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Ford Maverick GT trouxe a mística dos motores V8 americanos para o Brasil

Sonho dos adolescentes dos anos 70, o Maverick GT trouxe a mística dos V8 americanos esportivos para as ruas brasileiras

Por Sérgio Berezovsky
Atualizado em 21 nov 2021, 10h48 - Publicado em 8 mar 2017, 19h10
Por fora, havia as presilhas copiadas das corridas - caso o capô abrisse com "tanta" velocidade
Por fora, havia as presilhas copiadas das corridas – caso o capô abrisse com “tanta” velocidade (Sérgio Berezovsky/Quatro Rodas)

Com o Opala, a GM ocupava a faixa dos carros médios e disputava com a Ford o segundo lugar entre as montadoras – a Volks vinha tranqüila na primeira posição.

O Aero Willys deixou, ao sair de linha em 1971, a Ford sem um modelo para combater o Opala. Para cumprir essa missão foi escalado o Maverick, produzido desde 1969 nos Estados Unidos.

maverick
(arquivo/Quatro Rodas)

Depois de passar por dois anos de testes e aclimatação às nossas condições, o Maverick foi lançado em junho de 1973, na versões Super, Super Luxo e GT. No final do ano sairia a de quatro portas.

Os modelos tinham, de série, o motor de seis cilindros, uma evolução do velho 3000 que equipava o Itamaraty, versão mais luxuosa do Aero Willys. Mas a estrela da linha era mesmo o GT, um esportivo com o motor V8 302 de 197 cavalos, que era opcional nos outros veículos.

O motor V8 302 é o mesmo que equipava o Mustang
O motor V8 302 é o mesmo que equipava o Mustang (Sérgio Berezovsky/Quatro Rodas)

Logo no lançamento, o teste de QUATRO RODAS registrava as marcas do novo “monstro”. Apenas 11,6 segundos na prova de 0 a 100 km/h e 178 km/h cravados na máxima. Quase 45 anos depois, acelerar hoje o Maverick é coisa de cinema.

O borbulhar do V8 faz lembrar as cenas de Bullitt, filme em que Steve McQueen voa pelas ladeiras da cidade de San Francisco pilotando um Mustang no encalço dos bandidos que estão a bordo de um Dodge Charger.

A alavanca do câmbio de quatro marchas, bem próxima do motorista, faz com que se mudem as marchas com facilidade e rapidez. Durante a troca, uma acelerada. Menos para manter o giro, mais para ouvir o som dos oito cilindros embalando a agulha do pequeno conta-giros sobre o volante.

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No painel de instrumentos, o minúsculo conta-giros dava o toque de esportividade
No painel de instrumentos, o minúsculo conta-giros dava o toque de esportividade (Sérgio Berezovsky/Quatro Rodas)

A direção hidráulica é exageradamente leve e não transmite segurança compatível com o entusiasmo. O carro parece “flutuar”. Está longe da precisão e da progressividade dos modelos atuais. Mas poucos quilômetros de estrada são suficientes para uma boa adaptação.

À medida que se acelera, o Maverick V8 safra 1973 vai devolvendo em prazer os litros de gasolina que desaparecem do tanque. Certamente esse mesmo prazer não é compartilhado pelos passageiros do banco traseiro. O espaço é apertado, e a altura, exígua. As janelas laterais traseiras identificam um claustrofóbico em poucos segundos.

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Interior todo negro é espaçoso apenas para os passageiros da frente
Interior todo negro é espaçoso apenas para os passageiros da frente (Sérgio Berezovsky/Quatro Rodas)

Como se vê, de carro de família, o GT não tinha nada. Ele inspirava mesmo era competição, desafio. Nas noites dos anos 70, os “rachas”, comuns em São Paulo, não começavam sem a presença deles.

Seu principal oponente era justamente o Opala, que compensava o fato de ter motor menor com um peso inferior ao do Maverick. A briga ficou feia para o Ford quando a GM lançou, em 1975, o motor 250-S, uma evolução mais nervosa do tradicional seis cilindros.

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O escapamento original do Maverick GT tinha apenas um cano
O escapamento original do Maverick GT tinha apenas um cano (Sérgio Berezovsky)

A Ford ameaçou responder com o Maverick Quadrijet, equipado com carburador quádruplo e comando de válvulas especial que serviria de fortificante para o V8. Ficou só na ameaça. Essa fórmula passou a ser restrita aos carros de pista e a alguns poucos GT de rua cujos donos podiam se dar ao luxo de arcar com o alto preço das peças daquela época de importação restrita.

Mas o pior ainda estava por vir. Em 1977, a crise do petróleo levou a Ford a substituir o velho seis cilindros pelo novo 2.3 de quatro cilindros. Essa opção, que acabou dominando o mercado, também foi estendida ao GT, relegando o V8 ao papel de bebedor compulsivo.

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Nem é preciso dizer que o quatro cilindros era apenas uma pálida caricatura do original e que esse foi o canto do cisne que, antes de morrer, virou patinho feio. O GT foi produzido ao longo de sete anos.

Teste QUATRO RODAS – julho de 1973

  • Aceleração 0 a 100 km/h: 11,6 s
  • Velocidade máxima: 175 km/h
  • Frenagem 80 km/h a 0: 31,8 m
  • Consumo: 7,2 km/l (média)
  • Preço (agosto de 1973): Cr$ 39.398
  • Preço (atualizado IGP-DI/FGV): R$ 134.819

 

Ficha técnica – Ford Maverick GT

  • Motor: dianteiro, V8, 4.950 cm³; diâmetro x curso: 101,7 x 76,2 mm; taxa de compressão: 7,5:1; potência: 197 cv a 4.600 rpm; torque máximo: 39,5 mkgf a 2.400 rpm
  • Câmbio: manual de 4 marchas
  • Dimensões: comprimento, 458 cm; largura, 179 cm; altura, 136 cm; entre-eixos, 261 cm; peso, 1.394 kg
  • Suspensão: dianteira: independente traseira: eixo rígido
  • Freios: disco (diant.) e tambor (tras.)
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