do acervo.
Entre os cerca de 60 carros, há ainda um discreto Laika branco que não desperta atenção… até o capô ser aberto.
Acontece que o pacato sedã teve algumas unidades com motor preparado para uso da KGB, o serviço secreto soviético. Quando a informação veio à tona, uma das viaturas foi resgatada para o museu da marca.