Em uma forte guinada na sua estratégia no Brasil, a Caoa Chery está encerrando a fabricação de carros a combustão na fábrica de Jacareí (SP), a primeira da marca no País, inaugurada em 2015.
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Com essa movimentação, o SUV compacto Caoa Chery Tiggo 3X sai de linha prematuramente, antes mesmo de ter completado um ano nas concessionárias brasileiras (foi lançado em junho de 2021). Já os sedãs médios Arrizo 6 e Arrizo 6 Pro passarão a ser importados da China. Os três eram os únicos modelos fabricados na unidade do interior paulista.
Agora, a fábrica da Caoa Chery em Jacareí passará por uma “grande remodelação para o novo salto tecnológico da marca”, nas palavras da empresa. A fábrica será transformada para ser adequada à fabricação de “novos produtos concebidos a partir de plataformas de última geração, equipados com propulsores híbridos ou 100% elétricos”. O trabalho na unidade vai se estender até 2025.
Para isso, toda a produção na fábrica foi suspensa. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Weller Gonçalves, ouvido pelo Uol, todos os trabalhadores do setor produtivo e mais de 50% dos funcionários do administrativo serão demitidos.
A fabricante, porém, diz que ainda negocia um pacote de indenização suplementar, além do regular pagamento das verbas rescisórias legais, com o sindicato.
Como fica o futuro da Caoa Chery no Brasil?
A fábrica de Anápolis (GO) mantém a produção dos SUVs Tiggo 5X, Tiggo 7 Pro e Tiggo 8 e, de acordo com a Caoa, será responsável por novos lançamentos que estreiam nas lojas no segundo semestre. Um deles seria o Tiggo 8 Pro e o outro, o Exeed LX, primeiro integrante da marca de luxo da Chery. A fabricante conta com eles para alcançar a meta de comercializar 60.000 carros no Brasil em 2022.
Além disso, há uma meta para que toda sua gama de modelos seja eletrificada até 2023. Ou seja: os SUVs atualmente em linha receberão mecânica híbrida no próximo ano. É uma forma de se alinhar à estratégia das outras fabricantes chinesas.
Enquanto a JAC está empenhada em vender carros elétricos no Brasil, a Great Wall começará a vender seus híbridos no país no segundo semestre e dará início à produção nacional em meados de 2023. Já a BYD iniciou agora a venda de carros elétricos, mas reserva para agosto o lançamento do seu primeiro SUV híbrido, que será seu carro de volume.
Na China, a Chery já começou a ensaiar o seu futuro. O Omoda 5, que marca o início de uma nova família de produtos da Chery, teve sua produção iniciada em fevereiro. Este seria um dos produtos previstos para a fábrica de Jacareí (SP).
Ele tem dimensões bem semelhantes às do Tiggo 5X Pro, com 4,40 m de comprimento,1,83 m de largura, 1,58 m de altura e entre-eixos de 2,63 metros. Sua estreia na China é com um motor 1.6 turbo GDI com 199 cv e 29,57 kgfm. Mas versões híbridas e elétrica serão lançadas ainda em 2022.
Hoje a Chery tem duas mecânicas híbridas disponíveis. No Exeed LX combina um motor a gasolina a outros dois elétricos. É um 1.5 turbo de 156 cv aliado a duas unidades elétricas que entregam mais 170 cv e, juntos, todos os motores rendem 326 cv e 52 kgfm de torque. No Tiggo 8 Pro, há um 2.0 turbo e por isso são 463 cv e 74,9 kgfm no total.
No modo híbrido, a empresa garante que a autonomia pode beirar os 1.000 km com tanque e bateria cheios, enquanto o consumo de combustível pode chegar a 20 km/l no modo híbrido. Utilizando apenas os motores elétricos, a autonomia é de 105 km.