Bateria americana de recarga ultrarrápida pode ser o pesadelo da China
Além de ser mais fácil de produzir, tecnologia também se destaca por ter alcance superior a 800 km e pode quebrar hegemonia da China na produção de baterias
A Panasonic e a Silas Nanotechnologie se uniram para lançar uma nova tecnologia de baterias baseadas em silício — uma saída que pode resolver problemas de alcance e de tempo de recarga, além de ter fácil produção. É uma evolução das baterias de íon-lítio graças ao uso de pó de silício, a segunda substância mais abundante do mundo.
A gigante japonesa tem muita experiência na fabricação de baterias, sendo sua décima maior produtora. Já a Silas é uma companhia americana responsável pela nova solução, batizada de Titan Silicon. Ela envolve o uso pó de ânodo de titânio de silício nanoestruturado no lugar do ânodo de grafite, elemento usado nas baterias convencionais de íon-lítio e que pode armazenar dez vezes mais energia.
Nem tudo é perfeito: o pó de silício tende a se expandir mais na hora da recarga, aumentando o risco de quebra, mas, de acordo com a Silas, o composto leva um pouco de grafite na sua composição, uma saída que resolveu o problema de rachaduras. Para chegar a esse resultado, a empresa norte-americana precisou de 12 anos de pesquisas e testes, com mais de 80 mil tentativas ao longo desse período.
Previstas para serem usadas em variadas aplicações, as novas baterias podem dispensar entre 50 a 100% do grafite das convencionais. No entanto, o ideal seria substituí-lo por completo. A adoção total de ânodos de silício em uma bateria pode oferecer mais 40% de alcance, além de uma qualidade insuperável: a capacidade de ser carregada até 80% no mesmo tempo necessário para completar um tanque de combustível. Uma eficiência semelhante à prometida pelas baterias de estado sólido, mas com produção mais fácil, pois não exige mudanças nas linhas e métodos de produção atuais.
Há uma outra vantagem estratégica, que é o fato da tecnologia representar uma chance dos americanos e japoneses superarem os fabricantes de baterias chineses. Somente uma das empresas da China, a CATL, domina 29% do fornecimento, contra 10% da japonesa Panasonic. O acesso mais barato ao grafite beneficia as companhias da China, algo que seria contrabalanceado com a solução de ânodos de silício, elemento que recobre 28% da crosta terrestre, formando areia, quartzo, entre outros componentes.
A Silas Nanotechnologie projeta chegar a 150 GWh de capacidade de produção energética até 2028, o que faria ela chegar ao topo do fornecimento de baterias nos tempos atuais. No entanto, até lá, as maiores fabricantes expandirão ainda mais suas presenças. É só ver a própria CATL, que hoje faz 94 GWh, contra 59 GWh de 2022.
Será uma corrida contra o tempo, uma vez que outras estão desenvolvendo a mesma tecnologia, exemplo da Group 14, parceira da Porsche. Ainda não é certo quais outros fabricantes poderiam ser atendidos pela Panasonic e Silas. Atualmente, ambas são fornecedoras da Tesla e da Mercedes-Benz.