Os cinco carros usados com manutenção mais barata do Brasil
Listamos os carros com mais de cinco anos de uso com o custo mais acessível de manutenção na opinião do mecânico que acompanha o Longa Duração
Carros com mais de cinco anos de uso já não têm garantia de fábrica, mas têm preços mais interessantes no mercado de usados. Para essa economia compensar, porém, é preciso estar atento aos custos da manutenção preventiva (peças e mão de obra). Por isso, elencamos aqui os carros usados com manutenção mais barata.
QUATRO RODAS promove anualmente a premiação Menor Custo de Uso, que destaca os modelos zero km mais baratos de manter. Consideramos o montante desembolsado em manutenção, seguro, consumo de combustível e IPVA para eleger as melhores opções. Mas como ficam os carros usados?
Convocamos o mecânico William Artigiani, da Car13, oficina que faz o acompanhamento e desmonta os carros do teste de Longa Duração, para eleger quais usados são mais baratos de manter.
A Car13 fica em Itapira (SP), tem 19 anos de mercado e cerca de 70% dos carros que atende tem mais de três anos de uso. “É um costume do brasileiro só levar seus carros em oficinas independentes após passar o tempo de garantia que, em média, é de três anos”, diz Artigiani. Ele esclarece que não precisou pensar muito para fazer essa seleção: a maioria deles é conhecida no mercado de reparação por apresentarem uma conta acessível quando encostam na oficina.
Chevrolet Onix e Prisma
Artigiani elegeu o compacto da Chevrolet logo de cara e sem nenhuma dúvida. O mecânico esclarece que o Onix com os motores quatro cilindros 1.0 e 1.4 aspirados têm mecânica simplificada, que torna o serviço mais simples e rápido. A troca de uma correia dentada, indicada para substituição entre 40.000 km e 50.000 km, leva cerca de duas horas ao custo médio de R$ 380, enquanto o kit custa a partir de R$ 440.
“Esse custo total de cerca R$ 820 é um dos mais acessíveis para esse tipo de manutenção e vemos no mercado modelos que custam o dobro ou o triplo para o mesmo serviço”, conta.
Lembrando que no caso dos modelos equipados com o novo motor três cilindros 1.0 têm correia dentada banhada a óleo e a indicação da fábrica é que a troca ocorra somente com 240.000 km. William diz que tem feito trocas antes dessa quilometragem, mas que é um serviço que só deverá ser feito pelo menos após aos 100.000 km.
O modelo também foi citado como um dos campeões em manutenção barata pela Luciana Félix, dona da Na Oficina, com 15 anos de mercado em Belo Horizonte (MG). “Atendo cerca de 300 carros por mês e além da manutenção acessível o Onix também não é um carro que frequenta a oficina por manutenção corretiva, ou seja, se as revisões estiverem em dia não é um modelo que costuma dar problema”, conta Luciana.
Consideramos um Chevrolet Onix LTZ 1.0 turbo 2014 para o nosso Raio-X e o preço da cesta de peças considerada tem mesmo valor acessível:
Volkswagen Gol
Carro mais vendido da história no Brasil, o Volkswagen Gol não é fabricado desde 23 de dezembro de 2022, porém continua presente entre nós e faz a alegria do time de mecânicos quando chega na oficina, segundo Artigiani.
A comoção é que por permanecer 43 anos a venda no Brasil, mesmo com cinco gerações, há um estoque de peças considerável e, portanto, muita facilidade de encontrar peças, que não custam caro. O tempo de serviço também é reduzido por ser uma mecânica simples, em especial os equipados com motor quatro cilindros 1.0 aspirado de 76 cv e 10,6 kgfm.
O motor 1.6 8V de até 104 cv também não é um problema na revisão periódica, mas nós já alertamos que ele requer atenção em dois pontos: um é que seu cabeçote costuma acumular borra do óleo do motor, outro é que o sistema de ignição, pois velas, bobina e cabos de vela precisam ser trocados com alguma constância e problema neles pode fazer a luz “EPC” acender no quadro de instrumentos do Gol.
Quando equipado com o câmbio I-Motion o cuidado deve ser redobrado, pois, caso a manutenção não esteja em dia, o reparo pode ter um custo elevado.
