Geely compra 26,4% da Renault Brasil e vai produzir carros no Paraná
Acordo faz com que a Geely tenha acesso à fábrica em São José dos Pinhais (PR); Renault vai aproveitar plataforma GEA para lançar carros híbridos nacionais
A Geely agora é dona de 26,4% da Renault do Brasil. O movimento, anunciado nesta segunda-feira (3), formaliza a aquisição de parte da operação nacional pela gigante chinesa e aprofunda a cooperação estratégica entre os dois grupos, que já eram sócios na Horse Powertrain.
Com o acordo, a Geely ganha acesso imediato ao complexo industrial de São José dos Pinhais (PR) e passa a ter direito de usar a rede de concessionárias Renault para distribuir seus veículos no país. A Renault, que segue como acionista majoritária, utilizará a fábrica para produzir carros da marca Geely e também ganha acesso a novas tecnologias.
A possibilidade dos carros da Geely serem montados no Paraná era comentada há tempos nos bastidores, porém as duas empresas evitavam confirmar o acordo, dizendo que ainda estavam negociando e que não poderiam falar a respeito até que o contrato fosse assinado.
A principal troca tecnológica envolve o desenvolvimento de futuros veículos. A Renault terá acesso à moderna arquitetura GEA (Geely Electric Architecture), focada em “novos veículos de energia” (zero e baixas emissões). Isso deve acelerar o lançamento de novos híbridos e elétricos da Renault no mercado brasileiro.
Enquanto isso, a Renault trabalha no primeiro carro baseado em um modelo da Geely, o Grand Koleos. Em testes no Brasil, o SUV é baseado no Geely Monjaro e ficará posicionado acima do Boreal, com um porte semelhante ao do Jeep Commander e Volkswagen Tiguan. Será vendido em uma versão híbrida plug-in, com cerca de 245 cv.
Em contrapartida, a fábrica do Paraná, que hoje produz Kardian, Oroch, Duster e Master, aumentará sua produção. A Renault do Brasil montará veículos da marca Geely Auto ao lado dos seus próprios, otimizando a competitividade e a escala do complexo industrial. Porém, as empresas ainda não revelam quais carros chineses serão fabricados aqui, afirmando apenas que a Renault ganhará acesso à plataforma GEA para “estender sua linha com veículos de zero e baixa emissão de poluentes para o mercado brasileiro.”
O acordo terá um efeito positivo para a Geely, que ainda está começando a sua operação nacional, abrindo mais concessionárias por todo o país após iniciar as vendas usando pontos de vendas em shoppings. Até o momento, comercializa apenas o SUV elétrico EX5, porém a empresa lançará o compacto elétrico EX2 nos próximos dias, para enfrentar o BYD Dolphin. Toda a operação nacional da marca é responsabilidade da Renault, cuidando de toda a estrutura de vendas, financiamento e pós-venda.
A Geely já prepara o lançamento de outro carro para o começo de 2026, o Starship 7. O SUV híbrido plug-in vai concorrer com BYD Song Plus e GWM Haval H6, prometendo uma autonomia de até 1.420 km. Como é feito com a plataforma GEA, poderia ser produzido no Brasil para ganhar volume, ainda mais considerando que BYD e GWM estão iniciando a montagem nacional.
O Brasil é visto como peça-chave na estratégia. O mercado nacional representou mais de 40% dos emplacamentos de veículos na América Latina no primeiro semestre de 2025.
“A parceria que anunciamos hoje com a Geely no Brasil marca um passo decisivo em nossa estratégia internacional”, disse François Provost, CEO do Renault Group. “Combinar nossas forças nos tornará mais competitivos (…) em um mercado automotivo em rápida evolução.”
Esta não é a primeira cooperação global entre as gigantes. A Renault Group e a Geely já estabeleceram múltiplos projetos, incluindo o investimento conjunto na Renault Korea e a criação da Horse Powertrain, empresa focada em motores a combustão e híbridos (e que fornece o 1.0 turbo do Kardian).
Nova Toyota Hilux aparece em teaser e já tem data para estrear
Até que ponto o VW Tera 1.0 é melhor que um Fiat Pulse Drive 1.3?
Rally 4R leva Quatro Rodas de volta às suas origens para comemorar 65 anos
Honda HR-V 2026, a evolução da sofisticação
BYD Dolphin 2027 é registrado no Brasil com novo design e sem tela giratória







