Impressões: Caoa Chery Tiggo 7 não deve (quase) nada aos SUVs coreanos
Com porte e conteúdo de Compass e preço de Renegade, Tiggo 7 mostra que a hora da virada dos carros chineses pode ser agora
Os carros de marcas chinesas ainda não estão no mesmo patamar de qualidade geral dos produtos de marcas consagradas. Mas, a julgar pelo Tiggo 7, SUV que a Caoa Chery começou a vender em fevereiro, o jogo pode estar prestes a mudar.
Com 4,51 m de comprimento, 1,84 m de largura e 1,67 m de altura, o Tiggo 7 tem porte de Jeep Compass (respectivamente, 4,42 m, 1,82 m e 1,64 m).
O conteúdo também é de gente grande, com chave presencial, saída de ar-condicionado para a traseira, multimídia, computador de bordo, piloto automático, sensor de chuva, volante multifuncional, DRL de led, controles de estabilidade e tração e indicador de pressão e temperatura dos pneus de série desde a versão T, de entrada.
A versão TXS, mais completa, tem ainda ar-condicionado bizona, câmera 360 graus (similar ao sistema do Nissan Kicks), teto solar panorâmico elétrico, bancos de couro com aquecimento, banco do motorista com ajuste elétrico e airbags laterais e do tipo cortina.
Muito se falou que a versão de entrada ficaria abaixo dos R$ 100.000 e que a versão top de linha não passaria dos R$ 110.000. Infelizmente, ambos os prognósticos estavam errados e o Tiggo 7 estreia custando R$ 106.990 (versão T) e R$ 116.990 (TXS).
Não são preços desanimadores, mas esfriam o desejo de quem ficou de olho no SUV por conta das primeiras estimativas.
Para efeito de comparação, um Renegade Limited (muito menor que o Tiggo, mas produzido por uma marca consagrada como a Jeep) custa de R$ 105.990 a R$ 115.860.
Diferentemente da primeira onda de chineses – em que o pacote de equipamentos era bom, mas os materiais e a construção eram sofríveis –, o Tiggo 7 mostra acabamento e montagem quase no mesmo nível dos coreanos Hyundai e Kia.
Produzido em Anápolis (GO), ao lado dos Hyundai ix35 e New Tucson, além o irmão menor Tiggo 5X, Tiggo 7 tem painel com superfície emborrachada de toque agradável e brilho reduzido.
Já as portas exibem plásticos rentes às partes metálicas, sem folgas, o que evita ruídos, além de guarnições duplas de borracha. O nível de isolamento de ruído é bom, exceto por uma invasão proveniente da rolagem dos pneus de uso misto, na traseira.
Esqueça aquela iluminação de painel e console que fazia lembrar os carro básicos dos anos 90: no SUV, a luz é até mais agradável do que, por exemplo, o azul exagerado de alguns Hyundai.
Até a pintura mostra sinais de evolução, sem acúmulo nas extremidades de chapa nem na parte baixa da carroceria.
O motor é um 1.5 turbo flex com 16 válvulas e cabeçote de alumínio capaz de gerar 150/147 cv (o do Chevrolet Tracker 1.4 turbo tem 153/150 cv).
O câmbio, fornecido pela Getrag, tem acoplamento por dupla embreagem de caixa seca, seis marchas e transmissão de força apenas para o eixo dianteiro.
Em nosso test-drive (a marca não cedeu o carro para teste de pista), motor e câmbio trabalharam bem, com mudanças rápidas, suaves e silenciosas.
Só os mais exigentes sentirão, em algumas situações, o efeito do turbo lag: uma certa dificuldade do motor para vencer as faixas mais baixas de rotação.
Faz falta também um par de borboletas no volante, para a troca manual das marchas, possível apenas por meio da alavanca.
Sobre a segurança, a Caoa divulga orgulhosa a obtenção da pontuação máxima no C Ncap (órgão similar ao nosso Latin Ncap), com cinco estrelas.
Outro ponto abordado pela marca durante o evento de apresentação foi o investimento em pós-venda. “O Tiggo 7 terá uma cesta de peças e de revisões com preços abaixo dos da concorrência.
Quanto ao seguro, também teremos um esquema especial, que garantirá um preço alinhado ao dos rivais nos primeiros anos”, disse Márcio Alfonso, CEO da Caoa Chery.
A cesta de peças custará R$ 7.219 e a de revisões, R$ 3.553, mas até o fechamento desta edição a empresa não revelou os valores de seguro.
Veredicto
A marca não cedeu o Tiggo 7 para teste de pista nem forneceu todos os custos após a compra. Mas neste primeiro contato o SUV mostrou atributos técnicos e de qualidade suficientes para encarar até rivais já consagrados em nosso mercado.
Ficha Técnica
Tiggo 7 – R$ 116.990
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.498 cm3; 16V, turbo, 77,0 x 80,5 mm, 9,5:1, 150/147 cv a 5.500/5.500 rpm, 21,4/21,4 mkgf a 4.000/4.000 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, dupla embreagem de caixa seca, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica, (diâmetro de giro) 11 m
- Rodas e pneus: liga leve, 225/60 R18
- Dimensões:comprimento, 450,5 cm; largura, 183,7 cm; altura, 167,0 cm; entre-eixos, 267,0 cm; altura livre do solo, 16,0 cm; peso, 1.445 kg; tanque, 57 l; porta-malas, 414 litros