Fiat Argo
O compacto da Fiat entrou como um dos hatches mais baratos de manter no Prêmio Menor Custo de Uso 2024, conquistando o quarto lugar. Porém, mesmo com custo acessível de manutenção, William pontua peças da Fiat são mais caras quando comparadas com Chevrolet e Volkswagen. “Não há explicação para uma diferença de preço de cerca de 15%, afinal, há muita demanda de peças de outras marcas de volume também”, afirma.
O tempo de serviço também é maior segundo Artigiani, pois a mecânica é ligeiramente mais complexa no momento da manutenção. “Há mais etapas a serem cumpridas. Para a troca da correia dentada, por exemplo, é necessário cerca de quatro horas, o dobro de tempo que eu levaria em um Onix”, conta Artigiani.
Lançado em maio de 2017, o Fiat Argo está disponível com motores 1.0 (77 cv), 1.3 (109 cv) e 1.8 (139 cv), partindo da versão de entrada Drive (1.0 e 1.3), passando pela Precision (1.8 com câmbio manual ou automático de seis velocidades) para chegar à HGT (1.8 manual ou automático também de seis velocidades).
Hyundai HB20
O modelo é único dessa lista a contar com cinco anos de garantia e, portanto, há a possibilidade de encontrar modelos anteriores a 2019 em bom estado de conservação. A questão é que o design dessa geração não agradou a todos e o modelo ficou conhecido como “boca de bagre” fazendo menção ao peixe de água doce, graças a sua grade dianteira bem destacada.
A boa notícia é que os Hyundai HB20 nunca tiveram grandes mudanças nos seus motores aspirados desde que foi lançado no Brasil, em 2012.
Porém o nosso especialista em reparação destaca que o custo com manutenção após cinco anos de uso pode ficar elevado. “O HB20 usa corrente metálica ao invés de correia dentada e essa peça normalmente só é substituída após o período de garantia e tem um valor bem mais salgado”, diz William.
Um kit corrente para o HB20 custa cerca de R$ 1.300 e a mão de obra sai por R$ 840. Afinal, também é um sistema mais complexo que vai levar mais tempo de serviço.
Não dá pra dizer que o modelo não é amado pelos seus donos. O compacto ficou em segundo lugar na nossa pesquisa Os Eleitos 2023. Ele saiu terceiro lugar em 2022 para o segundo em 2023. Sua média geral, que era de 93,5, chegou a 97,7. As menores notas foram em preço de compra e preço de peças – corroborando com a indicação do especialista. As maiores notas foram em espaço interno e rapidez de arranque.
Citroën C3
Aqui a indicação é do compacto ano/modelo 2019 ou anteriores. Portanto, antes da Citroën ser adquirida pela Stellantis e ainda com a proposta de ser um hatch premium e não um compacto mais simplificado com foco no volume de vendas.
Segundo Artigiani, o C3 com motor 1.6 aspirado combinado com o câmbio automático de seis marchas da Aisin é um modelo que requer cuidados na manutenção, mas se bem feita é possível mantê-lo sem grandes sustos na hora de pagar a conta da oficina.
“Por ser um modelo que na época tinha mais tecnologia embarcada, exigiu que os profissionais das oficinas se atualizassem e até hoje são poucos os que realmente entendem”, conta.
William também alerta que a incidência de defeitos na caixa automática de quatro marchas (AL4) é grande – e ele era utilizado combinado com motor 1.6 em modelos anteriores a 2017. “Uma manutenção corretiva de um AL4 pode custar até R$ 20.000, valor que pode representar metade do valor total do carro”, afirma.
Ele também orienta que o modelo apresenta algumas falhas no módulo de conforto e já tomou alguns sustos ao entrar na oficina á noite e se deparar com C3 com farol ligado e luz de freio acionado, como se estivesse alguém na direção.
O preço das peças também merece atenção e dentro da cesta de peças QUATRO RODAS, para-choque dianteiro e amortecedores têm valores elevados, R$ 2.770 e R$ 3.969, porém o restante das peças estão dentro da média. As pastilhas de freios por exemplo, saem mais baratas do que no Onix.