Dodge Challenger SRT Demon 170 tem 1.039 cv e termo de responsabilidade
Último Dodge Challenger marca a despedida do V8 e tem tempo de 0 a 100 km/h em menos de 2 segundos
O Dodge Challenger já ensaiou sua despedida por algumas vezes, mas parece que o adeus não está sendo fácil. Em mais uma versão para marcar seu fim, a Dodge preparou, acredite, um carro ainda mais insano do que já se viu. É o novo Challenger SRT Demon 170, que já está entre nós – ou quase isso, já que serão apenas 3.000 unidades para os EUA e 300 para o Canadá.
Sem enrolações, vamos aos números. São incríveis 1.039 cv e 130,52 kgfm gerados pelo V8 6.2 supercharger quando abastecido com combustível E85. Agora dá para entender porque o duende ficou daquele jeito nos vídeos de promoção.
Esses números fazem deste o V8 mais potente em um carro de produção. Até abastecido com combustível E10 (com menor concentração de etanol), ele desenvolve números brutais, chegando a 913 cv e 111,86 kgfm.
Claro que, na pista, isso resulta em ótimos tempos. Na aceleração de 0 a 96 km/h – ou 0 a 60 mph – o Challenger tem tempo de apenas 1,66 s. Ele bateu a marca de hipercarros como Bugatti Chiron, Rimac Nevera e até do Model S Plaid. Porém, a Dodge afirmou que a medição não foi a partir da inércia, o que pode levar a uma pequena diferença das medições oficiais. Mesmo assim, ainda é algo impressionante.
Já no quarto de milha, seu tempo homologado pela NHRA foi de 8,91 s. Mais uma vez deixando o Model S Plaid para trás com seus 9,23 s para trás. Porém, ainda não foi o suficiente para passar o Rimac Nevera, detentor de dois recordes, com tempos de 8,62 s e 8,58 s.
A velocidade máxima não foi revelada, mas no teste do quarto de milha o Challenger chegou aos 243,28 km/h. Outro detalhe é que ele se tornou o recordista na geração de força G, chegando a 2.004 g.
Para alcançar tais números, o antigo V8 do Challenger Demon original precisou ser bem modificado, por isso, a Dodge se refere a ele como um motor “quase novo”. Parte das modificações foram inspiradas no Hellephant C170, que é vendido no varejo pela Dodge e pode passar dos 1.000 cv.
Do C170 a Dodge usou o mesmo supercharges de 3 litros, que aumentam a pressão do ar em até 40% se comparado ao V8 do Challenger SRT Hellcat Redeye Widebody, chegando aos 15,3 psi. A turbina ganhou algumas modificações, como uma polia maior.
Além do turbo, os trilhos de combustível e os injetores também receberam melhorias e agora injetam combustível numa pressão de 628 litros por hora. O que seria mais do que um chuveiro médio dos EUA, como observou a Dodge. No geral, apenas a árvore de cames/comando de válvulas permaneceu inalterada.
A introdução do combustível E85, que usa 85% de etanol, fez a Dodge trocar as guias de válvulas, os materiais de assento do motor e as velas de ignição, além de recalibrar o módulo de controle para combustíveis premium. Outras modificações incluem bielas mais resistentes, mancal feito de novo material, corpo de aceleração de diâmetro maior, fixadores atualizados e válvulas de admissão revestidas com nitreto.
Outro detalhe interessante sobre o combustível premium é que há um sensor que mede a porcentagem de etanol na mistura. Quando ele detecta um limite de 20%, uma luz branca acende no painel do carro. Se o teor sobe para 65%, a luz fica azul, indicando que todos os 1.039 cv e 130,52 kgfm estão disponíveis.
É tanta força e potência que a transmissão automática de oito marchas precisou ser aprimorada. O mesmo vale para o eixo traseiro, que, para aguentar mais de 100 kgfm, teve o diâmetro do tubo e a espessura das paredes aumentadas, e ganhou novo anel e pinhão de 240 mm, que passaram por um tratamento térmico para aumentar a rigidez. As juntas homocinéticas e a flange também foram atualizadas.
