O Fiat Punto chegou ao Brasil em 2007 alinhado ao modelo vendido na Europa – que mudaria levemente dois anos depois. Por aqui, o hatch permaneceu o mesmo até 2012, ano em que o modelo europeu receberia sua segunda alteração.
Por fim, em 2016, ele teve sua produção brasileira encerrada com a chegada do Argo, tornando-se uma opção no mercado de usados por ocupar uma extensa faixa entre R$ 30.000 e R$ 70.000.
Apesar dos longos 10 anos de mercado, falaremos sobre os últimos quatro anos de vida do Punto no Brasil – ou seja, após a reestilização de 2012, apresentada em agosto daquele ano como linha 2013. As mudanças visuais foram importantes para a sobrevida do modelo, e mantiveram o design (obra de Giugiaro) atraente até hoje .
Na dianteira, os faróis ficaram menos pontiagudos e o para-choque adotou o “bigodinho” cromado herdado do 500, além da grade com a porção central em plástico sem pintura que passou a abrigar as luzes de seta e os faróis de neblina.
Atrás, o para-choque repete as partes plásticas e mantém as luzes de ré e neblina na porção inferior. O destaque fica para as lanternas com leds, de série em todas as versões.
A grande evolução do Punto reestilizado, porém, veio no interior. O painel pouco inspirado, de linhas desatualizadas e acabamento com materiais de baixa qualidade que gerava incômodos ruídos, deu lugar a um conjunto mais sofisticado, com elementos arredondados, apliques cromados e iluminação indireta por leds. A cor da porção central, que pode ser acolchoada, varia de acordo com as versões.
Da linha 2013 até a 2016, o Punto permaneceu com seis configurações diferentes: Attractive 1.4, Essence 1.6, Essence 1.6 Dualogic, Sporting 1.8, Sporting 1.8 Dualogic e T-Jet 1.4 turbo.
Todas elas eram equipadas de série com ajustes de profundidade e altura do volante, direção hidráulica, sinalizador de frenagem de emergência, além de freios ABS e airbags frontais, antes mesmo da obrigatoriedade dos itens.
Dependendo da versão, eram disponíveis como opcionais sensor de estacionamento, ar-condicionado digital, airbags laterais, retrovisores elétricos e diversas opções de cores.
A Attractive era equipada com o motor 1.4 8V de 88/85 cv e 12,5/12/4 mkgf com etanol/gasolina e câmbio manual de cinco marchas, enquanto a Essence tinha o 1.6 16V 117/115 cv e 16,8/16,2 mkgf com câmbio manual ou automatizado Dualogic, ambos de cinco marchas.
As versões Sporting (que deixou de ser oferecida na linha 2017) e Blackmotion usam o mesmo 1.8 16V de 132/130 cv e 18,9/18,4 mkgf com etanol/gasolina, também com as opções de câmbio manual e automatizado.
No conjunto mecânico, o Punto foi o segundo Fiat a trazer a segunda geração do câmbio automatizado Dualogic, que prometia uma redução nos conhecidos trancos durante as trocas de marchas. A transmissão também passou a oferecer o creeping, acoplamento da embreagem ao soltar o liberar o freio com o câmbio engatado em D ou R, que faz o carro se mover lentamente.
Mesmo não tendo foco no espaço, o Punto permite levar uma família de quatro pessoas – cinco, se apertar um pouco – com conforto, inclusive na altura. O problema fica para o porta-malas de 275 litros, menor até do que o do Palio, que tem 280.
O Argo, seu sucessor, oferece 300 litros de capacidade. O conforto a bordo, porém, é uma virtude do modelo, com suspensão de acerto longo e macio.
De 2012 a 2017, o hatch ganhou duas importantes séries especiais. A primeira foi a Blackmotion, que chegou em 2013 (como linha 2014), e veio a tornar-se versão padrão. Com a mesma mecânica da Sporting, ela tem como diferencial o visual ainda mais agressivo, com para-choques esportivos e rodas com desenho exclusivo.
Já a segunda, Itália, chegou em 2014 baseada na Attractive, com uma lista de equipamentos mais recheada (retrovisores elétricos, volante multifunciona, rádio com USB, faróis de neblina e rodas de liga leve aro 15).
No mercado de usados, as séries especiais revelam ser ótimas oportunidades por ofereceram visual diferenciado e mais equipamentos em relação às configurações de base.
No caso da Itália, apenas R$ 165 a separa da versão Attractive, considerando um modelo 2014 na tabela Fipe. No caso do 2015, são R$ 149. As diferenças entre as versões esportivas Sporting e Blackmotion já foram menores, mas suas variantes com câmbio automatizado não são queridas no mercado. Por isso, custam quase o mesmo das versões com câmbio manual.
