Chevrolet prepara-se para deixar a China após fracasso do Onix Plus e Tracker
Falta de carros elétricos e híbridos fez com que as vendas da marca despencassem 68,7% em 2024, tirando a força da Chevrolet na China

O mercado chinês continua em transformação e quem está se dando mal são as fabricantes tradicionais, que estão muito atrás na eletrificação em comparação com as montadoras locais. A Chevrolet é uma delas e a situação está tão difícil que a GM estaria considerando encerrar as vendas da marca na China.
É o que dizem diversos sites chineses, citando uma fonte familiarizada com o planejamento da Chevrolet no país. A fabricante supostamente teria adiado indefinidamente todos os projetos que não tiveram sua a produção iniciada recentemente e ainda estaria pronta para tirar de linha, aos poucos, outros modelos.

A joint venture SAIC-GM estaria preparando três novos veículos. Um deles seria o Trailblazer EV (Projeto C223), o segundo um SUV (Projeto C1YC-2) e o terceiro é a nova geração do Trailblazer (Projeto D2UC-2 ICE) – este último, um modelo monobloco diferente do que é vendido no Brasil, baseado na S10.
O desempenho da Chevrolet na China tem piorado a cada ano. Em 2018, a marca vendeu 641.320 veículos e tinha 2,8% de participação no mercado. Dois anos depois, em 2020, já emplacou metade disso, com 309.155 veículos vendidos. Em 2024, chegou a 52.774 unidades comercializadas, uma queda de 68,7% ante 2023. Neste ano, de janeiro a abril, emplacou apenas 5.314 veículos e sua participação de mercado ficou em 0,1%.
Este resultado parcial de 2025 representa aproximadamente 1.300 carros emplacados por mês, 97,6% a menos do que em 2018, quando a Chevrolet vendia cerca de 54.300 unidades mensais. E 80% das vendas da Chevrolet este ano foram do Monza.
Atualmente, a Chevrolet tem somente um carro elétrico à venda na China, o Menlo EV, um SUV cupê exclusivo para o país e que foi o primeiro elétrico a carregar o logo da marca no país. Além dele, o outro carro eletrificado é o Equinox PHEV, outro modelo exclusivo do mercado chinês.

Esta falta de opções eletrificadas deixou a marca norte-americana fora do novo status quo da industria automotiva chinesa, em um cenário em que a adoção de carros elétricos chegou a quase 50% em 2024.
Oficialmente, o gerente geral da SAIC-GM, Lu Xiao, negou os rumores e disse que não iria desistir da Chevrolet. Porém, algumas mídias chinesas afirmam que muitas pessoas dentro da joint venture vêem a declaração como uma forma de conter os danos e garantir aos clientes que a SAIC-GM ainda cuidará do pós-venda.
Esta decisão afetaria, inicialmente, apenas a Chevrolet. Tanto a Cadillac quanto a Buick ainda têm força no país, ambas com mais modelos elétricos e híbridos plug-in disponíveis no portfólio, além de ter uma imagem melhor.
Como fica o Brasi?
Com o possível fim da operação da Chevrolet na China, aparecem as dúvidas sobre o futuro da família Onix. O modelo atual foi desenvolvido junto com os chineses, inclusive na criação da plataforma.
Sem a participação do país, a divisão brasileira pode voltar a fazer todo o desenvolvimento de uma próxima geração do Onix e do Tracker, da mesma forma em que criou a picape Montana e agora trabalha em um SUV compacto abaixo do Tracker, previsto para 2026. Um dos caminhos é uma parceira com a Hyundai, que já está sendo alinhavada e envolve o Brasil.