Renault Fluence
Para continuar em operação, sedã recebe um discreto upgrade em design e equipamentos
Há quatro anos, quando o Fluence foi lançado, chamou atenção não apenas por suas qualidades, mas também porque a maioria dos concorrentes estava chegando ao fim do ciclo. Com porte imponente, bom acabamento e elevado nível de equipamentos, ele se destacou e as vendas foram fluindo. O tempo passou, os sedãs médios evoluíram e o Fluence precisava reagir. Tentativa de reação que veio agora, com algumas melhorias. As mudanças são leves, e a alteração mais evidente está na cara. O Fluence adotou a identidade visual da marca, com o losango aumentado e sobre a grade, que ficou maior e mais sinuosa (em vez do pequeno emblema quase sobre o capô). Além disso, o novo para-choque frontal tem luzes diurnas de led. Atrás, apenas as lanternas mudaram internamente, e agora são de led, mas somente na versão Privilège, topo de linha. As rodas são novas, com 16 polegadas na versão Dynamique e 17 na Privilège.
Andando, o Fluence continua agradando, como sempre. A mecânica não mudou: o motor é o 2.0 de 143 cv com etanol (140 cv com gasolina). Tem menos potência que os 2.0 da concorrência (o Civic tem 155 cv; o Corolla, 154), mas o torque é bom. Basta pisar que o carro responde muito bem. Testamos a versão Dynamique com câmbio CVT, que deverá responder pela metade das vendas do modelo.
A transmissão é suave e atende prontamente aos desejos do motorista. Mas se por alguma razão você
quiser fazer o trabalho das polias, pode trocar as marchas. Nesse caso, são seis, mas as mudanças têm de ser feitas na alavanca, porque não há borboletas no volante. Esse trabalho, porém, é desnecessário, porque o sistema funciona bem sem a intervenção de ninguém. Na pista, o Fluence fez o 0 a 100 km/h em 10,7 segundos. As retomadas são boas, o que significa que basta apertar um pouco o pé e o modelo entende sua intenção sem maiores problemas.
O Fluence alia agilidade com silêncio interno, o que eleva o padrão de conforto. O painel tem revestimento macio, agradável ao toque, e a Renault informa que caprichou mais nos cromados, para reforçar a sensação de luxo. Como no modelo anterior, o ar digital tem regulagens independentes e saída para o banco traseiro. Que, a propósito, é bem espaçoso. Graças ao entre-eixos de 2,70 metros, o Fluence é confortável atrás. E o porta-malas é outro bom destaque, com seus 530 litros de capacidade.
Uma das novidades é a central multimídia R-Link, cuja tela cresceu de 5,8 para 7 polegadas. Como em smartphones ou tablets, é possível ampliar e mover imagens por meio do toque dos dedos. O senão é que ela fica um pouco distante do alcance, no alto do painel. No mínimo, exige uma esticadinha no braço, com algum prejuízo para a ergonomia. Nela, aparecem vários dispositivos, incluindo GPS, som, telefone e o Eco Drive, uma espécie de placar que informa se o motorista está sendo um bom menino e economizando combustível. A avaliação aparece por uma pontuação. O sistema também tem reconhecimento de voz, para efetuar ligações telefônicas.
Outro destaque, a chave por cartão continua lá. A partida é por botão e a chave é dispensada mesmo para abrir e fechar as portas – o trancamento é feito automaticamente quando o motorista se afasta. O painel digital agora equipa todas as versões do sedã. O sensor de estacionamento está disponível apenas nas versões mais caras (Dynamique Plus e Privilège), enquanto a câmera de ré é só da Privilège.
O nível de segurança é muito bom. A versão básica vem de série com quatro airbags (dois frontais e dois laterais) e sistema Isofix de cadeira infantil, enquanto a topo de linha ainda vem com os de cortina. Além dos seis airbags, só a Privilège tem faróis de xenônio, controle de tração e estabilidade. Todos oferecem de série sensor de chuva e luminosidade, controlador/limitador de velocidade etc. As regulagens de bancos são manuais em todas as versões.
Além do câmbio automático CVT, disponível nas versões Dynamique e Privilège, o Fluence também
oferece transmissão manual de seis marchas na versão mais barata (Dynamique). Os preços não foram revelados até o fechamento da edição, mas a Renault sinaliza que o modelo não deve ter alteração significativa em relação à linha 2014. Afinal, as mudanças foram contidas. Atualmente, a versão Dynamique manual custa R$ 66 890, enquanto a Privilège sai por R$ 82 990. Neste primeiro momento, as versões GT Line e Turbo não acompanham as mudanças e ficam com as vendas suspensas.
Direção, Freio e Suspensão
É um carro gostoso de dirigir, mas que privilegia o conforto. A direção elétrica tem respostas suaves. Idem para a suspensão.
Motor e câmbio
O 2.0 tem a potência dos 1.8 de Civic e Corolla, mas se redime no bom torque e faz uma boa dupla com o câmbio CVT.
Carroceria
É imponente, graças a um “truque” visual: as extremidades dos paralamas dianteiros são mais altas que o capô, passando a impressão de porte avantajado.
Vida a bordo
O espaço interno é bom, o acabamento, caprichado e o isolamento acústico, eficiente.
Segurança
Mesmo a versão mais barata já vem com quatro airbags. A mais cara soma os de cortina, além de faróis de xenônio e câmera de ré.
Seu bolso
Estima-se que os preços não devam mudar. Se for assim, o sedã manterá seu tradicional bom custo-benefício.
OS RIVAIS
Chevrolet Cruze 1.8 LT
Ele é espaçoso, mas mesmo básico sai caro: R$ 72.100, sem câmbio automático.
C4 Lounge 2.0
Vende menos, porém é barato: custa R$ 68.500 na versão Tendance automática.
VEREDICTO
A mudança serviu para dar ao Fluence a cara da marca. E pode ajudar a dar um gás nas vendas do sedã que tenta ficar entre os “top five” da categoria.