Depois de aproximadas 285 mil unidades vendidas desde 2007, o Punto se despediu do mercado brasileiro com a chegada do Argo. A configuração turbinada T-Jet deixou o mercado mais cedo, com a chegada da linha 2017 – sobre ela, temos um Guia de Usados específico que você pode ler clicando aqui.
O que os donos dizem?
“Um carro muito gostoso de dirigir, com respostas imediatas do motor. Silencioso e estável, transmite segurança e oferece consumo de combustível compatível com o desempenho. Nunca apresentou nenhum problema em três anos de uso. A única ressalva fica para o espaço do banco traseiro, um pouco limitado.” – Luis Roberto Silva, 52 anos, representante comercial, São Paulo (SP).
“É um carro confortável, tem bom sistema de suspensão e um espaço interno bacana para os passageiros. Gosto também do design interno (painel e bancos) dele; além disso, não é gastão em termos de consumo de combustível. O que não gosto muito é a péssima relação peso, potência e torque (sofro muito em subidas e retomadas) e a rede de assistência da Fiat deixa bastante a desejar – só usei a concessionária durante a garantia, pois achei o serviço bem ruim.” – Tatiana Lopes, 30 anos, engenheira química, Jundiaí (SP)
O que eu adoro: “O que mais me agrada é o acabamento interno (o melhor entre todos os Fiat) e a relação entre conforto e estabilidade: o rodar é suave sem ser molenga, firme nas curvas.” – Felipe de Lima Lara, 32 anos, policial civil, Piracicaba (SP).
O que eu odeio: “O banco e a tampa do porta-luvas fazem barulho em lombadas. E a tampa do bocal do tanque às vezes emperra, defeito que meu Punto anterior também tinha.” – Juliana Sinkiti Gastaldello, 25 anos, analista de sistemas, São Paulo (SP).
Defeitos do Fiat Punto
Lanternas – O principal defeito crônico do Punto reestilizado está nas lanternas, suscetíveis a infiltração e acúmulo de água no interior das peças. Com isso, os leds dedicados à luz de posição ficam mais fracos – ou, em alguns casos, se apagam por completo. Em 2013, o Procon notificou a Fiat a respeito dos inúmeros casos envolvendo o conjunto de iluminação traseiro. No entanto, o esperado recall nunca aconteceu.
Recall de câmbio – Em 2014, os Punto Essence, Essence Dualogic e T-Jet passaram por um recall por um possível desgaste prematuro da transmissão. A solução era a troca do óleo do câmbio. Vale atentar-se para a realização do reparo em unidades fabricadas entre 2012 e 2014 das versões citadas.
Câmbio Dualogic – Mesmo as versões mais atualizadas da transmissão, como é o caso do Punto a partir de 2012, podem sofrer com falhas no engate das marchas. Em alguns casos, proprietários relatam que a transmissão passa para a posição N (Neutro) de forma involuntária. Mais do que isso, o câmbio automatizado demanda prática para ser usado sem trancos – para quem está acostumado com automáticos convencionais, a experiência pode não ser muito agradável.
Quanto vale o Fiat Punto usado (FIPE)
Modelo | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 |
---|---|---|---|---|---|
Attractive 1.4 | R$ 34.990 | R$ 36.371 | R$ 39.864 | R$ 43.133 | R$ 44.757 |
Itália 1.4 | R$ 35.143 | R$ 36.536 | R$ 40.013 | R$ 44.020 | R$ 45.196 |
Essence 1.6 | R$ 35.230 | R$ 37.679 | R$ 40.102 | R$ 44.102 | R$ 49.700 |
Essence 1.6 Dualogic | R$ 35.644 | R$ 38.213 | R$ 40.198 | R$ 44.144 | R$ 50.615 |
Sporting 1.8 | R$ 37.232 | R$ 38.375 | R$ 41.726 | R$ 43.282 | – |
Sporting 1.8 Dualogic | R$ 37.457 | R$ 39.059 | R$ 43.085 | R$ 44.363 | – |
Blackmotion 1.8 | – | R$ 42.553 | R$ 44.514 | R$ 49.252 | R$ 61.586 |
Blackmotion 1.8 Dualogic | – | R$ 43.701 | R$ 45.768 | R$ 49.556 | R$ 62.686 |
T-Jet 1.4 Turbo | R$ 51.985 | R$ 53.285 | R$ 63.574 | R$ 67.642 | – |