A Dodge afirma que o eixo traseiro está 30% mais resistente que o do Challenger SRT Demon original, muito disso devido à prensagem isostática a quente. Só ela, foi responsável por melhorar em 53% a resistência do eixo, segundo a montadora.
Há também mudanças para poupar peso e isso significa adeus para o conforto. Não há bancos para passageiros, nem mesmo o dianteiro. A Dodge economizou também no acabamento interno, tendo apenas um carpete simples e sistema de som com dois alto-falantes. Já no porta-malas não há qualquer tipo de acabamento.
Mas não se preocupe, já que a montadora preparou um pacote opcional para quem não abre mão do conforto. Detalharemos isso mais para frente.
Outras medidas tomadas para redução de peso incluem freios dianteiros mais leves e barras de estabilização ocas. Os alargadores de para-lamas traseiros também ajudam a deixar o Challenger mais leve, diminuindo cerca de 7,3 kg, segundo a Dodge.
Também estão disponíveis rodas de fibra de carbono, que reduzem o peso em 9,1 kg na dianteira e 5,4 kg na traseira. As originais são de alumínio forjado e medem 18’’ por 8’’ na frente e 17’’ por 11’’ atrás. A montadora explica que as rodas dianteiras mais leves ajudam a aumentar o peso na traseira, consequentemente, aumentando o coeficiente de tração.
Os pneus são do tipo radiais de arrasto desenvolvidos com uma borracha especial, fazendo do novo Challenger o primeiro carro de produção com pneus desse tipo e alargadores de para-lama, como afirmou a Dodge. As rodas da frente são calçadas com pneus ET Street e as traseiras com ET Street R, ambos otimizados para as corridas de arrancadas.
Os traseiros ainda apresentam ranhuras especiais que melhoram o desempenho na rua. Os pneus também ganharam corpo de nylon, que oferece maior transferência de potência do que os tradicionais feitos com poliéster.
O conjunto de suspensão tem amortecedores adaptativos da Bilstein e molas mais suaves. A suspensão traseira é ligeiramente mais alta que a dianteira e teve sua curvatura revisada para aumentar a área de contato com o solo.
Para resfriar o motor, o Challenger usa o próprio ar-condicionado. É o chamado sistema SRT Power Chiller, que volta na nova versão e pode diminuir a temperatura de indução do ar em até 7,2°C. Há também o Race Cool Down, que continua resfriando o motor mesmo depois de desligar o carro.
Embora seja um carro com números de potência e torque muito altos, o motorista poderá controlá-los como bem entender. Além das funções Torque Reserve, Launch Control, Line Lock e Launch Assist, essa que ajuda a manter as rodas dianteiras no chão durante a arrancada bruta, há também o Trans Brake 2.0.
Ela é uma evolução do Trans Brake do Challenger original e permite ao motorista configurar o perfil de torque de acordo com diversas condições, entre elas a aderência da pista, por exemplo.
Para a condução, a Dodge preparou dois modos. O Auto é focado no dia-a-dia e deixa o carro um pouco mais manso, enquanto o Drag otimiza tração, suspensão, transmissão e direção para a condução em pista. Há também o modo Custom, onde o motorista configura o carro como quiser.
O novo Challenger SRT Demon 170 começa a ser vendido por U$ 96.666, quase R$ 507.000 na conversão atual e direta. Mas esse preço pode ficar ainda maior se o comprador quiser adicionar um acabamento para o interior.
No pacote disponível, além do banco do carona, há também acabamento em couro premium, assentos de Alcantara e Laguna com aquecimento, volante aquecido e sistema de som Harman Kardon de 18 alto-falantes. Na versão básica, apenas o volante recebe acabamento em Alcantara, sobrando apenas os diversos grafismos espalhados pelo painel, além do indispensável, como quadro de instrumentos e a tela central, que controla os modos de condução. Uma capa de tecido com o desenho do modelo também está disponível.
Todos os compradores ainda levarão de brinde uma caixa de madeira com um kit de decanter para whiskey personalizado no melhor estilo Challenger Demon, serão convidados a participar de uma aula com o modelo em um circuito fechado em Arizona e terão que assinar um termo de responsabilidade reconhecendo o poder do superesportivo.