O Lada Niva é um dos carros mais antigos em produção sem grandes mudanças no mundo e promete garantir este posto por um bom tempo. Lançado em 1977, ainda nos tempos da União Soviética, o jipe russo está sendo preparado para completar 50 anos em produção.
Em entrevista ao jornal russo Kommersant, o atual CEO da AutoVAZ, Maxim Sokolov, afirmou que o Lada chegará ao seu aniversário de meio século sendo feito exatamente como foi concebido na década de 1970, a partir do projeto do Fiat 124.
Isso representa uma mudança nos planos da Lada motivada pelos desdobramentos da Guerra da Ucrânia. A fabricante pertencia à Renault, que inclusive trabalhava em uma nova geração para o SUV com base no Sandero, mas respeitando seu design clássico. Com a guerra, porém, a fabricante francesa vendeu seus 67% da Lada para a iniciativa pública russa e abandonou o país. A ideia era tirar de linha a versão original, hoje chamada de Niva Legend, em 2025.
Desde então os russos tentam driblar as sanções internacionais como podem, tirando equipamentos mais tecnológicos dos seus carros ou tentando nacionalizar componentes. Manter em produção um carro tão rústico como o Lada Niva agora faz muito sentido.
Comprar também. Fazia tempo que o velho Niva não experimentava vendas em patamares bons, como os 3.135 emplacamentos registrados em junho. “Isso significa um carro muito legal, projetado por muitos anos, e hoje também ganhou um segundo fôlego, é popular, suas vendas estão crescendo”, declarou Sokolov.
Isso não quer dizer, porém, que o jipe ficará sem atualizações. Está nos planos uma versão comemorativa aos 50 anos do Niva, que seria acompanhada não apenas de uma atualização visual como também de uma grande atualização em sua mecânica.
Isso é muito importante, porque as últimas atualizações foram muito modestas. Em 2009 ganhou novos bancos, amortecedores com carga revista, painel redesenhado, embreagem redimensionada e freios mais potentes. Na linha 2020, ganhou, enfim, comandos de ar-condicionado com botões giratórios, tomadas de 12V e quadro de instrumentos com computador de bordo.
O próximo passo seria aproveitar um pouco o legado da Renault e instalar, na longitudinal, o motor 1.6 8V do Lada Vesta, que usa ele na transversal. Isso também abriria espaço para uma versão esportivada chamada Niva Sport, com um motor 1.6 16V de 122 cv, representando o primeiro motor de fábrica com duplo comando já aplicado ao pequeno 4×4.
Seria um meio de ganhar mais potência e torque, até porque até hoje mantém o motor 1.7 de 83 cv e 13,2 kgfm, que o leva aos 100 km/h em 17 segundos. Mas, dadas as sanções, não irá muito além do mercado russo ou de países aliados.