Turbos e compressores mecânicos revolucionaram o rendimento dos motores a combustão há mais de 115 anos. Mas desde então toda a indústria automotiva procura uma solução definitiva para um segundo problema: o atraso nas respostas, o chamado turbo-lag.
A Mercedes-AMG diz ter encontrado uma boa solução para isso em seus carros da Fórmula 1 (e no hiperesportivo AMG ONE, com motor da F1 e cujo lançamento foi adiado). Agora a fabricante alemã trabalha para adaptar essa tecnologia às necessidades dos seus esportivos de rua.
Antes de mais nada, vale relembrar como é o funcionamento do sistema tradicional.
Tanto os turbos como os compressores têm a função de comprimir mais ar para dentro do motor, o que permite otimizar a quantidade de combustível necessária para gerar mais potência.
Compressores mecânicos são ligados ao virabrequim e usam a própria rotação do motor para funcionar. E justamente por “pesarem” no motor, entraram em desuso por prejudicar a eficiência.
Mas turbocompressores usam a pressão dos gases liberados no escape, uma energia que seria desperdiçada. Os gases movimentam a turbina antes de seguirem para o escape. A turbina é conectada por uma haste ao compressor, que é a parte que vai comprimir o ar frio da admissão para dentro do motor.
Por mais que os turbocompressores tenham ficado menores e mais leves para otimizar seu funcionamento, ainda existe atraso entre o momento que o motorista pressiona o acelerador e o momento em que o turbo passa receber fluxo de gases suficiente para gerar toda a pressão exigida pelo motor. Este é o chamado turbo-lag que todos os fabricantes odeiam.
Os Mercedes-AMG 53 usam o motor seis em linha com turbo e compressor, sendo que este compressor tem acionamento puramente elétrico.
O novo sistema da Mercedes, porém, é bastante diferente.
Isso porque o chamado AMG e-turbo, feito em parceria com a Garrett, continua impulsionado por gases de escape.
A diferença é que há um motor elétrico de apenas 4 cm que ajuda a impulsionar o turbo, mas sem abrir mão do fluxo de gases de escape em outros regimes de rotação. Por isso, a AMG diz que a tecnologia não prejudica as sensações e a dinâmica de condução.
Este pequeno motor elétrico alimentado por um sistema de 48 volts, é instalado no eixo que une a turbina (caixa quente) e o compressor (caixa fria).
Ele entra em funcionamento exatamente no momento em que o pedal do acelerador é pressionado, para que o motor tenha respostas mais rápidas sem atraso. Também garante respostas mais rápidas em trocas de marcha, por exemplo.
Na prática, o conceito é uma adaptação do MGU-H dos motores da Fórmula 1, que aproveita o fluxo de gases para gerar energia.
A AMG diz que também resolve um segundo problema: ter de reduzir o tamanho do turbocompressor para contornar o atraso nas respostas.
Isso porque turbos pequenos “enchem” mais rápidos. Com o impulso do motorzinho elétrico, o turbo pode alcançar as 170.000 rpm sempre que necessário, independente do tamanho do compressor, elevando – e muito – o fluxo de ar admitido pelo motor.
A nova tecnologia equipará o motor V8 4.0 da AMG do aguardado AMG GT R Black. Ao que tudo indica, o esportivo terá um dos motores com maior rendimento específico do mundo.
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